Eletrofisiologia cardíaca: O que é, indicações, estudo eletrofisiológico e ablação por cateter
Atualizado em 10 de setembro de 2025 por Redação
A eletrofisiologia cardíaca é uma subespecialidade da cardiologia que se dedica ao diagnóstico e tratamento das arritmias cardíacas. Por meio de avaliação clínica detalhada, exames como eletrocardiograma (ECG), Holter e procedimentos minimamente invasivos – como o estudo eletrofisiológico (EEF) e a ablação por cateter – é possível identificar e tratar alterações elétricas que afetam o ritmo do coração.
Este artigo apresenta conceitos essenciais, causas, sintomas de alerta, exames iniciais, tratamentos disponíveis e o papel da telemedicina em cada etapa do cuidado.
O que é eletrofisiologia cardíaca
A eletrofisiologia estuda como os impulsos elétricos se formam e se propagam pelo coração. Quando há falhas nesse processo, surgem circuitos anormais que podem causar:
- Palpitações frequentes ou rápidas
- Taquicardias supraventriculares (TRN/AVNRT, vias acessórias/WPW)
- Flutter e fibrilação atrial
- Extrassístoles ventriculares
- Taquicardias ventriculares
Conceitos-chave: arritmia, nodo sinusal, nodo AV, reentrada, automatismo e substrato eletrofisiológico.
O que é o estudo eletrofisiológico (EEF) e para que serve?
O estudo eletrofisiológico é um exame invasivo realizado por um eletrofisiologista (cardiologista com especialização). Ele serve para:
- Diagnosticar arritmias cardíacas como fibrilação atrial, taquicardia ventricular e extrassístoles;
- Avaliar o risco de desmaios (síncopes) sem causa aparente;
- Definir a necessidade de procedimentos como ablação por radiofrequência, implante de marcapasso ou CDI (desfibrilador implantável);
- Confirmar diagnósticos quando exames não invasivos (como ECG ou Holter) não são conclusivos.
Leia também: Tudo sobre a palpitação cardíaca
Como é feito o estudo eletrofisiológico?
O EEF é realizado em ambiente hospitalar e segue as etapas:
- Aplicação de anestesia local com sedação leve.
- Inserção de cateteres finos por uma veia na virilha (femoral) ou no pescoço (jugular).
- Os cateteres são guiados até o coração com auxílio de raio-X (fluoroscopia).
- Os eletrodos registram e estimulam o sistema elétrico cardíaco.
- Em alguns casos, realiza-se ablação, que destrói o tecido responsável pela arritmia.
🕒 Duração média do procedimento: de 1 a 3 horas, com rápida recuperação.
Indicações frequentes para realizar o estudo eletrofisiológico
- Taquicardias supraventriculares recorrentes (TRN, AVNRT, WPW)
- Flutter atrial típico
- Casos de síncope de provável origem arrítmica
- Taquicardias ventriculares em pacientes sem diagnóstico claro
- Falha de medicamentos ou preferência por tratamento curativo
Riscos e benefícios
Complicações maiores são raras em centros especializados, mas incluem: sangramento, trombose, perfuração cardíaca, eventos tromboembólicos e, raramente, bloqueio AV.
Benefícios: alívio dos sintomas, menor risco de internação e, em muitos casos, tratamento definitivo.
Indicações comuns da eletrofisiologia
- Arritmias complexas (diagnóstico e tratamento);
- Síncope de origem desconhecida;
- Avaliação antes de implantar marcapasso ou CDI;
- Pacientes com falha em tratamentos convencionais.
Tratamento |
Indicação | Benefícios |
Limitações/Riscos |
Antiarrítmicos |
Arritmias recorrentes leves | Controle dos sintomas |
Eficácia limitada, efeitos colaterais |
Ablação por cateter |
TSv, WPW, flutter, FA selecionada | Potencial curativo, melhora da qualidade de vida |
Riscos do procedimento, necessidade de reablação em FA |
Dispositivos (CDI, MP) |
Alto risco de morte súbita, bloqueio AV | Prevenção de morte súbita |
Procedimento invasivo, revisões periódicas |
Causas mais comuns de arritmias
As arritmias podem estar relacionadas a:
- Alterações estruturais do coração (cardiomiopatias, cicatrizes após infarto)
- Doenças cardíacas congênitas (vias acessórias, como no WPW)
- Hipertensão arterial
- Apneia do sono
- Obesidade e sedentarismo
- Uso de álcool, cafeína ou drogas estimulantes
- Distúrbios da tireoide
- Histórico familiar de arritmia ou morte súbita
Quando suspeitar de arritmia e procurar avaliação
Sinais e sintomas de alerta
- Palpitações rápidas, irregulares ou prolongadas
- Tontura, desmaios (síncope) ou pré-síncope
- Dor no peito durante crises de taquicardia
- Queda no desempenho físico ou cansaço excessivo
- Histórico familiar de morte súbita ou arritmias graves
Primeiros exames recomendados
- Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações
- Holter 24–48h ou monitores de longo prazo
- Ecocardiograma para avaliar a estrutura e função cardíaca
- Testes funcionais em casos selecionados
Inovações em eletrofisiologia cardíaca
A eletrofisiologia é uma das áreas que mais evoluiu na medicina cardiovascular. Entre os avanços recentes, destacam-se:
- Ablação de alta potência e crioablação: técnicas mais eficazes e menos invasivas;
- Marcapassos sem fio com tecnologia Bluetooth e maior autonomia;
- Mapeamento 3D com inteligência artificial: maior precisão no diagnóstico;
- Telemedicina e monitoramento remoto de dispositivos: acompanhamento em tempo real e redução de complicações.
Telemedicina e eletrofisiologia: Um aliado estratégico
A telemedicina amplia o acesso e agiliza o diagnóstico em eletrofisiologia:
- Laudos remotos de exames como ECG, Holter e espirometria;
- Monitoramento contínuo de marcapassos e CDIs via internet;
- Alertas automáticos para equipes médicas em caso de risco iminente;
- Consultas de acompanhamento online, com foco em pacientes de alto risco.
Equipe médica especializada
Para garantir segurança e precisão, o procedimento exige uma equipe composta por:
- Eletrofisiologista (cardiologista com formação específica)
- Anestesiologista
- Enfermeiros e técnicos em hemodinâmica
- Profissionais de apoio para telemonitoramento
Segurança e cuidados com o procedimento
A eletrofisiologia é considerada segura, com taxa de complicações inferior a 2% quando realizada por equipes especializadas. Cuidados como jejum, controle da medicação e repouso pós-procedimento fazem parte do protocolo.
Eletrofisiologia e o cenário no Brasil
Com o apoio da telemedicina, clínicas e hospitais de todo o Brasil — inclusive em regiões remotas — têm acesso a:
- Diagnóstico rápido por eletrofisiologistas remotos;
- Laudos digitais entregues em minutos;
- Redução da fila para procedimentos de alta complexidade
Conclusão
A eletrofisiologia cardíaca é uma das maiores aliadas no combate às arritmias e na prevenção de complicações cardíacas graves. Com a união entre tecnologia, conhecimento médico e telemedicina, é possível oferecer diagnóstico preciso e tratamento eficaz, com maior segurança e qualidade de vida para o paciente.
Se você suspeita de arritmia ou busca um diagnóstico mais aprofundado, converse com seu cardiologista sobre a possibilidade de realizar um estudo eletrofisiológico.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é eletrofisiologia?
Eletrofisiologia é o ramo da ciência que estuda as propriedades elétricas das células e tecidos do corpo, com destaque para o sistema nervoso e o coração. Na medicina, refere-se principalmente à análise dos impulsos elétricos que regulam o funcionamento do coração, sendo fundamental para o diagnóstico e tratamento de arritmias cardíacas.
O que é estudo eletrofisiológico?
O estudo eletrofisiológico (EEF) é um procedimento médico minimamente invasivo realizado por um cardiologista especializado, chamado eletrofisiologista. Ele utiliza cateteres inseridos no coração para registrar e mapear a atividade elétrica cardíaca, permitindo identificar a origem e o tipo de arritmia, além de orientar o melhor tratamento para cada caso.
O que é estudo eletrofisiológico com ablação?
O estudo eletrofisiológico com ablação é uma etapa avançada do EEF em que, após identificar o foco da arritmia, o médico utiliza energia (geralmente radiofrequência ou crioablação) para eliminar o tecido cardíaco responsável pela alteração elétrica. Esse procedimento pode curar ou controlar de forma eficaz diversas arritmias, reduzindo a necessidade de medicações e melhorando a qualidade de vida do paciente.
Quais as principais inovações em eletrofisiologia?
Ablação por radiofrequência de alta potência, marcapassos sem fio, mapeamento 3D, inteligência artificial e telemonitoramento de dispositivos cardíacos.