CID F20 – Esquizofrenia: Tudo para pacientes e profissionais da saúde
Atualizado em 3 de setembro de 2025 por Redação
O CID F20 é o código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) que corresponde à esquizofrenia, um transtorno mental grave e crônico que afeta pensamento, emoções, percepção e comportamento. Reconhecer os sintomas e compreender os tratamentos é essencial para médicos, familiares e pacientes, garantindo diagnóstico precoce e melhor qualidade de vida.
Neste artigo, exploramos sintomas, subtipos, diagnóstico, tratamento, diferenças entre CID-10 e CID-11, protocolos clínicos e a importância do apoio familiar e da telemedicina.
O que é CID F20?
O CID F20 designa a esquizofrenia, um transtorno psicótico caracterizado por alterações profundas na forma como a pessoa interpreta a realidade. Os sintomas mais comuns incluem:
- Delírios (crenças falsas fixas, como perseguição ou controle externo).
- Alucinações (ouvir vozes, ver ou sentir coisas sem estímulo real).
- Pensamento desorganizado, resultando em discurso incoerente.
- Sintomas negativos, como isolamento, falta de motivação e apatia.
A esquizofrenia compromete a autonomia, o convívio social e a capacidade funcional, sendo considerada uma doença psiquiátrica grave que exige acompanhamento contínuo.
Subtipos da Esquizofrenia no CID F20 (CID-10)
O CID-10 classifica a esquizofrenia em diferentes subtipos. Veja o resumo abaixo:
Código CID |
Subtipo |
Características Principais |
F20.0 |
Esquizofrenia Paranoide |
Delírios de perseguição, alucinações auditivas. |
F20.1 |
Esquizofrenia Hebefrênica |
Comportamento infantilizado, fala incoerente, emoções inadequadas. |
F20.2 |
Esquizofrenia Catatônica |
Alterações motoras: imobilidade, rigidez ou agitação intensa. |
F20.3 |
Esquizofrenia Indiferenciada |
Sintomas que não se encaixam em outros subtipos. |
F20.4 |
Depressão Pós-Esquizofrênica |
Sintomas depressivos após episódio esquizofrênico. |
F20.5 |
Esquizofrenia Residual |
Sintomas negativos predominantes após crises agudas. |
F20.6 |
Esquizofrenia Simples |
Progressão lenta de sintomas negativos, sem surtos psicóticos claros. |
F20.8 |
Outras Esquizofrenias |
Formas atípicas ou raras. |
F20.9 |
Esquizofrenia Não Especificada |
Quando não é possível definir o subtipo. |
CID-10 x CID-11: Quais as diferenças?
O CID-11, em vigor desde 2022, atualizou a classificação da esquizofrenia. Agora, em vez de múltiplos subtipos, ela é descrita como um espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.
Essa mudança reflete o entendimento atual da psiquiatria: os sintomas variam em intensidade e evolução, não sendo estáticos em um único subtipo.
Para médicos, isso reforça a importância de avaliar dimensões de sintomas (positivos, negativos, cognitivos e motores) em vez de apenas classificar em categorias rígidas.
Leia também: CID F40
Sintomas característicos do CID F20
A esquizofrenia apresenta sintomas divididos em dois grandes grupos:
Sintomas Positivos (excesso de funções psíquicas)
- Delírios de perseguição, grandeza ou controle.
- Alucinações auditivas (vozes comentando ou dando ordens).
- Pensamento desorganizado e discurso incoerente.
- Agitação ou comportamento catatônico.
Sintomas Negativos (perda ou redução de funções psíquicas)
- Embotamento afetivo (falta de expressão emocional).
- Isolamento social e retraimento.
- Redução da fala (alogia).
- Falta de motivação (avolição).
Diagnóstico do CID F20
O diagnóstico deve ser realizado por médicos psiquiatras, com base em protocolos clínicos:
- Anamnese detalhada, com histórico do paciente e familiares.
- Observação direta de comportamento e discurso.
- Exclusão de outras condições (depressão, bipolaridade, intoxicações).
- Exames complementares: ressonância magnética, tomografia e EEG para descartar causas orgânicas.
Critérios diagnósticos são definidos pela CID-10 e pelo DSM-5, com duração mínima de 6 meses de sintomas característicos.
Tratamento do CID F20
O tratamento da esquizofrenia é multidisciplinar, envolvendo:
- Medicamentos Antipsicóticos
- Típicos: haloperidol, clorpromazina.
- Atípicos: risperidona, olanzapina, quetiapina, clozapina (casos resistentes).
- Psicoterapia e Apoio Psicossocial
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC).
- Terapia ocupacional.
- Grupos de apoio para pacientes e familiares.
- Reabilitação e Telemedicina
- Consultas online para monitoramento.
- Adesão facilitada ao tratamento.
- Redução de deslocamentos e maior acesso a especialistas.
- Hospitalização
- Indicada em crises agudas, risco suicida ou agressividade.
Acompanhamento e monitoramento
O acompanhamento médico contínuo é essencial para ajuste dos medicamentos, monitoramento dos efeitos colaterais e suporte integral. A adesão ao tratamento diminui o risco de recaídas e hospitalizações.
Direitos e benefícios dos pacientes com CID F20
No Brasil, pacientes diagnosticados com esquizofrenia têm direito a:
- Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), em casos graves.
- Aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença.
- Acesso a medicamentos gratuitos via SUS.
- Inclusão em programas de reabilitação psicossocial.
A importância do apoio familiar
O apoio da família é um dos pilares do tratamento. Estudos mostram que pacientes com esquizofrenia que têm acompanhamento familiar apresentam:
- Maior adesão ao tratamento medicamentoso.
- Redução de recaídas e hospitalizações.
- Melhor integração social.
- Redução do estigma e isolamento.
Famílias devem ser orientadas a acolher sem julgamento, incentivar consultas médicas e participar de grupos de apoio.
A telemedicina e o CID F20
A telemedicina tem revolucionado o cuidado dos transtornos psiquiátricos, incluindo o CID F20, oferecendo:
- Acesso rápido a especialistas, especialmente para pacientes em regiões remotas.
- Consultas online para avaliação, orientação e monitoramento dos sintomas.
- Facilidade na emissão de laudos, ajustes de medicação e encaminhamentos.
- Apoio psicológico e terapias à distância, possibilitando continuidade do tratamento com menor deslocamento.
- Integração multidisciplinar entre psiquiatras, psicólogos e equipes de apoio, promovendo cuidado integral.
Aspectos relevantes para médicos e profissionais de saúde
Indicadores clínicos para encaminhamento
- Persistência de sintomas psicóticos por mais de 1 mês.
- Déficits funcionais (trabalho, estudo, autocuidado).
- Alterações graves de comportamento ou linguagem.
Escalas de avaliação da gravidade
Ferramentas padronizadas auxiliam no diagnóstico e acompanhamento:
Escala |
Finalidade |
Pontos avaliados |
PANSS |
Positive and Negative Syndrome Scale |
Sintomas positivos, negativos e gerais |
BPRS |
Brief Psychiatric Rating Scale |
Sintomas psiquiátricos gerais |
SANS |
Scale for the Assessment of Negative Symptoms |
Avaliação dos sintomas negativos |
SAPS |
Scale for the Assessment of Positive Symptoms |
Avaliação dos sintomas positivos |
Relação com distúrbios auditivos e neurológicos
Alterações auditivas ou neurológicas podem confundir o diagnóstico e devem ser investigadas.
Avanços tecnológicos
- Softwares de treinamento cognitivo.
- Jogos digitais para estimulação da memória e atenção.
- Plataformas de telemedicina para monitoramento contínuo.
Condutas em casos de comorbidades
- Síndromes genéticas: individualizar medicação e acompanhamento.
- Comorbidades neurológicas: integração entre psiquiatria e neurologia.
- Dependência química: abordagem conjunta com especialistas em adições.
Conclusão
O CID F20 representa um diagnóstico complexo e desafiador, mas com avanços terapêuticos e acompanhamento adequado, pessoas com esquizofrenia têm condições de viver com qualidade. Conhecer os subtipos, sintomas e condutas médicas, além de contar com o suporte da telemedicina, é essencial para melhorar o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz.