Índice Tornozelo-Braquial (ITB): O que é, como medir, valores normais e como interpretar o resultado
Atualizado em 12 de dezembro de 2025 por Redação

O índice tornozelo-braquial (ITB) é um dos exames mais simples, rápidos e eficazes para avaliar a circulação arterial nas pernas e identificar precocemente a doença arterial periférica (DAP). Mesmo com sua simplicidade, o ITB é altamente recomendado por diretrizes nacionais e internacionais como ferramenta de triagem, diagnóstico e estratificação de risco cardiovascular, sendo especialmente útil em pacientes com diabetes, tabagismo e outros fatores de risco.
O exame compara a pressão arterial sistólica medida no tornozelo com a pressão medida no braço. A relação entre esses valores revela se o sangue está chegando adequadamente aos membros inferiores e pequenas variações podem indicar alterações vasculares importantes, muitas vezes antes do aparecimento dos sintomas.
O ITB é valorizado também por cardiologistas, angiologistas e médicos de família porque, além de diagnosticar DAP, funciona como um marcador poderoso de risco cardiovascular global, ajudando a prever desfechos como infarto e AVC.
O que é o índice tornozelo-braquial (ITB)?
O índice tornozelo-braquial é uma razão matemática entre:
Pressão arterial sistólica no tornozelo ÷ pressão arterial sistólica no braço
O resultado indica:
- ITB normal: circulação adequada nas pernas
- ITB baixo: suspeita de obstrução arterial (DAP)
- ITB alto: presença de artérias rígidas/calcificadas, comum em diabéticos e renais
Em outras palavras: o ITB mostra a saúde das artérias das pernas e ajuda a entender o risco cardiovascular total do paciente.
Para que serve o índice tornozelo-braquial?
O ITB auxilia na:
- Identificação de doença arterial periférica (DAP) mesmo quando o paciente não apresenta sintomas.
- Avaliação de risco cardiovascular, complementando outros marcadores clínicos.
- Estratificação e acompanhamento de pacientes com fatores de risco elevados.
- Decisão clínica sobre necessidade de exames complementares ou encaminhamento ao cirurgião vascular.
- Avaliação da gravidade da obstrução arterial em pacientes já diagnosticados com DAP.
Estudos mostram que um ITB reduzido está associado ao aumento do risco de infarto, AVC e mortalidade cardiovascular, mesmo em pessoas assintomáticas.
Como é feito o exame de índice tornozelo-braquial?
O exame é simples, indolor e rápido.
Equipamentos utilizados
- Esfigmomanômetro (automático ou aneroide calibrado)
- Doppler portátil de onda contínua
- Macas e manguitos adequados
Passo a passo resumido
- O paciente permanece deitado por cerca de 5 minutos.
- Mede-se a pressão sistólica em ambos os braços.
- Mede-se a pressão sistólica no tornozelo direito e esquerdo (tibial posterior e/ou dorsal do pé).
- Calcula-se:
ITB = maior pressão do tornozelo ÷ maior pressão dos braços
Exemplo numérico
- Maior pressão sistólica no braço: 140 mmHg
- Tornozelo direito: 120 mmHg → ITB = 0,86
- Tornozelo esquerdo: 100 mmHg → ITB = 0,71
Nesse caso, a perna esquerda mostra maior probabilidade de DAP.
Valores do índice tornozelo-braquial e interpretação
|
Faixa do ITB |
Interpretação mais provável |
|
1,0 – 1,3 |
Normal |
| 0,9 – 0,99 |
Limítrofe |
|
0,7 – 0,89 |
DAP leve |
| 0,4 – 0,69 |
DAP moderada |
|
< 0,4 |
DAP grave / isquemia crítica |
| > 1,3–1,4 |
Artérias calcificadas (falso negativo possível) |
Interpretação e conduta clínica recomendada
|
Resultado do ITB |
Significado clínico |
Conduta mais comum |
|
1,0 – 1,3 |
Circulação adequada |
Seguimento habitual e controle de fatores de risco. |
|
0,9 – 0,99 |
Limítrofe | Repetir exame e reforçar prevenção cardiovascular. |
| 0,7 – 0,89 | DAP leve |
Avaliar sintomas, iniciar medidas de prevenção e considerar Doppler. |
|
0,4 – 0,69 |
DAP moderada | Avaliação vascular, controle rigoroso de fatores de risco e exame complementar. |
| < 0,4 | Isquemia crítica |
Encaminhamento urgente ao cirurgião vascular. |
|
> 1,3–1,4 |
Artérias rígidas/calcificadas |
Considerar índice dedo-braquial (IDB) + Doppler detalhado. |
Quem deve fazer o índice tornozelo-braquial?
O ITB é indicado especialmente para:
- Pessoas com dor nas pernas ao caminhar (claudicação).
- Pacientes com feridas de difícil cicatrização nos pés e pernas.
- Diabéticos, fumantes, hipertensos e pessoas com colesterol elevado.
- Pacientes com doença renal crônica.
- Quem já teve infarto, AVC ou doença arterial em outras regiões.
- Idosos, mesmo sem sintomas.
Em diabéticos, renais e idosos, o exame é fundamental mas precisa ser interpretado com cautela devido à maior frequência de calcificação arterial.
Limitações e situações que podem afetar o resultado
- Artérias calcificadas, comuns em diabéticos e renais, podem gerar ITB falsamente alto (>1,3).
- Manguito inadequado ou técnica incorreta distorcem os valores.
- Ausência de repouso pode aumentar a pressão artificialmente.
- Em casos duvidosos, exames como Doppler arterial, angiotomografia ou IDB podem ser necessários.
Índice tornozelo-braquial e risco cardiovascular
Um ITB baixo indica muito mais que apenas DAP: ele sinaliza alto risco cardiovascular global.
Isso significa que:
- pressão, colesterol e glicemia precisam ser ainda mais controlados;
- o médico pode ajustar condutas ou medicações;
- o paciente deve ser acompanhado de forma mais próxima;
- a prevenção secundária pode ser intensificada.
Integração do ITB com telemedicina e cuidado digital
Apesar de o ITB requerer medição presencial, sua interpretação pode ser integrada aos fluxos digitais:
Onde a telemedicina agrega valor
- Telediagnóstico vascular: unidades básicas ou clínicas realizam o exame e enviam dados para especialistas emitirem laudo à distância.
- Prontuário eletrônico: resultados ficam disponíveis para toda a rede assistencial.
- Integração com IA: algoritmos podem incluir o ITB como variável para estratificação de risco.
- Suporte em redes remotas: regiões com pouco acesso a angiologistas recebem laudos mais rápidos.
Plataformas como a Portal Telemedicina permitem que o ITB seja integrado a linhas de cuidado cardiovascular, aumentando segurança e velocidade de decisão clínica.
Checklist rápido: interpretação segura do ITB
- O exame foi feito com o paciente em repouso?
- A maior pressão de cada membro foi usada no cálculo?
- Há sinais de calcificação (ITB >1,3)?
- O resultado é coerente com os sintomas do paciente?
- Há necessidade de exames complementares?
Conclusão
O índice tornozelo-braquial é um exame simples, mas extremamente poderoso para avaliar a circulação nas pernas e identificar pacientes com risco elevado de doença arterial periférica e de eventos cardiovasculares. Quando realizado corretamente e interpretado de forma contextualizada, o ITB pode antecipar diagnósticos, orientar condutas, apoiar decisões terapêuticas e até salvar vidas.
Integrado a plataformas digitais e fluxos de telemedicina, o exame se torna ainda mais eficiente, permitindo que equipes multiprofissionais tomem decisões rápidas e baseadas em dados, especialmente em redes com alta demanda e regiões remotas.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Como fazer prescrição de enfermagem?
Para medir o índice tornozelo-braquial, é necessário utilizar manguitos de pressão adequados e um Doppler portátil. O paciente deve permanecer em repouso e deitado por alguns minutos antes das medições. A pressão sistólica é medida em ambos os braços e nos tornozelos, e o cálculo é feito dividindo a maior pressão do tornozelo pela maior pressão dos braços. A técnica deve ser feita por profissional treinado para evitar erros e garantir um resultado confiável.
O que é prescrição de enfermagem?
O índice tornozelo-braquial é a razão entre a pressão arterial sistólica do tornozelo e a do braço. Ele é usado para avaliar a circulação arterial nas pernas e identificar doença arterial periférica, além de servir como marcador de risco cardiovascular. Um ITB baixo sugere obstrução arterial; um ITB acima de 1,3 indica rigidez ou calcificação das artérias.
O que deve constar na prescrição de enfermagem?
Uma avaliação completa do índice tornozelo-braquial deve registrar as pressões sistólicas medidas nos braços e tornozelos, a técnica utilizada, o valor final calculado e a interpretação clínica correspondente. Também é importante anotar sintomas, fatores de risco e recomendações de conduta, pois esses elementos ajudam a orientar o diagnóstico e o tratamento adequados.




