CID J44: Classificação, diagnóstico e tratamento das doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC)
Atualizado em 24 de outubro de 2025 por Jhonatan Gonçalves

O CID J44 é o código definido pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10) para representar as outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas, grupo que abrange a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), a bronquite crônica enfisematosa, o enfisema pulmonar e suas variações mistas.
Essas condições têm em comum a obstrução crônica e progressiva do fluxo aéreo pulmonar, geralmente associada a uma resposta inflamatória anormal a partículas ou gases nocivos, principalmente o tabaco. O CID J44 é, portanto, o principal código relacionado à DPOC — uma das doenças respiratórias mais prevalentes e incapacitantes em todo o mundo.
Com base nas Diretrizes GOLD 2025 e no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, este artigo técnico revisa em profundidade a classificação, diagnóstico, tratamento e manejo da DPOC, além de destacar o papel da telemedicina no suporte à pneumologia moderna.
O que é o CID J44?
O CID J44 pertence ao Capítulo X da CID-10, que abrange as doenças do aparelho respiratório (J00–J99). Dentro do grupo J40–J47, ele representa as doenças pulmonares obstrutivas crônicas não classificadas em outro local, ou seja, quadros clínicos de obstrução do fluxo aéreo que combinam características de bronquite crônica e enfisema.
As principais subcategorias incluem:
- J44.0: Doença pulmonar obstrutiva crônica com infecção aguda associada;
- J44.1: DPOC com exacerbação aguda;
- J44.8: Outras formas especificadas de DPOC;
- J44.9: DPOC não especificada.
Essas subdivisões permitem uma codificação mais precisa dos episódios agudos, infecções associadas e variações clínicas da DPOC, facilitando o monitoramento epidemiológico e o controle de políticas públicas de saúde.
Fisiopatologia e mecanismos de obstrução pulmonar
A DPOC resulta de uma resposta inflamatória crônica das vias aéreas e do parênquima pulmonar a agentes inalatórios nocivos. O dano tecidual progressivo leva a:
- Espessamento das paredes brônquicas e aumento da secreção mucosa (bronquite crônica);
- Destruição dos alvéolos e redução da elasticidade pulmonar (enfisema);
- Colapso das vias aéreas durante a expiração forçada, comprometendo a ventilação alveolar.
Com o tempo, o paciente desenvolve hiperinsuflação pulmonar, retenção de CO₂ e hipoxemia crônica, podendo evoluir para hipertensão pulmonar e cor pulmonale.
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Causas e fatores de risco associados ao CID J44
O principal fator etiológico da DPOC é o tabagismo ativo ou passivo, responsável por até 85% dos casos. Entretanto, outros elementos contribuem para o desenvolvimento da doença:
- Exposição ocupacional a poeiras e gases tóxicos (sílica, amianto, fumaça industrial);
- Poluição atmosférica e inalação de fumaça de biomassa (lenha, carvão vegetal);
- Predisposição genética, como deficiência de alfa-1 antitripsina;
- Infecções respiratórias recorrentes na infância, que reduzem a reserva pulmonar;
- Envelhecimento e comorbidades metabólicas, como síndrome metabólica e obesidade.
No ambiente ocupacional, empresas com grau de risco elevado devem adotar medidas preventivas de saúde respiratória e realizar exames ocupacionais periódicos, como o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), que ajuda a detectar precocemente alterações pulmonares.
Sintomas e manifestações clínicas
A DPOC (CID J44) caracteriza-se por sintomas respiratórios persistentes e progressivos, entre os quais:
- Dispneia inicialmente aos esforços, evoluindo para o repouso em casos graves;
- Tosse crônica, produtiva ou seca;
- Expectoração mucoide ou purulenta;
- Chiado no peito e sensação de aperto torácico;
- Fadiga e perda ponderal;
- Cianose e dedos hipocráticos em fases avançadas.
Durante as exacerbações agudas (CID J44.1), há piora abrupta da dispneia, aumento da secreção e necessidade de tratamento emergencial.
Diagnóstico do CID J44 / DPOC
O diagnóstico da DPOC é clínico e funcional, sendo a espirometria o exame padrão-ouro.
Critérios diagnósticos principais:
- VEF₁/CVF < 0,70 após broncodilatador confirma obstrução crônica do fluxo aéreo;
- VEF₁ (% do previsto) define o grau de limitação.
Exames complementares:
- Gasometria arterial: avalia trocas gasosas e gravidade da hipoxemia;
- Radiografia e tomografia de tórax: identificam hiperinsuflação e enfisema;
- Oximetria e teste de caminhada de 6 minutos: determinam capacidade funcional e necessidade de oxigenoterapia.
A telemedicina tem ampliado o acesso ao diagnóstico rápido. Hoje é possível realizar e receber laudos de espirometria e radiologia torácica de forma digital, com interpretação feita por especialistas disponíveis 24h.
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Classificação da gravidade segundo a GOLD 2025
A GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease) define a gravidade da DPOC com base em critérios espirométricos e clínicos:
A classificação é complementada pela frequência de exacerbações anuais e pelo escore mMRC (Modified Medical Research Council) de dispneia.
Tratamento do CID J44 / DPOC
O tratamento da DPOC tem como objetivos controlar os sintomas, prevenir exacerbações, preservar a função pulmonar e melhorar a qualidade de vida.
As medidas terapêuticas incluem:
1. Controle dos fatores de risco
A cessação do tabagismo é a principal intervenção modificadora da história natural da doença. Programas de reabilitação e suporte comportamental aumentam a taxa de sucesso.
Evitar ambientes poluídos e garantir vacinação contra influenza, pneumococo e COVID-19 também são fundamentais.
2. Tratamento farmacológico
O manejo medicamentoso segue protocolos baseados em broncodilatadores de ação curta e longa:
- Broncodilatadores inalados (LAMA, LABA): tiotrópio, formoterol, salmeterol;
- Corticosteroides inalados (ICS): budesonida, fluticasona — indicados em pacientes com exacerbações frequentes;
- Associações fixas LABA/LAMA/ICS: melhoram a adesão e o controle dos sintomas.
Em casos de exacerbação aguda (CID J44.1), podem ser prescritos corticosteroides sistêmicos, antibióticos e oxigenoterapia de curta duração.
3. Intervenções não farmacológicas
A reabilitação pulmonar é parte essencial do tratamento, envolvendo fisioterapia respiratória, exercícios supervisionados e educação do paciente.
Outras medidas incluem:
- Nutrição balanceada e suporte calórico adequado;
- Controle de comorbidades como insuficiência cardíaca e osteoporose;
- Terapias domiciliares, como oxigenoterapia e ventilação não invasiva.
4. Tratamentos cirúrgicos
Em casos selecionados de enfisema avançado, podem ser considerados:
- Cirurgia de redução de volume pulmonar;
- Transplante pulmonar.
Essas abordagens são indicadas conforme protocolos internacionais e avaliação multidisciplinar.
Telemedicina e acompanhamento da DPOC (CID J44)
A telemedicina em pneumologia tem revolucionado o acompanhamento de pacientes com DPOC. Plataformas integradas, como a da Portal Telemedicina, permitem:
- Teleconsultas com pneumologistas e clínicos especializados;
- Monitoramento remoto da saturação de oxigênio e frequência respiratória;
- Laudos digitais de espirometria, gasometria e radiologia torácica;
- Alertas automatizados de exacerbação e agendamento digital de exames.
Esse modelo garante agilidade na emissão de resultados e facilita o acompanhamento longitudinal de pacientes crônicos, com redução de internações e custos assistenciais.
Prognóstico e qualidade de vida
O prognóstico da DPOC (CID J44) depende do grau de obstrução pulmonar, da adesão ao tratamento e da cessação do tabagismo. Com manejo adequado, muitos pacientes mantêm boa capacidade funcional e autonomia.
Estudos mostram que pacientes acompanhados por meio de telemonitoramento contínuo apresentam melhor controle dos sintomas, menor taxa de exacerbação e redução significativa das internações hospitalares.
Conclusão
O CID J44 abrange as doenças pulmonares obstrutivas crônicas que comprometem o fluxo aéreo e exigem acompanhamento permanente. A DPOC é a principal entidade clínica dentro desse código, sendo uma doença prevenível e tratável, desde que diagnosticada precocemente.
A telemedicina surge como aliada essencial no diagnóstico e na gestão da DPOC, ao permitir laudos em tempo real, monitoramento remoto e suporte médico especializado, fortalecendo o cuidado integrado e de alta precisão.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O CID J44 é contagioso?
Não. A DPOC é resultado de fatores externos (como tabagismo e poluição) e genéticos, não sendo transmissível.
CID J44 dá direito a aposentadoria?
Sim, em casos graves com incapacidade para o trabalho. O laudo médico deve comprovar a limitação funcional e o enquadramento previdenciário.
CID J44 é considerado doença ocupacional?
Pode ser, se houver comprovação de exposição ocupacional a substâncias inaláveis nocivas. Nesse caso, o laudo técnico integrado ao PCMSO e PGR é determinante.
Qual exame confirma o diagnóstico de DPOC?
A espirometria com broncodilatador é o padrão-ouro para confirmar o distúrbio ventilatório obstrutivo.




