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Teste de Ishihara: como é feito e como a telemedicina pode auxiliar

11 min. de leitura

O Teste de Ishihara é um dos exames atribuídos à oftalmologia, área da medicina que estuda e se ocupa da saúde dos olhos. O exame é indicado para detectar o daltonismo, além de outras anomalias que prejudicam a retina e o nervo óptico, dificultando a percepção da tonalidade de algumas cores.

Neste artigo você vai entender como o Teste de Ishihara é realizado e como a telemedicina pode auxiliar no processo do diagnóstico de daltonismo e de outras doenças oftalmológicas.

Leia também: O que é o exame de acuidade visual e como funciona

Para quem o Teste de Ishihara é indicado?

O teste de Ishihara é indicado principalmente para pessoas com suspeita de daltonismo, ou seja, aquelas que apresentam dificuldade em distinguir determinadas cores, especialmente tons de vermelho e verde. Indivíduos que têm histórico familiar de daltonismo, crianças que demonstram confusão ao identificar cores em atividades lúdicas ou escolares, e adultos que percebem alterações na percepção das cores ao longo da vida devem ser avaliados com esse exame.

Além disso, o teste pode ser solicitado em exames admissionais ou periódicos de profissões que exigem percepção cromática apurada, como pilotos, motoristas profissionais, eletricistas e profissionais da área de saúde. O Ishihara também pode ser utilizado para investigar alterações adquiridas na visão de cores, como em doenças da mácula ou do nervo óptico, e não apenas para as formas congênitas do daltonismo.

O exame é simples, indolor e pode ser realizado em qualquer fase da vida, desde a infância até a idade adulta, sempre sob orientação de um oftalmologista.

Como é realizado o Teste de Ishihara

A avaliação, que também é conhecida na medicina brasileira como exame do “senso cromático”, foi desenvolvida em 1917 pelo oftalmologista Shinobu Ishihara. O médico japonês criou figuras que funcionam como uma ferramenta para avaliar a percepção que o paciente tem de determinadas cores.

Trata-se de uma série de imagens compostas por vários círculos coloridos. Dentro do disco maior, alguns círculos se distinguem por sua cor e formam o desenho de um número. Ao olhar para as figuras, um paciente que possui algum tipo e grau de daltonismo terá dificuldade de identificar estes números.

É através das respostas do paciente que o médico é capaz de examinar as possíveis alterações na recepção das imagens que são transmitidas ao cérebro e que caracterizam o daltonismo.

círculo colorido de teste de daltonismo

Como funciona:

  • O paciente deve identificar o número que aparece em cada placa.

  • Se não conseguir ver o número ou enxergar um número diferente, pode indicar algum tipo de daltonismo.

  • Algumas placas são desenhadas para que apenas pessoas com daltonismo consigam ver o número, enquanto outras são visíveis apenas para quem tem visão normal

Sobre o daltonismo

Em condições ópticas normais, o ser humano deve ser capaz de distinguir as variações e combinações de vermelho, verde e azul. Isso porque a retina — membrana do olho responsável por transformar o estímulo de luz em um estímulo nervoso — é composta por células denominadas “cones”, que são sensíveis a estas três cores.

A partir daí, todas as variações de cores que enxergamos são um combinado de estímulos destes três tipos de células. Alterações e má formação dessas células podem distorcer a forma como uma imagem que chegou ao olho vai ser enviada ao cérebro.

De acordo com a organização Colour Blind Awareness, cerca de 8% dos homens e 0.5% das mulheres no mundo todo possuem algum tipo de discromatopsia — termo científico para o daltonismo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que são 350 milhões de pessoas vivendo com a condição.

Tipos de daltonismo

A dificuldade mais comum identificada no Teste de Ishihara entre os daltônicos está na diferenciação entre o vermelho e o verde, mas também há quem não consiga distinguir nuances de azul e amarelo. E, em casos ainda mais raros, indivíduos que possuem uma visão monocromática e enxergam apenas tonalidades de cinza.

Os daltônicos podem ser divididos entre tricromatas anômalos (que têm um dos três tipos de sensores de cores afetados) e dicromatas (que não possuem um dos três sensores).

Além disso, o daltonismo também pode ser classificado de acordo com a sua intensidade e tipo de cone afetado:

  • Protanopia – Deficiência total nos cones vermelhos;
  • Protanomalia – Deficiência parcial nos cones vermelhos;
  • Deuteranopia – Deficiência total nos cones verdes;
  • Deuteranomalia – Deficiência parcial nos cones verdes;
  • Tritanopia – Deficiência total nos cones azuis;
  • Tritanomalia – Deficiência parcial nos cones azuis.

Leia também: Telemedicina e software para saúde ocupacional: as vantagens da integração

Para identificar o daltonismo só existe o Teste de Ishihara?

Não. Embora o teste de Ishihara seja o método mais conhecido e amplamente utilizado para triagem do daltonismo, existem outros exames complementares que ajudam a identificar e classificar diferentes tipos e graus de deficiência na percepção das cores. Entre eles, destacam-se:

  • Anomaloscópio de Nagel: Considerado o padrão-ouro para diagnóstico do daltonismo, avalia a percepção de cores em diferentes intensidades de iluminação e permite identificar tipos específicos de deficiência, como protanopia e deuteranopia.

  • Lãs de Holmgreen: O paciente deve separar fios de lã de diferentes tonalidades, auxiliando na detecção de alterações na visão de cores.

  • Teste de Farnsworth-Munsell: Consiste em organizar cápsulas coloridas em sequência, avaliando a capacidade de distinguir pequenas variações de cor.

  • Testes de Lanternas: Utilizados especialmente em exames ocupacionais, avaliam a identificação de cores em luzes de sinalização.

  • Testes Pseudoisocromáticos Standard (SPP) e HRR: Placas semelhantes às de Ishihara, mas com símbolos e padrões variados, ampliando a detecção para outros tipos de discromatopsia, como azul-amarelo.

Portanto, o Ishihara é excelente para triagem e identificação rápida do daltonismo vermelho-verde, mas outros testes podem ser necessários para diagnósticos mais precisos ou para avaliar casos de daltonismo azul-amarelo e deficiências adquiridas. O diagnóstico completo deve sempre ser feito por um oftalmologista, que irá escolher o exame mais adequado para cada caso.

Qual a importância do Teste de Ishihara

Um dos discos do Teste de Ishihara. Indivíduos com uma visão clara de todas as cores enxergam no centro o número “74”.

Sinais de daltonismo podem ser observados logo cedo na infância. Contudo, em alguns casos o distúrbio acaba passando despercebido por anos, sendo diagnosticado apenas na fase adulta.

Ainda que não tenha cura (exceto tratamento em casos não hereditários, mas adquiridos), um adulto daltônico leva uma vida normal, passando apenas por alguns possíveis transtornos.

No entanto, identificar o daltonismo é importante do ponto de vista da medicina ocupacional, considerando profissões onde a distinção plena das cores é um requisito. Ele é frequentemente aplicado em conjunto com outras avaliações de aptidão oftalmológica, como o exame de acuidade visual

Além disso, o Teste de Ishihara é por vezes utilizado em provas de habilitação para condução de veículos, ainda que o daltonismo por si só não impeça o indivíduo de dirigir.

Leia também: Saúde ocupacional: como a telemedicina ajuda na redução de custos da sua empresa?

Como a telemedicina auxilia nas consultas e exames oftalmológicos

Com a telemedicina é possível realizar consultas e orientar pacientes à distância e ainda agilizar o processo de diagnóstico de doenças.

No caso da oftalmologia, podem ser feitos a teleconsulta (encontro remoto entre médico e paciente), o telemonitoramento (médico acompanhando a saúde do paciente à distância) e a teleorientação (encaminhamentos médicos também remotamente).

Outra aplicação da telemedicina na oftalmologia está na emissão de laudos por médicos que não estão fisicamente no local de realização do exame. Um profissional da unidade de saúde aplica o exame e os resultados são enviados por um software para um oftalmologista que fará a avaliação.

Um dos principais exemplos são clínicas de saúde ocupacional que realizam procedimentos admissionais, demissionais e periódicos, e aplicam frequentemente o Teste de Ishihara, acuidade visual, campimetria, entre outros exames.

No caso da plataforma da Portal Telemedicina, uma rede com mais de 5 mil médicos está 24 horas por dia e sete dias por semana disponível para avaliar exames de várias especialidades, devolvendo os laudos em poucas horas ou até minutos. 

Ao apostar em uma solução de telemedicina, clínicas e hospitais aumentam sua capacidade de atendimento podendo oferecer acesso a especialistas mesmo quando não há um médico daquela área disponível na unidade.

Essa é também uma forma de compensar a má distribuição de médicos especialistas em países com território muito extenso, como é o caso do Brasil.

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Vinicius

Jornalista e redator com experiência nas áreas de tecnologia e saúde

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