Exames Médicos

Índice Tornozelo-Braquial (ITB): O que é, como medir, valores normais e como interpretar o resultado

9 min. de leitura

profissional avaliando o pé de uma pessoa deitada

O índice tornozelo-braquial (ITB) é um dos exames mais simples, rápidos e eficazes para avaliar a circulação arterial nas pernas e identificar precocemente a doença arterial periférica (DAP). Mesmo com sua simplicidade, o ITB é altamente recomendado por diretrizes nacionais e internacionais como ferramenta de triagem, diagnóstico e estratificação de risco cardiovascular, sendo especialmente útil em pacientes com diabetes, tabagismo e outros fatores de risco.

O exame compara a pressão arterial sistólica medida no tornozelo com a pressão medida no braço. A relação entre esses valores revela se o sangue está chegando adequadamente aos membros inferiores e pequenas variações podem indicar alterações vasculares importantes, muitas vezes antes do aparecimento dos sintomas.

O ITB é valorizado também por cardiologistas, angiologistas e médicos de família porque, além de diagnosticar DAP, funciona como um marcador poderoso de risco cardiovascular global, ajudando a prever desfechos como infarto e AVC.

O que é o índice tornozelo-braquial (ITB)?

O índice tornozelo-braquial é uma razão matemática entre:

Pressão arterial sistólica no tornozelo ÷ pressão arterial sistólica no braço

O resultado indica:

  • ITB normal: circulação adequada nas pernas

  • ITB baixo: suspeita de obstrução arterial (DAP)

  • ITB alto: presença de artérias rígidas/calcificadas, comum em diabéticos e renais

Em outras palavras: o ITB mostra a saúde das artérias das pernas e ajuda a entender o risco cardiovascular total do paciente.

Para que serve o índice tornozelo-braquial?

O ITB auxilia na:

  • Identificação de doença arterial periférica (DAP) mesmo quando o paciente não apresenta sintomas.

  • Avaliação de risco cardiovascular, complementando outros marcadores clínicos.

  • Estratificação e acompanhamento de pacientes com fatores de risco elevados.

  • Decisão clínica sobre necessidade de exames complementares ou encaminhamento ao cirurgião vascular.

  • Avaliação da gravidade da obstrução arterial em pacientes já diagnosticados com DAP.

Estudos mostram que um ITB reduzido está associado ao aumento do risco de infarto, AVC e mortalidade cardiovascular, mesmo em pessoas assintomáticas.

Como é feito o exame de índice tornozelo-braquial?

O exame é simples, indolor e rápido.

Equipamentos utilizados

  • Esfigmomanômetro (automático ou aneroide calibrado)

  • Doppler portátil de onda contínua

  • Macas e manguitos adequados

Passo a passo resumido

  1. O paciente permanece deitado por cerca de 5 minutos.

  2. Mede-se a pressão sistólica em ambos os braços.

  3. Mede-se a pressão sistólica no tornozelo direito e esquerdo (tibial posterior e/ou dorsal do pé).

  4. Calcula-se:
    ITB = maior pressão do tornozelo ÷ maior pressão dos braços

Exemplo numérico

  • Maior pressão sistólica no braço: 140 mmHg

  • Tornozelo direito: 120 mmHg → ITB = 0,86

  • Tornozelo esquerdo: 100 mmHg → ITB = 0,71

Nesse caso, a perna esquerda mostra maior probabilidade de DAP.

Valores do índice tornozelo-braquial e interpretação

Faixa do ITB

Interpretação mais provável

1,0 – 1,3

                          Normal
0,9 – 0,99

                          Limítrofe

0,7 – 0,89

                          DAP leve
0,4 – 0,69

                          DAP moderada

< 0,4

                      DAP grave / isquemia crítica
> 1,3–1,4

Artérias calcificadas (falso negativo possível)

Interpretação e conduta clínica recomendada

Resultado do ITB

Significado clínico

Conduta mais comum

1,0 – 1,3

Circulação adequada

Seguimento habitual e controle de fatores de risco.

0,9 – 0,99

Limítrofe Repetir exame e reforçar prevenção cardiovascular.
0,7 – 0,89 DAP leve

Avaliar sintomas, iniciar medidas de prevenção e considerar Doppler.

0,4 – 0,69

DAP moderada Avaliação vascular, controle rigoroso de fatores de risco e exame complementar.
< 0,4 Isquemia crítica

Encaminhamento urgente ao cirurgião vascular.

> 1,3–1,4

Artérias rígidas/calcificadas

Considerar índice dedo-braquial (IDB) + Doppler detalhado.

Quem deve fazer o índice tornozelo-braquial?

O ITB é indicado especialmente para:

  • Pessoas com dor nas pernas ao caminhar (claudicação).

  • Pacientes com feridas de difícil cicatrização nos pés e pernas.

  • Diabéticos, fumantes, hipertensos e pessoas com colesterol elevado.

  • Pacientes com doença renal crônica.

  • Quem já teve infarto, AVC ou doença arterial em outras regiões.

  • Idosos, mesmo sem sintomas.

Em diabéticos, renais e idosos, o exame é fundamental mas precisa ser interpretado com cautela devido à maior frequência de calcificação arterial.

Limitações e situações que podem afetar o resultado

  • Artérias calcificadas, comuns em diabéticos e renais, podem gerar ITB falsamente alto (>1,3).

  • Manguito inadequado ou técnica incorreta distorcem os valores.

  • Ausência de repouso pode aumentar a pressão artificialmente.

  • Em casos duvidosos, exames como Doppler arterial, angiotomografia ou IDB podem ser necessários.

Índice tornozelo-braquial e risco cardiovascular

Um ITB baixo indica muito mais que apenas DAP: ele sinaliza alto risco cardiovascular global.

Isso significa que:

  • pressão, colesterol e glicemia precisam ser ainda mais controlados;

  • o médico pode ajustar condutas ou medicações;

  • o paciente deve ser acompanhado de forma mais próxima;

  • a prevenção secundária pode ser intensificada.

Integração do ITB com telemedicina e cuidado digital

Apesar de o ITB requerer medição presencial, sua interpretação pode ser integrada aos fluxos digitais:

Onde a telemedicina agrega valor

  • Telediagnóstico vascular: unidades básicas ou clínicas realizam o exame e enviam dados para especialistas emitirem laudo à distância.

  • Prontuário eletrônico: resultados ficam disponíveis para toda a rede assistencial.

  • Integração com IA: algoritmos podem incluir o ITB como variável para estratificação de risco.

  • Suporte em redes remotas: regiões com pouco acesso a angiologistas recebem laudos mais rápidos.

Plataformas como a Portal Telemedicina permitem que o ITB seja integrado a linhas de cuidado cardiovascular, aumentando segurança e velocidade de decisão clínica.

Checklist rápido: interpretação segura do ITB

  • O exame foi feito com o paciente em repouso?

  • A maior pressão de cada membro foi usada no cálculo?

  • Há sinais de calcificação (ITB >1,3)?

  • O resultado é coerente com os sintomas do paciente?

  • Há necessidade de exames complementares?

Conclusão

O índice tornozelo-braquial é um exame simples, mas extremamente poderoso para avaliar a circulação nas pernas e identificar pacientes com risco elevado de doença arterial periférica e de eventos cardiovasculares. Quando realizado corretamente e interpretado de forma contextualizada, o ITB pode antecipar diagnósticos, orientar condutas, apoiar decisões terapêuticas e até salvar vidas.

Integrado a plataformas digitais e fluxos de telemedicina, o exame se torna ainda mais eficiente, permitindo que equipes multiprofissionais tomem decisões rápidas e baseadas em dados, especialmente em redes com alta demanda e regiões remotas.

Perguntas Frequentes (FAQ)

 

Como fazer prescrição de enfermagem?

Para medir o índice tornozelo-braquial, é necessário utilizar manguitos de pressão adequados e um Doppler portátil. O paciente deve permanecer em repouso e deitado por alguns minutos antes das medições. A pressão sistólica é medida em ambos os braços e nos tornozelos, e o cálculo é feito dividindo a maior pressão do tornozelo pela maior pressão dos braços. A técnica deve ser feita por profissional treinado para evitar erros e garantir um resultado confiável.

O que é prescrição de enfermagem?

O índice tornozelo-braquial é a razão entre a pressão arterial sistólica do tornozelo e a do braço. Ele é usado para avaliar a circulação arterial nas pernas e identificar doença arterial periférica, além de servir como marcador de risco cardiovascular. Um ITB baixo sugere obstrução arterial; um ITB acima de 1,3 indica rigidez ou calcificação das artérias.

O que deve constar na prescrição de enfermagem?

Uma avaliação completa do índice tornozelo-braquial deve registrar as pressões sistólicas medidas nos braços e tornozelos, a técnica utilizada, o valor final calculado e a interpretação clínica correspondente. Também é importante anotar sintomas, fatores de risco e recomendações de conduta, pois esses elementos ajudam a orientar o diagnóstico e o tratamento adequados.

Redação

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