Anamnese fisioterapêutica: O que é e como fazer
Atualizado em 24 de julho de 2025 por Redação
A anamnese fisioterapêutica é uma etapa essencial na avaliação clínica inicial do paciente. Mais do que uma simples coleta de informações, ela permite ao profissional compreender o histórico de saúde, hábitos de vida e fatores biopsicossociais que podem influenciar diretamente no quadro funcional do paciente.
O que é anamnese fisioterapêutica?
A anamnese é um questionário clínico estruturado, conduzido pelo fisioterapeuta na primeira consulta, que tem como objetivo traçar um panorama completo do paciente. A partir dessa entrevista, o profissional consegue elaborar hipóteses diagnósticas e definir condutas terapêuticas individualizadas.
Além de dados biomédicos, a anamnese em fisioterapia deve explorar aspectos emocionais, sociais e ocupacionais, alinhando-se ao modelo biopsicossocial de cuidado à saúde.
Por que a anamnese é importante?
- Personalização do tratamento: Ajuda o fisioterapeuta a entender as particularidades de cada paciente.
- Segurança clínica: Reduz riscos, como contraindicações para certos procedimentos.
- Eficiência na reabilitação: Um plano bem estruturado acelera os resultados.
- Documentação legal: Respalda a atuação do profissional e pode ser usado como prova em situações jurídicas.

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Como fazer uma boa anamnese fisioterapêutica?
A seguir, veja os principais elementos que devem compor uma anamnese eficiente:
1. Identificação
- Nome, idade, sexo, ocupação e informações de contato.
- Convênio e dados de encaminhamento (se houver).
2. Queixa principal
- Descrição clara da dor ou limitação funcional.
- Início, duração, intensidade e fatores de melhora ou piora.
3. História da doença atual
- Eventos que antecederam a queixa.
- Evolução do quadro clínico.
- Tratamentos realizados anteriormente e seus efeitos.
4. Histórico de saúde
- Doenças prévias e atuais.
- Cirurgias, internações, uso de medicamentos.
5. Avaliação funcional
- Impacto das queixas na rotina diária (atividades pessoais, trabalho, lazer).
- Capacidade de realizar movimentos básicos e complexos.
6. Hábitos de vida
- Nível de atividade física, alimentação, sono, estresse e uso de substâncias.
7. Condições psicossociais
- Apoio familiar, ambiente de trabalho e aspectos emocionais.
8. Expectativas do paciente
- Objetivos em relação ao tratamento fisioterapêutico.
- Avaliação da motivação e comprometimento com o processo.
Veja também: Tudo sobre a anamnese estética
Modelo prático de ficha de anamnese fisioterapêutica
Tópico | O que avaliar/perguntar | Por quê? |
Identificação | Nome, idade, profissão, gênero | Personalização e contexto clínico |
Queixa principal | O que motivou a consulta? | Foco do tratamento |
Início dos sintomas | Quando começaram? Houve trauma? | Ajuda a entender se é agudo ou crônico |
Dor | Escala de dor, tipo (pontada, queimação), local, irradiação | Diferencia tipos de dor e possível causa |
História médica pregressa | Doenças, lesões, comorbidades | Pode influenciar na escolha de técnicas |
Exames realizados | Raio-X, ressonância, tomografia | Correlacionar com achados clínicos |
Medicamentos | Uso atual e passado | Evitar interações e efeitos adversos |
Hábitos de vida | Sono, alimentação, rotina de atividade física | Entendimento holístico do paciente |
Fatores emocionais | Ansiedade, estresse, depressão | Influenciam na dor e adesão ao tratamento |
Objetivos do paciente | O que espera da fisioterapia | Alinha expectativas e melhora o engajamento |
Dicas para uma anamnese eficaz
- Crie um ambiente acolhedor e escute ativamente o paciente.
- Evite interrupções e conduza a entrevista com empatia.
- Use linguagem acessível, evitando termos excessivamente técnicos.
- Documente de forma clara e organizada para facilitar consultas futuras.
- Sempre obtenha consentimento informado antes de iniciar a avaliação física.
Anamnese em diferentes contextos e especialidades
- Ortopedia: ênfase em mecanismos de trauma, limitação articular, histórico esportivo.
- Neurologia: destalhar déficits motores, cognitivos e adaptação do ambiente.
- Pediatria: marcos do desenvolvimento, contexto escolar, história gestacional.
- Geriatria: avaliação de quedas, polifarmácia, suporte familiar, autonomia nas atividades diárias.
Recursos extras: Tabela, checklist e modelos editáveis
- Ofereça download de ficha de anamnese em PDF/Word.
- Crie checklist visual com as principais perguntas.
- Sugira fluxograma: acolhimento inicial → entrevista estruturada → exame físico → definição de objetivos → plano terapêutico.
A importância da anamnese digital
Com a digitalização da saúde, muitos fisioterapeutas utilizam prontuários eletrônicos e formulários online para registrar a anamnese. Essa prática otimiza o tempo, melhora a organização dos dados e facilita o acompanhamento evolutivo do paciente — especialmente em contextos de teleatendimento.
Red flags e sinais de encaminhamento
- Dor intensa ou progressiva sem explicação
- Déficits neurológicos agudos (perda de força súbita, alteração de fala)
- Sinais de infecção (febre persistente, vermelhidão local)
- Alteração do nível de consciência
- Nessas situações, interrompa o atendimento fisioterapêutico e oriente avaliação médica imediata.
Privacidade, sigilo e consentimento
- Obtenha consentimento informado para coleta e uso dos dados (físico ou digital).
- Utilize plataformas seguras, alinhadas à LGPD e ao código de ética do COFFITO.
- Explique ao paciente a finalidade das informações e a possibilidade de acesso restrito por terceiros.
Conclusão
A anamnese é a base de qualquer processo de reabilitação fisioterapêutica. Quando bem aplicada, contribui para a escolha de condutas mais assertivas, promove maior engajamento do paciente e favorece desfechos clínicos positivos.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Por que a anamnese é tão importante na fisioterapia?
Ela direciona o plano, permite identificar restrições, avaliar riscos e construir um atendimento humanizado.
Posso fazer fisioterapia sem anamnese?
Não. A anamnese é exigência ética, legal e de boas práticas clínicas, protegendo paciente e profissional.
Como adaptar anamnese em teleatendimento?
Siga o roteiro tradicional; priorize escuta ativa, oriente o registro domiciliar de sintomas e use vídeos para análise funcional.