Vectoeletronistagmografia (VENG): o que é, para que serve e como o exame auxilia no diagnóstico das vertigens
Atualizado em 19 de novembro de 2025 por Redação

A vectoeletronistagmografia (VENG) é um exame otoneurológico que registra os movimentos oculares para avaliar o sistema vestibular — responsável pelo equilíbrio — e investigar causas de tontura, vertigem, instabilidade e distúrbios relacionados.
É um método seguro, objetivo e amplamente utilizado por otorrinolaringologistas, otoneurologistas e fonoaudiólogos especializados, sendo essencial no diagnóstico diferencial entre alterações vestibulares periféricas e centrais.
O que é vectoeletronistagmografia
A vectoeletronistagmografia utiliza eletrodos periorbitais para captar os potenciais elétricos gerados pelos olhos durante o movimento. Isso permite registrar e quantificar o nistagmo — movimento involuntário ocular que reflete a função dos labirintos e das vias vestibulares.
Para pacientes, trata-se de um exame que analisa “como o ouvido interno e o cérebro estão lidando com o equilíbrio”.
Para médicos, é uma ferramenta que fornece dados objetivos e reprodutíveis sobre:
- simetria vestibular;
- presença e direção do nistagmo;
- funcionalidade oculomotora;
- resposta calórica;
- integridade das vias centrais.
Quando o exame é indicado
A VENG é indicada quando há sintomas como:
- tontura e vertigem recorrentes;
- desequilíbrio e instabilidade ao caminhar;
- náuseas associadas a movimentos;
- zumbido com sintomas vestibulares;
- quedas de repetição;
- suspeita de VPPB;
- acompanhamento pós-crises vestibulares.
Para médicos, é especialmente útil nos quadros:
- VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna);
- neurite vestibular;
- doença de Ménière;
- enxaqueca vestibular;
- vestibulopatias centrais;
- investigações inconclusivas após avaliação à beira-leito.
Como é feito o exame de VENG — passo a passo
1. Preparação e colocação dos eletrodos
Eletrodos são posicionados ao redor dos olhos para registrar os potenciais corneorretinianos. A calibração inicial garante precisão do traçado.
2. Avaliação do nistagmo espontâneo
O paciente fixa e desfoca o olhar para identificar nistagmo em repouso e avaliar fixação ocular.
3. Provas posicionais
Verifica-se nistagmo desencadeado por mudanças de posição da cabeça e do corpo, diferenciando padrões periféricos e centrais.
4. Provas oculomotoras
Incluem:
- perseguição suave;
- movimentos sacádicos;
- optocinético.
São fundamentais para detectar alterações centrais.
5. Prova calórica
Cada labirinto é estimulado com ar ou água em temperaturas controladas. Mede-se velocidade e simetria do nistagmo, permitindo identificar:
- paresia labiríntica;
- preponderância direcional;
- hiporreflexia ou hiperreflexia.
Preparo do paciente e cuidados de segurança
Como se preparar
- evitar álcool e cafeína por 24–48 horas;
- suspender vestibulossupressores conforme orientação médica;
- jejum leve (quando indicado);
- levar exames anteriores e lista de medicamentos.
Segurança
O exame é seguro e supervisionado. É comum sentir:
- tontura momentânea;
- leve náusea;
- sensação térmica durante a prova calórica.
Contraindicações relativas
- otite ou infecção aguda de ouvido;
- perfuração timpânica não tratada (no método com água);
- crises vertiginosas graves no momento do exame.
Como interpretar a vectoeletronistagmografia (para médicos)
A interpretação deve integrar traçado, sintomas e exame físico.
Paresia labiríntica
Indica hipoatividade vestibular unilateral e é calculada em porcentagem.
Preponderância direcional
Demonstra desequilíbrio tônico vestibular.
Hiporreflexia ou hiperreflexia
Sugerem alteração global da excitabilidade labiríntica.
Achados centrais
Devem acender alerta para investigação neurológica:
- nistagmo vertical puro;
- sacradas anormais;
- rastreamento irregular;
- optocinético alterado.
Vectoeletronistagmografia (VENG) vs Videonistagmografia (VNG)
|
Característica |
VENG |
VNG |
|
Tecnologia |
eletrodos |
câmera infravermelha |
|
Captação |
potenciais elétricos |
imagem direta |
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Torsional |
menos sensível |
muito superior |
|
Artefatos |
menor influência de pálpebra |
pode ocorrer |
|
Ponto forte |
prova calórica |
provas posicionais |
Qual escolher?
Ambos são complementares.
- VENG é robusta para análise calórica.
- VNG é preferida para investigação de nistagmos torsionais e VPPB.
Quem realiza e como funciona o laudo
O exame deve ser realizado por:
- otorrinolaringologistas;
- otoneurologistas;
- fonoaudiólogos capacitados.
O laudo inclui:
- protocolos realizados;
- qualidade dos registros;
- resultados da prova calórica (canal paresis, preponderância direcional);
- achados oculomotores;
- interpretação integrada (periférico vs central);
- recomendações de conduta.
Populações especiais
Crianças
Protocolos adaptados, estimulações mais curtas e interpretação de acordo com maturação oculomotora.
Idosos
Maior predisposição à hiporreflexia e necessidade de correlacionar com risco de quedas.
Pós-trauma e enxaqueca vestibular
Resultados variáveis; é essencial correlacionar clinicamente.
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Relação entre VENG e reabilitação vestibular
A VENG orienta o planejamento da reabilitação ao mostrar:
- grau de paresia labiríntica;
- direcionalidade do nistagmo;
- padrões centrais;
- evolução entre avaliações.
Permite personalizar exercícios e monitorar resposta terapêutica.
Checklist rápido para o paciente
- Não consumir álcool ou cafeína antes do exame.
- Confirmar com o médico se deve suspender medicação.
- Comer algo leve (quando indicado).
- Levar relatórios e exames prévios.
Conclusão
A vectoeletronistagmografia é um exame fundamental para o diagnóstico preciso de distúrbios do equilíbrio. Sua capacidade de quantificar assimetrias, diferenciar lesões periféricas e centrais e guiar a conduta clínica a torna indispensável na investigação da tontura.
Para o paciente, representa um caminho claro para entender a origem dos sintomas e iniciar o tratamento adequado. Para o médico, é uma ferramenta objetiva, confiável e complementar às provas clínicas e à videonistagmografia.




