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O que é exame MAPA e como funciona?

12 min. de leitura

exame mapa sendo aplicado

A medição isolada da pressão arterial de um paciente revela um pouco sobre o seu estado atual, mas é um dado muito vago para determinar se ele sofre de alguma doença crônica como hipertensão arterial. Para um diagnóstico preciso de como a Pressão Arterial (PA) se comporta em cada indivíduo e quais os riscos de sua variação, é recomendada a aplicação do exame de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial, conhecido pela sigla MAPA.

Uma série de fatores, principalmente emocionais, podem contribuir para que o paciente esteja com a PA alta, inclusive estresse o nervosismo com a presença do profissional de saúde. Por isso, a importância de um monitoramento contínuo, até mesmo para identificar se horários de pico de pressão estão relacionados a algum fator externo.

O exame MAPA de pressão arterial pode ser aplicado por um enfermeiro ou técnico em enfermagem treinado para isso, e o laudo deve ser emitido por um profissional da medicina com conhecimento técnico sobre o método. A Portal Telemedicina, por exemplo, tem médicos cardiologistas especialistas em laudo de MAPA, que emitem laudo para este exame à distância em até 24 horas.

Confira a seguir quais as recomendações para aplicação deste exame, em que casos é indicado, a que fatores o médico deve estar atento na hora de realizar laudos e de que forma a telemedicina tem contribuído com a qualificação e otimização deste procedimento.

Em que casos o exame MAPA é indicado?

Existem diferentes situações que podem levar o médico a solicitar o exame MAPA, as mais eventuais são para o diagnóstico de algum tipo de hipertensão ou para monitorar se o tratamento ou remédio indicado estão garantindo o efeito esperado.

No caso de busca por um diagnóstico, o profissional fará a solicitação quando tiver algum tipo de suspeita, geralmente com base em alterações constatadas no paciente, que já pode ter registrado pressão arterial acima ou abaixo do recomendado, ou a partir de uma lesão em um órgão-alvo da pressão arterial alta.

De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as principais indicações para o exame são:

  • Suspeita de hipertensão do jaleco branco (quando a pressão arterial do paciente sobe quando ele está diante de profissionais da área da saúde);
  • Hipertensão resistente;
  • Suspeita de hipertensão mascarada;
  • Avaliação da eficácia do tratamento anti-hipertensivo;
  • Suspeita de hipertensão durante o sono;
  • Avaliação do descenso da pressão arterial durante o sono;
  • Hipertensão na gestação;
  • Avaliação de sintomas;
  • Identificação de possíveis picos de pressão;
  • Identificação de possíveis episódios de hipotensão;
  • Avaliação de episódios de síncope e lipotímia;
  • Avaliação de hipertensos limítrofes;
  • Avaliação de neuropatia autonômica;
  • Avaliação da pressão arterial em idosos;
  • Identificação de possíveis episódios de hipotensão postural.

Qual a diferença entre o Holter e MAPA?

Embora ambos os exames sejam cardiológicos e consistam em um monitoramento por 24 horas, desempenham funções diferentes. Enquanto o MAPA monitora a pressão arterial, o exame holter acompanha as variações dos batimentos cardíacos durante as atividades diárias.

A que parâmetros o médico deve estar atento na hora de avaliar o exame?

A partir das medidas não invasivas da pressão arterial sistólica e diastólica registradas pelo exame calcula-se a pressão arterial média do paciente, a carga pressórica (percentual de medidas acima do valor da normalidade) e a ocorrência ou não de descenso noturno (que é a queda fisiológica no valor da pressão arterial que ocorre durante o sono).

Existem quatro classificações de hipertensão:

  1. Normotenso: quando a PA do paciente está dentro dos valores considerados normais (*confira os valores no box abaixo).
  2. Hipertensão do jaleco branco: quando a PA do paciente aumenta na presença de um profissional da área da saúde, o que é constatado quando as primeiras medições no exame MAPA aparecem altas e depois ficam regulares.
  3. Hipertensão mascarada: quando a PA do paciente apresenta valores normais na hora da colocação e retirada do aparelho, mas no restante do dia aparecem altas.
  4. Hipertensão verdadeira: quando se tem uma média de medidas acima do valor considerado adequado.

Veja a seguir os valores de pressão arterial no consultório, MAPA, AMPA (auto medida da pressão arterial) e MRPA que caracterizam efeito do avental branco, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada, de acordo com a SBC:

Consultório MAPA vigília25 AMPA MRPA
Normotensão ou hipertensão controlada < 140/90 ≤ 130/85 ≤ 130/85 ≤ 130/85
Hipertensão ≥ 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85
Hipertensão do jaleco branco ≥ 140/90 ≤ 130/85 ≤ 130/85 ≤ 130/85
Hipertensão mascarada < 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85

Quais os tipos de aparelhos para realização do exame MAPA?

Para a realização do MAPA de pressão arterial, um aparelho composto por um pequeno monitor que está conectado a uma braçadeira por meio de um manguito é acoplado à cintura e ao braço do paciente para medir a pressão arterial por um período de 24 horas.

Esta análise é importante para que o médico cardiologista possa detectar como a pressão arterial se mantém durante as atividades rotineiras do paciente e se ela está oscilando dentro do considerado normal. O resultado ajuda a averiguar os riscos cardiovasculares.

Os equipamentos mais utilizados para a realização do exame MAPA são os que empregam o método oscilométrico com manguito aplicado no braço. Os aparelhos de pulso não devem ser usados para o exame MAPA de 24 horas porque não há validação para este tipo de instrumento.

O manguito para medida de pressão arterial é ligado a um dispositivo eletrônico que dispara as medidas periódicas e as grava para posterior análise. O aparelho precisa ser validado e deve ser calibrado periodicamente conforme orientações do fabricante.

Leia tambémInteligência artificial para acelerar laudos de exames cardiológicos urgentes

Como garantir um exame MAPA de qualidade?

O primeiro passo para a realização de um exame de qualidade alta é ter um equipamento bom, atualizado e com a manutenção em dia. O segundo depende da programação adequada do mesmo por parte do profissional da saúde que for aplicá-lo.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o aparelho seja programado para medir a pressão arterial pelo menos uma vez a cada 30 minutos durante o dia e a cada uma hora durante o horário do sono. O ideal é que se tenha pelo menos 16 medidas válidas no período diurno e 8 no horário de sono.

O terceiro passo é a participação do paciente, que deve ser bem orientado e seguir corretamente as recomendações. A falta de alinhamento ou problemas nestas etapas do processo podem acarretar em exclusões de mais de 20% das medidas e comprometer a qualidade do exame.

Ana Rachel Zollner, médica cardiologista

A médica cardiologista Ana Rachel Zollner explica que o aparelho geralmente está programado para realizar as medidas noturnas no horário habitual para a maioria das pessoas, mas isso pode ser alterado caso o paciente tenha horários não usuais. Por isso, é importante estar atento ao diário do paciente.

“O que garante a boa realização é ter aparelhos validados, com calibração em dia, e que sejam colocados por pessoal treinado e com orientação adequada ao paciente, pois a colaboração dele é essencial”, destaca.

Quais as orientações que o profissional da área da saúde deve passar ao paciente?

Para um resultado satisfatório é importante que o paciente tenha cuidados como:

  • Realizar o exame em um dia representativo das atividades habituais;
  • Não tomar banho durante o exame para assim não correr riscos de molhar o equipamento;
  • Vestir roupas confortáveis para não limitar o movimento do manguito;
  • Seguir a orientação do médico sobre os medicamentos de uso crônico;
  • Quem não pratica exercício físico regularmente deve evitar fazê-lo nas 24 horas anteriores ao exame;
  • Levar lista de medicamentos em uso com doses e horários da prescrição.

Leia também: Telemedicina cardiológica: conheça os benefícios para clínicas e hospitais

Existem contraindicações para o exame MAPA?

A médica cardiologista Ana Rachel Zollner explica que não há uma contraindicação absoluta do exame MAPA, mas ele apresenta algumas limitações:

  • Braços com dificuldade do ajuste adequado do manguito (muito grandes por exemplo);
  • Valores muito elevados da pressão arterial sistólica;
  • Situações clínicas associadas a distúrbios do movimento, como Parkinson, Arritmias cardíacas;
  • Desconforto do método, principalmente à noite – muitos pacientes acabam não dormindo bem com o aparelho e, nestes casos, os valores medidos podem não representar o valor da pressão durante o sono;
  • Em crianças também pode ser difícil a realização do exame.

Como funciona e quais os benefícios do laudo de MAPA com a Telemedicina?

O sistema utilizado para o exame MAPA permite que ele seja enviado por meio eletrônico e seja analisado por uma central de especialistas. Este recurso já é amplamente realizado em alguns países de primeiro mundo e começa a ser cada vez mais utilizado no Brasil.

A cardiologista Ana Rachel Zollner destaca que com o uso da telemedicina se amplia o alcance do exame em locais onde não há disponibilidade dos especialistas, assim os pacientes não precisam se locomover para grandes centros para conseguir realizá-lo.

Para isso, é importante contar com profissionais renomados neste tipo de procedimento, o que garantirá um diagnóstico preciso. O uso da telemedicina tem sido uma estratégia facilitadora de clínicas e hospitais que querem otimizar os seus serviços e ampliar o número de resultados.

Na Portal Telemedicina, é possível contar com mais de 10 diferentes tipos de exames com laudo à distância, como ECG, Holter, Espirometria, Raio-X, Tomografia, Electroencefalograma, Acuidade Visual, Mamografia, entre outros.

A implementação é simples e pode ser feita por qualquer clínica, independentemente da sua localização geográfica e tamanho.

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Referências

6ª Diretrizes de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial e 4ª Diretrizes de Monitorização Residencial da Pressão Arterial

Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH)

Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)

Roberta Rubia

Roberta Rubia é enfermeira com mais de 15 anos de experiência na área da saúde e especialização em emergência. Possui MBA em Gestão de Negócios da Saúde (FGV) e Health Tech (FIAP).

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