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Eletrofisiologia cardíaca: O que é, indicações, estudo eletrofisiológico e ablação por cateter

8 min. de leitura

A eletrofisiologia cardíaca é uma subespecialidade da cardiologia que se dedica ao diagnóstico e tratamento das arritmias cardíacas. Por meio de avaliação clínica detalhada, exames como eletrocardiograma (ECG), Holter e procedimentos minimamente invasivos – como o estudo eletrofisiológico (EEF) e a ablação por cateter – é possível identificar e tratar alterações elétricas que afetam o ritmo do coração.

Este artigo apresenta conceitos essenciais, causas, sintomas de alerta, exames iniciais, tratamentos disponíveis e o papel da telemedicina em cada etapa do cuidado.

O que é eletrofisiologia cardíaca

A eletrofisiologia estuda como os impulsos elétricos se formam e se propagam pelo coração. Quando há falhas nesse processo, surgem circuitos anormais que podem causar:

  • Palpitações frequentes ou rápidas
  • Taquicardias supraventriculares (TRN/AVNRT, vias acessórias/WPW)
  • Flutter e fibrilação atrial
  • Extrassístoles ventriculares
  • Taquicardias ventriculares
    Conceitos-chave: arritmia, nodo sinusal, nodo AV, reentrada, automatismo e substrato eletrofisiológico.

O que é o estudo eletrofisiológico (EEF) e para que serve?

O estudo eletrofisiológico é um exame invasivo realizado por um eletrofisiologista (cardiologista com especialização). Ele serve para:

  • Diagnosticar arritmias cardíacas como fibrilação atrial, taquicardia ventricular e extrassístoles;
  • Avaliar o risco de desmaios (síncopes) sem causa aparente;
  • Definir a necessidade de procedimentos como ablação por radiofrequência, implante de marcapasso ou CDI (desfibrilador implantável);
  • Confirmar diagnósticos quando exames não invasivos (como ECG ou Holter) não são conclusivos.

Leia também: Tudo sobre a palpitação cardíaca

Como é feito o estudo eletrofisiológico?

O EEF é realizado em ambiente hospitalar e segue as etapas:

  1. Aplicação de anestesia local com sedação leve.
  2. Inserção de cateteres finos por uma veia na virilha (femoral) ou no pescoço (jugular).
  3. Os cateteres são guiados até o coração com auxílio de raio-X (fluoroscopia).
  4. Os eletrodos registram e estimulam o sistema elétrico cardíaco.
  5. Em alguns casos, realiza-se ablação, que destrói o tecido responsável pela arritmia.

🕒 Duração média do procedimento: de 1 a 3 horas, com rápida recuperação.

Indicações frequentes para realizar o estudo eletrofisiológico

  • Taquicardias supraventriculares recorrentes (TRN, AVNRT, WPW)
  • Flutter atrial típico
  • Casos de síncope de provável origem arrítmica
  • Taquicardias ventriculares em pacientes sem diagnóstico claro
  • Falha de medicamentos ou preferência por tratamento curativo

Riscos e benefícios

Complicações maiores são raras em centros especializados, mas incluem: sangramento, trombose, perfuração cardíaca, eventos tromboembólicos e, raramente, bloqueio AV.

Benefícios: alívio dos sintomas, menor risco de internação e, em muitos casos, tratamento definitivo.

Indicações comuns da eletrofisiologia

  • Arritmias complexas (diagnóstico e tratamento);
  • Síncope de origem desconhecida;
  • Avaliação antes de implantar marcapasso ou CDI;
  • Pacientes com falha em tratamentos convencionais.

Tratamento

Indicação Benefícios

Limitações/Riscos

Antiarrítmicos

Arritmias recorrentes leves Controle dos sintomas

Eficácia limitada, efeitos colaterais

Ablação por cateter

TSv, WPW, flutter, FA selecionada Potencial curativo, melhora da qualidade de vida

Riscos do procedimento, necessidade de reablação em FA

Dispositivos (CDI, MP)

Alto risco de morte súbita, bloqueio AV Prevenção de morte súbita

Procedimento invasivo, revisões periódicas

Causas mais comuns de arritmias

As arritmias podem estar relacionadas a:

  • Alterações estruturais do coração (cardiomiopatias, cicatrizes após infarto)
  • Doenças cardíacas congênitas (vias acessórias, como no WPW)
  • Hipertensão arterial
  • Apneia do sono
  • Obesidade e sedentarismo
  • Uso de álcool, cafeína ou drogas estimulantes
  • Distúrbios da tireoide
  • Histórico familiar de arritmia ou morte súbita

Quando suspeitar de arritmia e procurar avaliação

Sinais e sintomas de alerta

  • Palpitações rápidas, irregulares ou prolongadas
  • Tontura, desmaios (síncope) ou pré-síncope
  • Dor no peito durante crises de taquicardia
  • Queda no desempenho físico ou cansaço excessivo
  • Histórico familiar de morte súbita ou arritmias graves

Primeiros exames recomendados

  • Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações
  • Holter 24–48h ou monitores de longo prazo
  • Ecocardiograma para avaliar a estrutura e função cardíaca
  • Testes funcionais em casos selecionados

Inovações em eletrofisiologia cardíaca

A eletrofisiologia é uma das áreas que mais evoluiu na medicina cardiovascular. Entre os avanços recentes, destacam-se:

  • Ablação de alta potência e crioablação: técnicas mais eficazes e menos invasivas;
  • Marcapassos sem fio com tecnologia Bluetooth e maior autonomia;
  • Mapeamento 3D com inteligência artificial: maior precisão no diagnóstico;
  • Telemedicina e monitoramento remoto de dispositivos: acompanhamento em tempo real e redução de complicações.

Telemedicina e eletrofisiologia: Um aliado estratégico

A telemedicina amplia o acesso e agiliza o diagnóstico em eletrofisiologia:

  • Laudos remotos de exames como ECG, Holter e espirometria;
  • Monitoramento contínuo de marcapassos e CDIs via internet;
  • Alertas automáticos para equipes médicas em caso de risco iminente;
  • Consultas de acompanhamento online, com foco em pacientes de alto risco.

guia de telemedicina cardiológica

Equipe médica especializada

Para garantir segurança e precisão, o procedimento exige uma equipe composta por:

  • Eletrofisiologista (cardiologista com formação específica)
  • Anestesiologista
  • Enfermeiros e técnicos em hemodinâmica
  • Profissionais de apoio para telemonitoramento

Segurança e cuidados com o procedimento

A eletrofisiologia é considerada segura, com taxa de complicações inferior a 2% quando realizada por equipes especializadas. Cuidados como jejum, controle da medicação e repouso pós-procedimento fazem parte do protocolo.

Eletrofisiologia e o cenário no Brasil

Com o apoio da telemedicina, clínicas e hospitais de todo o Brasil — inclusive em regiões remotas — têm acesso a:

  • Diagnóstico rápido por eletrofisiologistas remotos;
  • Laudos digitais entregues em minutos;
  • Redução da fila para procedimentos de alta complexidade

Conclusão

A eletrofisiologia cardíaca é uma das maiores aliadas no combate às arritmias e na prevenção de complicações cardíacas graves. Com a união entre tecnologia, conhecimento médico e telemedicina, é possível oferecer diagnóstico preciso e tratamento eficaz, com maior segurança e qualidade de vida para o paciente.

Se você suspeita de arritmia ou busca um diagnóstico mais aprofundado, converse com seu cardiologista sobre a possibilidade de realizar um estudo eletrofisiológico.

Perguntas Frequentes (FAQ)

 

O que é eletrofisiologia?

Eletrofisiologia é o ramo da ciência que estuda as propriedades elétricas das células e tecidos do corpo, com destaque para o sistema nervoso e o coração. Na medicina, refere-se principalmente à análise dos impulsos elétricos que regulam o funcionamento do coração, sendo fundamental para o diagnóstico e tratamento de arritmias cardíacas.

O que é estudo eletrofisiológico?

O estudo eletrofisiológico (EEF) é um procedimento médico minimamente invasivo realizado por um cardiologista especializado, chamado eletrofisiologista. Ele utiliza cateteres inseridos no coração para registrar e mapear a atividade elétrica cardíaca, permitindo identificar a origem e o tipo de arritmia, além de orientar o melhor tratamento para cada caso.

O que é estudo eletrofisiológico com ablação?

O estudo eletrofisiológico com ablação é uma etapa avançada do EEF em que, após identificar o foco da arritmia, o médico utiliza energia (geralmente radiofrequência ou crioablação) para eliminar o tecido cardíaco responsável pela alteração elétrica. Esse procedimento pode curar ou controlar de forma eficaz diversas arritmias, reduzindo a necessidade de medicações e melhorando a qualidade de vida do paciente.

Quais as principais inovações em eletrofisiologia?

Ablação por radiofrequência de alta potência, marcapassos sem fio, mapeamento 3D, inteligência artificial e telemonitoramento de dispositivos cardíacos.

 

 

Redação

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