Um olhar da Amazônia: A participação da Portal Telemedicina e Rede Conexão Povos da Floresta na COP30
Atualizado em 8 de dezembro de 2025 por Redação

Belém do Pará, novembro de 2025 — Foi com um misto de emoção, responsabilidade e esperança que representei a Portal Telemedicina e a Conexão Povos da Floresta na COP30 a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Em um momento histórico, com a Amazônia no centro das atenções globais, tive a honra de estar presente, dialogar, aprender e levar adiante o compromisso concreto da telemedicina como instrumento de saúde, justiça climática e dignidade para os povos tradicionais do Brasil.
Representatividade e pluralidade: A força dos povos tradicionais
Desde os primeiros dias em Belém, ficou evidente o quanto esta edição da COP30 foi diferente. Diferente porque, pela primeira vez em muitos anos, não era apenas uma reunião de diplomatas, cientistas e políticos. Estavam ali os povos que há gerações guardam florestas, rios, saberes e culturas (indígenas, quilombolas, extrativistas e comunidades tradicionais de todo o país), com suas vozes, histórias e lutas.
Estivemos na Marcha pelo Clima, um dos momentos mais potentes da semana: ver milhares de pessoas unidas por um mesmo propósito de preservar o planeta, proteger florestas e defender vidas foi inspirador. A energia, a esperança e o compromisso coletivo me trouxeram a convicção de que estamos no caminho certo. Não é apenas simbólico, é urgente, é real, é necessário.
Saúde e clima: Interseção inevitável
Na COP30, a saúde foi colocada, com justiça, no centro da agenda climática. O Brasil lançou o Plano de Ação em Saúde de Belém (BHAP), o primeiro plano internacional de adaptação climática voltado à saúde. O documento propõe uma estratégia ampla para reforçar a resiliência dos sistemas de saúde diante dos impactos do clima, com foco em vigilância e monitoramento, formulação de políticas baseadas em evidências, capacitação e inovação, inclusive em saúde digital.
Para ilustrar: a crise climática já é também uma crise de saúde. Como alertam os especialistas, eventos extremos, calor intenso, poluição do ar, insegurança hídrica, surtos de doenças tudo isso agrava a vulnerabilidade das populações, especialmente as mais expostas.
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Durante os painéis e debates, entre as agendas do BHAP, do Ministério da Saúde, da sociedade civil e dos povos tradicionais ficou claro que saúde e clima não podem ser considerados separadamente. A saúde da floresta e a saúde dos povos que nela habitam estão intrinsecamente interligadas.
Como destacou Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no Dia da Saúde da COP30: “A crise climática é, fundamentalmente, uma crise de saúde”. Ele exortou governos e instituições a adotar o Plano de Belém de forma concreta e imediata, com foco especial nas populações vulneráveis, nas comunidades tradicionais e na participação social.
A enfermeira e epidemiologista Ethel Maciel, enviada especial para saúde da COP30, disse: “A ideia é que a COP30 seja de implementação e que a gente também tenha, do ponto de vista da saúde, ações mais efetivas”. A proposta não é apenas discursiva, mas de ação real, com fortalecimento do sistema de saúde, vigilância, capacitação e adaptação”, disse.
Telemedicina como ponte entre saúde, justiça social e preservação
Para a Portal Telemedicina e a Conexão Povos da Floresta, a COP30 não representou apenas um evento de participação, foi uma oportunidade de mostrar soluções reais. Nossa proposta de Teleessaúde, integrando projetos como Saúde Am Digital e Conexão Saúde, ganha especial relevância num contexto em que saúde e clima se cruzam de forma inescapável. Levar telemedicina de qualidade às comunidades que vivem na floresta, que protegem o meio ambiente, que ficam distantes aos grandes centros urbanos, às populações mais vulneráveis, é democratizar o acesso à saúde e também uma ação de justiça climática.
Durante a conferência, promovemos oficinas rápidas de uso da ferramenta junto a mobilizadores de saúde tanto de povos tradicionais quanto de profissionais da rede. Participamos da celebração dos 40 anos do Conselho Nacional de Saúde (CNS), esclarecemos dúvidas de participantes da Conexão na “Aldeia COP”, e estivemos presentes na Green Zone, aproximando-nos de potenciais parcerias, clientes e apoiadores.
Percebi, em cada convergência, que a tecnologia da telemedicina pode ser transformadora e não como fim em si, mas como meio de garantir acesso à saúde, dignidade e proteção a quem sempre esteve na linha de frente da defesa das florestas e da vida.
Networking, parcerias e diálogos que constroem futuro
A COP30 também foi palco de diálogos, articulações e construção de alianças. Estreitamos relações com mobilizadores de saúde, organizações da sociedade civil, lideranças tradicionais e autoridades governamentais. Esses contatos não foram casuais — carregam o potencial de se transformar em compromissos concretos, de se materializar em políticas, projetos e ações capazes de levar saúde e justiça climática a quem mais precisa.
Estar entre pessoas comprometidas com o bem maior, com a proteção do planeta, com o bem-estar humano e com a dignidade me trouxe a certeza de que estamos alinhados com uma causa maior. A sensação de fazer parte de algo que realmente importa foi forte. Estivemos juntos, com olhares diversos, mas com um propósito comum.
Vozes que ecoam: declarações inspiradoras
“A crise climática é, fundamentalmente, uma crise de saúde.”, Jarbas Barbosa, diretor da OPAS.
“A ideia é que a COP30 seja de implementação, e que a gente também tenha, do ponto de vista da saúde, ações mais efetivas.”, Ethel Maciel, Enviada Especial para Saúde da COP30.
E do nosso lado como Portal Telemedicina, algo que costumo afirmar: Estar aqui não é apenas representar uma empresa. É representar histórias, comunidades, territórios, culturas. É levar saúde, dignidade e cuidado a quem sempre esteve na linha de frente da defesa da floresta.
Por que isso importa para o Brasil e para o mundo
A COP30 colocou em evidência aquilo que muitos de nós já sabemos: saúde e meio ambiente não são realidades separadas. As mudanças climáticas não ameaçam apenas espécies ou ecossistemas elas ameaçam vidas humanas, comunidades, culturas, futuro. Para muitos povos tradicionais e comunidades vulneráveis, os impactos já são sentidos hoje.
O Plano de Ação em Saúde de Belém é um avanço histórico, mas é só o começo. Ele oferece um marco, uma estrutura e diretrizes, mas a implementação depende de nós: governos, instituições, sociedade civil, empresas e comunidades.
Nesse contexto, iniciativas como a nossa têm papel estratégico. A telemedicina e a saúde digital, integradas a uma visão de justiça climática e inclusão social, podem ser instrumentos concretos de transformação, de acesso à saúde digna, de valorização dos territórios, de respeito aos povos, de preservação da floresta.
Um compromisso renovado com o futuro
Volto de Belém com o sentimento de que a missão continua e se fortalece. A Portal Telemedicina reafirma seu compromisso com a saúde universal, com a inclusão e com a justiça climática.
A COP30 nos mostrou que não dá mais para esperar. Que o tempo de agir é agora. Que saúde, clima e justiça social caminham juntos. E que, em união, com tecnologia, respeito e solidariedade, podemos transformar realidades.
Precisamos todos juntos, governos, sociedade civil, parceiros e comunidades para somar forças. Acreditar, apoiar, participar, cobrar, monitorar. Não adianta apenas saírem acordos deste encontro que nunca serão cumpridos. Temos de cada um de nós, fazer nossas micro revoluções, em nossos hábitos, ter atenção onde investimos nosso tempo e dinheiro, e também cobrar de grandes empresas e potencias mundiais que tomem ações concretas pelo clima e não apenas promessas. Porque proteger o planeta não é opcional é urgente. Cuidar da saúde é cuidar da vida de todos nós.




