Gastroenterite bacteriana: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento
Atualizado em 18 de julho de 2025 por Redação
A gastroenterite bacteriana é uma infecção intestinal causada por diferentes tipos de bactérias, como Salmonella, Escherichia coli e Shigella. Comum em países tropicais e com saneamento básico precário, a condição provoca inflamação no trato gastrointestinal, levando a sintomas como diarreia intensa, febre, vômitos e dor abdominal.
Embora geralmente autolimitada, a gastroenterite bacteriana pode evoluir para quadros graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas. O tratamento adequado e o diagnóstico precoce são fundamentais para evitar complicações como desidratação severa ou sepse.
O que é gastroenterite bacteriana?
Gastroenterite bacteriana é a inflamação do trato gastrointestinal — principalmente estômago e intestino — causada por bactérias presentes em água ou alimentos contaminados. Diferente das gastroenterites virais, costuma causar sintomas mais intensos e maior risco de complicações, especialmente quando há sangue ou muco nas fezes.
Diferença entre gastroenterite viral, bacteriana e parasitária
Tipo | Agente causador | Diarreia com sangue? | Tratamento base |
Viral | Rotavírus, Norovírus | Não | Hidratação e repouso |
Bacteriana | E. coli, Salmonella | Sim, em alguns casos | Pode precisar de antibióticos |
Parasitária | Giardia, Entamoeba | Raramente | Antiparasitários específicos |
Principais bactérias envolvidas
- Salmonella spp.
- Escherichia coli (E. coli)
- Shigella
- Campylobacter
- Clostridium perfringens
- Yersinia enterocolitica
Quais são as causas da gastroenterite bacteriana?
A principal forma de transmissão é o consumo de alimentos contaminados — principalmente carnes malcozidas, ovos crus, leite não pasteurizado e vegetais mal lavados. Também pode ocorrer por contato direto com superfícies ou objetos contaminados e de pessoa para pessoa, especialmente em locais com baixa higienização.
As principais bactérias associadas à gastroenterite são:
- Salmonella spp. – frequentemente ligada a ovos e carne de frango contaminados.
- Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) – comum em surtos alimentares.
- Shigella spp. – transmitida via fecal-oral, muito contagiosa.
- Campylobacter jejuni – associada a aves e leite cru.
Quais são os sintomas da gastroenterite bacteriana?
Os sinais clínicos da gastroenterite bacteriana variam de acordo com o agente causador, mas, de forma geral, incluem:
- Diarreia (com ou sem presença de sangue ou muco)
- Náuseas e vômitos
- Dor abdominal e cólicas intensas
- Febre
- Mal-estar geral
- Desidratação (boca seca, tontura, redução da urina)
A duração dos sintomas varia de 3 a 10 dias, dependendo do tipo de bactéria e do estado imunológico do paciente.
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Como a gastroenterite bacteriana é transmitida?
A principal forma de contágio é pela via fecal-oral, incluindo:
- Ingestão de alimentos ou água contaminada;
- Contato com superfícies infectadas;
- Manipulação de alimentos por pessoas infectadas;
- Consumo de carnes mal cozidas, especialmente frango.
Sim, a gastroenterite bacteriana é contagiosa, especialmente em ambientes com baixa higiene. A transmissão pode ocorrer em escolas, creches, hospitais e entre familiares.
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Como é feito o diagnóstico?
- O diagnóstico clínico é baseado na história do paciente (viagens recentes, ingestão de alimentos suspeitos) e na avaliação dos sintomas. Exames laboratoriais, como coprocultura e hemograma, ajudam a confirmar a etiologia e a diferenciar de outras causas de diarreia infecciosa, como vírus ou parasitas.
- Em casos graves, pode ser necessário realizar exames de fezes para detectar toxinas bacterianas ou culturas específicas para antibiótico-terapia direcionada.
Diagnóstico diferencial: Tabela visual
Tipo de gastroenterite | Sintomas marcantes | Duração | Tratamento padrão |
Viral | Diarreia aquosa, vômitos | 2 a 7 dias | Hidratação, suporte, sem antibiótico |
Bacteriana | Diarreia com sangue, febre | 5 a 14 dias* | Hidratação, antibiótico em casos graves |
Parasitária | Evolução arrastada, cólicas | Semanas a meses | Antiparasitário específico |
*Varia conforme a bactéria envolvida e condições do paciente.
Fluxograma prático de diagnóstico
- Avaliação dos sintomas e fatores de risco
- Exclusão de sinais de alarme (sangue nas fezes, hipotensão, convulsão, confusão)
- Solicitação de exames em casos graves, persistentes ou suspeita de surto
Quanto tempo dura a gastroenterite bacteriana?
A duração depende da bactéria causadora. Confira a média:
Bactéria | Duração média dos sintomas |
E. coli | 3 a 7 dias |
Salmonella | 4 a 7 dias |
Shigella | 5 a 10 dias |
Campylobacter | 3 a 5 dias |
Quando a gastroenterite exige atendimento médico imediato?
Procure um serviço de saúde nos seguintes casos:
- Diarreia com sangue ou duração maior que 3 dias;
- Febre alta persistente;
- Sinais graves de desidratação;
- Vômitos intensos e constantes;
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Em bebês, idosos ou pessoas imunossuprimidas.
Gastroenterite bacteriana em bebês e crianças
Crianças pequenas são mais vulneráveis à desidratação rápida. Fique atento a:
- Letargia
- Olhos fundos
- Redução das mamadas ou ingestão de líquidos
- Diminuição das trocas de fralda
Nesses casos, o acompanhamento médico deve ser imediato. Em hospitais, pode ser necessário hidratação venosa.
Tratamento da gastroenterite bacteriana
- Hidratação oral: Principal forma de tratamento.
- Soro caseiro ou soluções de reidratação oral (SRO) são indicados.
- Antibióticos: Somente em casos específicos — Shigella, Salmonella typhi, ou E. coli com complicações, e sempre com prescrição médica.
- Probióticos: Podem auxiliar na recuperação da flora intestinal.
❌ A automedicação com antibióticos é contraindicada. Pode causar resistência bacteriana e agravar o quadro.
Antibióticos: Quando usar e quando evitar
Bactéria | Antibióticos recomendados | Situação |
Shigella | Ciprofloxacino, azitromicina | Casos moderados a graves |
Salmonella typhi | Ceftriaxona, azitromicina | Febre tifoide |
E. coli (STEC) | Não recomendado | Pode aumentar risco de síndrome hemolítico-urêmica |
Campylobacter | Azitromicina | Casos graves ou pacientes vulneráveis |
Grupos de risco e complicações graves
- Desidratação: maior risco em crianças pequenas e idosos.
- Síndrome hemolítico-urêmica (E. coli O157:H7): pode causar insuficiência renal.
- Sepse, insuficiência hepática e choque: casos raros, porém graves, requerem internação imediata.
- Recorrência: pode ocorrer se houver reinfecção, uso inadequado de antibióticos ou doença de base.
Prevenção
Medidas simples de higiene podem reduzir significativamente os casos de gastroenterite bacteriana:
- Lavar bem as mãos antes das refeições e após ir ao banheiro
- Cozinhar adequadamente carnes e ovos
- Lavar frutas e verduras com água potável
- Evitar consumir alimentos de procedência duvidosa, especialmente em viagens
- Armazenar alimentos em temperaturas seguras
Casos práticos e tópicos especiais
- Em crianças: desidratação pode ser grave em poucas horas; hospitalização pode ser necessária.
- Em idosos: risco aumentado de complicações cardíacas e renais; atenção redobrada à hidratação.
- Em viagens: viaje preparado, evite gelo, saladas e alimentos crus.
O papel da telemedicina no manejo da gastroenterite
A telemedicina possibilita:
- Triagem rápida para diferenciação de gravidade
- Orientação sobre sinais de alerta e cuidados domiciliares
- Acompanhamento de evolução clínica e resposta ao tratamento
- Evitar deslocamentos desnecessários, especialmente em surtos ou para populações frágeis
- Compartilhamento de laudos, exames e dados clínicos em tempo real para especialistas
Relação com saúde pública
Casos de gastroenterite bacteriana são monitorados por órgãos como Anvisa, CDC e OMS, pois surtos podem ocorrer em larga escala. A higienização correta dos alimentos e a fiscalização sanitária são medidas essenciais para prevenção.
Conclusão
A gastroenterite bacteriana é uma infecção comum, porém potencialmente grave, especialmente em populações vulneráveis. Com diagnóstico clínico bem conduzido, hidratação adequada e medidas preventivas, a maioria dos casos evolui positivamente. Em ambientes clínicos e de telemedicina, o acompanhamento profissional é essencial para garantir um tratamento seguro e eficaz.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é gastroenterite bacteriana?
A gastroenterite bacteriana é uma infecção intestinal causada por bactérias como Salmonella, Escherichia coli (E. coli), Shigella ou Campylobacter. Ela provoca inflamação no estômago e intestinos, resultando em sintomas como diarreia intensa, febre, dor abdominal e, em alguns casos, vômitos. A infecção pode ocorrer por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados.
Como saber se a gastroenterite é viral ou bacteriana?
A distinção entre gastroenterite viral e bacteriana pode ser feita com base nos sintomas, duração e, idealmente, por exames laboratoriais. Casos bacterianos tendem a apresentar febre alta, diarreia com sangue ou muco, e sintomas mais prolongados. Já os casos virais costumam ser autolimitados e com sintomas mais leves. O diagnóstico preciso deve ser feito por um médico.
O que causa gastroenterite bacteriana?
A principal causa da gastroenterite bacteriana é a ingestão de alimentos malcozidos ou crus, água contaminada, más condições de higiene e contato com superfícies ou pessoas infectadas. Viagens para locais com saneamento precário também aumentam o risco. A infecção se desenvolve quando as bactérias invadem o trato gastrointestinal e liberam toxinas que irritam o intestino.
Toda diarreia com sangue é gastroenterite bacteriana?
Não. Algumas infecções virais, parasitárias e até doenças inflamatórias podem causar sangue nas fezes. Procure sempre avaliação médica.
Preciso tomar antibiótico para gastroenterite bacteriana?
Somente se houver critérios clínicos bem definidos. A grande maioria dos casos é autolimitada e antibióticos podem até prejudicar a recuperação.