Vício em aposta: Entenda os sintomas, consequências e o papel da telemedicina no tratamento
Atualizado em 23 de maio de 2025 por Redação
O vício em aposta, também chamado de ludopatia ou transtorno do jogo, é uma condição reconhecida pela medicina e classificada pela CID-11 (6C50) como um transtorno do controle dos impulsos. Com o crescimento das plataformas digitais de apostas esportivas e cassinos online, esse problema ganhou proporções alarmantes no Brasil.
Neste post, você vai entender:
- O que caracteriza o vício em apostas
- Quais são os sintomas e como identificar
- Quais são os impactos na saúde mental e na vida social
- Como a telemedicina oferece apoio psicológico e psiquiátrico acessível e humanizado
O que é o vício em aposta?
O vício em aposta é um transtorno comportamental caracterizado pela dificuldade ou incapacidade de resistir ao impulso de apostar, mesmo que isso traga prejuízos financeiros, sociais ou emocionais.
O cérebro do apostador compulsivo responde às apostas como se estivesse diante de uma substância viciante. Durante o jogo, há uma liberação intensa de dopamina, neurotransmissor relacionado ao prazer. Com o tempo, o cérebro exige estímulos cada vez maiores, levando à escalada progressiva das apostas.
O que causa a dependência por jogos?
Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da ludopatia:
- Predisposição genética e histórico familiar de vícios
- Transtornos psiquiátricos associados (TDAH, depressão, bipolaridade)
- Exposição precoce a jogos de azar
- Facilidade de acesso a sites e aplicativos de apostas
- Campanhas de marketing com gatilhos psicológicos poderosos
Estudos indicam que a ativação do sistema de recompensa causada pelas apostas pode ser comparável – e até mais intensa – do que a induzida por drogas como cocaína.
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Legislação brasileira sobre apostas
Desde 2018, o Brasil legalizou as apostas de quota fixa em eventos esportivos por meio da Lei 13.756/2018. A regulamentação prática chegou apenas em 2023, com a Lei 14.790/2023, que estabeleceu diretrizes como:
- Proibição de menores de 18 anos
- Obrigatoriedade de verificação de identidade dos usuários
- Regras de proteção de dados e combate à lavagem de dinheiro
- Exigência de licença do Ministério da Fazenda para operação legal
Essas medidas visam oferecer maior segurança ao consumidor e coibir práticas abusivas no mercado das “bets”.
Sintomas do vício em apostas: Sinais de alerta
Você pode estar lidando com a ludopatia se identificar os seguintes sinais (baseados no DSM-5):
- Necessidade crescente de apostar valores maiores para sentir a mesma emoção
- Mentiras frequentes para esconder o tempo ou dinheiro gastos
- Irritação, ansiedade ou insônia quando tenta parar
- Repetidas tentativas frustradas de abandonar o jogo
- Comprometimento da vida profissional, familiar ou social
- Apostar para escapar de problemas emocionais
- Solicitação de ajuda financeira para cobrir dívidas relacionadas ao jogo
Se quatro ou mais desses sintomas persistirem por um período superior a 12 meses, o diagnóstico de ludopatia pode ser confirmado por um profissional de saúde mental.
Impactos do vício em aposta na vida do paciente
Além do prejuízo financeiro, a ludopatia pode desencadear sérias consequências:
1. Transtornos mentais associados
Estudos apontam que jogadores compulsivos tendem a desenvolver depressão ou ansiedade. A sensação de culpa e fracasso também é comum.
2. Conflitos familiares e isolamento
A mentira, o estresse e o descontrole financeiro causam desgaste emocional, separações e afastamento de entes queridos.
3. Risco aumentado de suicídio
O desespero diante das dívidas e da perda de controle pode levar a pensamentos suicidas. É fundamental tratar a ludopatia com a seriedade que ela exige.
Por que o cérebro fica viciado em apostas?
Assim como drogas e álcool, as apostas ativam o sistema de recompensa cerebral. A dopamina liberada durante vitórias (ou mesmo na expectativa delas) gera euforia, criando dependência. Estudos mostram que a fissura por apostas pode ser mais intensa do que a por cocaína.
Fatores de risco:
- Predisposição genética.
- Transtornos psiquiátricos prévios (TDAH, depressão).
- Exposição precoce a jogos de azar.
- Acesso facilitado a apps de apostas.
Consequências do vício em apostas
Além das dívidas, o transtorno do jogo desencadeia:
- Problemas de saúde mental: 60% dos jogadores compulsivos desenvolvem depressão ou ansiedade (Anahp).
- Ruptura de relacionamentos: Conflitos familiares e divórcios são comuns.
- Risco de suicídio: Perdas financeiras extremas levam a crises emocionais graves.
Como saber se você está viciado em apostas?
Reconhecer o vício em apostas é fundamental para buscar ajuda. O transtorno, também chamado de ludopatia, é diagnosticado quando a pessoa apresenta pelo menos quatro dos critérios listados pela Associação Americana de Psiquiatria e pelo DSM-5, durante pelo menos 12 meses.
Principais sinais de alerta incluem:
- Necessidade de aumentar o valor das apostas para sentir a mesma excitação.
- Irritação ou ansiedade ao tentar parar de apostar.
- Pensamentos constantes sobre apostas, planejando ou relembrando jogos.
- Mentir para familiares e amigos sobre o tempo ou dinheiro gasto.
- Perda de controle, com tentativas frustradas de parar ou reduzir as apostas.
- Apostar para escapar de problemas emocionais ou recuperar prejuízos (“perseguir perdas”).
- Negligenciar responsabilidades pessoais, profissionais ou sociais por causa do jogo.
- Buscar apoio financeiro de terceiros para cobrir dívidas de apostas.
Se você se identificou com quatro ou mais desses sinais, é recomendado procurar avaliação profissional. O vício em apostas pode variar de leve a grave e tende a piorar sem tratamento adequado.
Como a telemedicina ajuda no tratamento do vício em apostas?
A telemedicina surge como uma solução acessível, discreta e eficaz para o tratamento da ludopatia. Veja como ela atua em diferentes frentes:
1. Psicoterapia online especializada
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada o tratamento mais eficaz para vícios comportamentais. Na telemedicina, o paciente pode:
- Identificar gatilhos emocionais
- Desenvolver estratégias de controle dos impulsos
- Reestruturar hábitos e crenças nocivas
2. Acompanhamento psiquiátrico remoto
Muitos casos exigem intervenção medicamentosa, especialmente quando há comorbidades como ansiedade ou depressão. Através de consultas online, é possível receber prescrição e monitoramento adequado.
3. Apoio contínuo via grupos e tecnologia
Ferramentas complementares ajudam no processo de recuperação:
- Aplicativos de bloqueio de sites de apostas (ex: Betblocker, Gamban)
- Grupos de apoio virtuais, como Jogadores Anônimos Online
- Alertas digitais de controle de tempo e gastos
Como familiares podem ajudar?
O apoio da família é essencial no processo de superação. Se você suspeita que alguém está enfrentando esse problema:
- Observe mudanças bruscas de comportamento
- Evite julgamentos: ofereça escuta e empatia
- Estimule a busca por ajuda profissional
- Nunca cubra dívidas de jogo — isso reforça o comportamento compulsivo
Conclusão: ajuda especializada está ao seu alcance
O vício em apostas é um transtorno real e tratável. Negar o problema apenas prolonga o sofrimento. A boa notícia é que o apoio necessário está a poucos cliques de distância.