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Teleconsulta no SUS: como funciona, benefícios e desafios

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médica em consultório atendendo por teleconsulta

A teleconsulta no SUS tem transformado o acesso à saúde pública no Brasil, permitindo que pacientes sejam atendidos por profissionais médicos à distância — com qualidade, segurança e agilidade.
Essa modalidade faz parte da expansão da telemedicina dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), que vem incorporando tecnologias de comunicação e inteligência artificial para ampliar o alcance do atendimento, especialmente em regiões com escassez de especialistas.

Nos últimos anos, a regulamentação e o avanço da conectividade digital permitiram que o SUS consolidasse a teleconsulta como um dos principais instrumentos de democratização do cuidado em saúde.

O que é teleconsulta no SUS

A teleconsulta no SUS é o atendimento médico realizado de forma remota, por meio de plataformas digitais seguras.
O paciente pode ser atendido por um profissional de saúde em tempo real, por vídeo, áudio ou chat, sem precisar se deslocar até o hospital ou posto de saúde.

Essa prática foi ampliada durante a pandemia e, desde então, vem sendo incorporada de forma permanente às estratégias de atenção primária, agilizando diagnósticos, acompanhamento de doenças crônicas e triagem de casos que precisam de atendimento presencial.

Como a teleconsulta é regulamentada no SUS

O Ministério da Saúde regulamenta a teleconsulta no SUS por meio de portarias e resoluções que definem critérios de segurança, sigilo e interoperabilidade dos dados.
Atualmente, o programa Telessaúde Brasil Redes é o principal responsável por oferecer suporte técnico, capacitação e infraestrutura digital para municípios e estados que utilizam a teleconsulta no SUS.

Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) define normas éticas que garantem a segurança do paciente e a autonomia do médico durante o atendimento remoto, reforçando que o vínculo clínico pode ser iniciado de forma digital.

Principais benefícios da teleconsulta no SUS

A expansão da teleconsulta traz ganhos expressivos para pacientes, profissionais e o sistema público de saúde:

  • Acesso ampliado: possibilita atendimento médico em locais de difícil acesso, reduzindo desigualdades regionais.

  • Menos deslocamentos e filas: pacientes evitam viagens longas para consultas simples.

  • Agilidade nos diagnósticos: o tempo de espera por atendimento e laudos é reduzido de semanas para horas.

  • Otimização de recursos: melhora a gestão de equipes médicas e a utilização de leitos hospitalares.

  • Acompanhamento contínuo: permite o monitoramento remoto de pacientes com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

Importância de um prestador de qualidade

Para que a telemedicina no SUS funcione de forma eficaz, é essencial que os prestadores desses serviços tenham:

  • Segurança de dados: A proteção dos dados dos pacientes é fundamental para assegurar a confiança no sistema.
  • Infraestrutura técnica robusta: O sistema precisa de uma infraestrutura confiável para evitar falhas durante os atendimentos.
  • Profissionais capacitados: A capacitação de profissionais é essencial para que eles se adaptem ao uso das plataformas e ofereçam um atendimento de qualidade.

Teleconsulta, Telemedicina e Inteligência Artificial: uma Integração Estratégica

A teleconsulta é uma das aplicações práticas da telemedicina, e sua eficiência é potencializada pelo uso de inteligência artificial (IA).
Soluções como as desenvolvidas pelo Portal Telemedicina permitem detectar padrões em exames, priorizar casos urgentes e acelerar a emissão de laudos médicos com alta precisão.

Por meio da IA, exames como mamografias, raio-x e tomografias são analisados automaticamente, identificando alterações suspeitas antes mesmo da avaliação médica.
Essa integração entre teleconsulta, telemedicina e IA garante um diagnóstico mais rápido e reduz riscos de erro, o que é vital para doenças como o câncer de mama, doenças cardíacas e pneumonias.

Como acessar a teleconsulta pelo SUS

Para agendar uma teleconsulta no SUS, o paciente deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou o posto de saúde mais próximo.
O agendamento é feito pela própria equipe da unidade, que encaminha o paciente para o atendimento remoto com o profissional disponível.

Alguns estados e municípios oferecem plataformas de teleatendimento próprias, integradas ao Telessaúde Brasil, onde o paciente pode acessar as consultas online diretamente.

Etapas comuns do processo:

  1. Agendamento na UBS ou por aplicativo local do SUS;

  2. Triagem e registro do paciente;

  3. Consulta remota via vídeo, com o médico da rede pública;

  4. Encaminhamento para exames, laudos ou consulta presencial, quando necessário.

RNDS e Telemedicina

A RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde) é uma iniciativa do Ministério da Saúde que visa integrar e compartilhar informações de saúde de forma segura e eficiente, com o objetivo de melhorar a gestão dos serviços de saúde no Brasil. 

A RNDS permite a troca de dados entre sistemas de diferentes esferas, como o SUS, unidades de saúde e outros órgãos do governo, utilizando padrões técnicos e protocolos para garantir a interoperabilidade e a confidencialidade das informações. Sua implementação busca promover uma gestão mais eficaz, o acesso a dados de saúde em tempo real, o que auxilia a atuação do médico através da telemedicina, e consequente melhoria da qualidade dos atendimentos. A partir da centralização dos dados de saúde, profissionais da área podem acessar todo o histórico de saúde, permitindo um atendimento mais personalizado e diagnósticos mais precisos.

A legislação e a telemedicina no SUS

A telemedicina no SUS é regulamentada pelo Ministério da Saúde, através da Lei 14.510, de 2022, que autoriza e disciplina a prática da telessaúde em todo o território nacional, e outras autoridades competentes como o CFM para garantir a segurança e qualidade dos atendimentos. A legislação cobre aspectos como:

  • Segurança e privacidade dos dados: Garantindo que os dados dos pacientes estejam protegidos conforme as normas de proteção de dados.
  • Capacitação e certificação dos profissionais: Somente profissionais qualificados e capacitados podem realizar atendimentos pela telemedicina.

O que ainda precisa ser melhorado?

Apesar dos avanços, ainda há áreas que podem ser aprimoradas na telemedicina do SUS, uma delas está relacionada a falta de infraestrutura de tecnologia e conexão com a internet, uma premissa para que atendimentos online possam acontecer. Além disso outros aspectos são:

  • Expansão da cobertura: Ampliar o alcance da telemedicina para atender mais áreas remotas, onde a falta de especialistas é crítica.
  • Integração com novas tecnologias: Ferramentas como inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) podem melhorar a precisão dos diagnósticos e facilitar o monitoramento remoto de pacientes.
  • Acesso a Especialidades Médicas Raras: A telemedicina pode ajudar a conectar pacientes com médicos de especialidades raras, que podem estar disponíveis apenas em grandes centros.

Como a telemedicina no SUS melhora a experiência do usuário

A telemedicina melhora significativamente a experiência dos pacientes de diversas maneiras. Um dos principais benefícios é o acesso rápido aos cuidados médicos, sem a necessidade de deslocamento, o que facilita a realização de consultas e exames de forma prática e sem as longas viagens que, muitas vezes, são necessárias em atendimentos presenciais. Isso torna o processo de cuidados mais eficiente e menos oneroso para os pacientes.

Além disso, a telemedicina permite um acompanhamento mais próximo e personalizado, especialmente para aqueles que vivem com doenças crônicas. Com o uso dessa tecnologia, os pacientes podem receber orientações contínuas e monitoramento constante, o que é essencial para o tratamento de condições complexas. Esse acompanhamento contínuo garante que os pacientes estejam sempre atualizados e orientados sobre as melhores práticas para o manejo de suas condições de saúde.

Saiba mais: As vantagens da integração de dados na saúde

Parcerias público-privadas: O papel da iniciativa privada

Parcerias com a iniciativa privada podem potencializar o avanço da telemedicina no SUS, trazendo aprimoramento da infraestrutura, inovação tecnológica e capacitação de profissionais:

  • Aprimoramento da infraestrutura: Melhoria na tecnologia utilizada nas plataformas de teleconsulta e nos processos de digitalização dos serviços.
  • Inovação tecnológica: A adoção de novas tecnologias, como IA, pode otimizar diagnósticos e tratamentos.
  • Capacitação de profissionais de saúde: A iniciativa privada pode auxiliar na formação de profissionais para que estejam aptos a atender remotamente com eficiência.

Um exemplo de parceria público-privada de sucesso é o Piauí Saúde Digital, desenvolvido com a tecnologia da Portal Telemedicina em parceria com o governo do Piauí e a Integra Saúde Digital. O programa tem o objetivo de democratizar o acesso a especialidades médicas através da telemedicina, ampliando e melhorando a rede de serviços de saúde. Presente em todas as cidades do estado, já realizou mais 220 mil atendimentos entre teleconsultas e telediagnósticos.

Os resultados têm gerado um impacto positivo como redução de gastos com exames, transporte, redução de filas para consultas com especialistas e agilidade no diagnóstico de doenças. Além disso, a tecnologia possui integração com o e-SUS APS e RNDS, o que facilita tanto a centralização das informações de saúde do paciente quanto os repasses do SUS aos municípios.

Desafios e futuro da teleconsulta no SUS

Apesar dos avanços, ainda existem desafios para ampliar a cobertura nacional da teleconsulta.
Entre eles estão a conectividade limitada em regiões rurais, a carência de infraestrutura tecnológica e a necessidade de capacitação das equipes de saúde.

No entanto, o futuro da teleconsulta no SUS é promissor.
Com a expansão da banda larga, o uso crescente de IA e a integração com prontuários eletrônicos unificados, espera-se que o Brasil alcance um modelo de saúde pública mais acessível, digital e resolutivo.

Conclusão

A telemedicina no SUS é uma ferramenta essencial para transformar o acesso à saúde pública no Brasil. Com suas vantagens de aumentar o acesso, reduzir custos e melhorar a qualidade do atendimento, ela se torna indispensável para a gestão pública de saúde. No entanto, é necessário continuar investindo em tecnologias e ampliar a cobertura para que mais brasileiros possam se beneficiar desse serviço.

O futuro da telemedicina no SUS depende da continuidade de programas como o Telessaúde Brasil Redes e do suporte de parcerias com a iniciativa privada, que juntos podem levar a saúde pública no Brasil para um novo patamar.

Explore mais conteúdos sobre telemedicina e saúde digital em nosso blog e fique por dentro das inovações que transformam a saúde pública.

 

Perguntas Frequentes

O que é a teleconsulta no SUS?

A teleconsulta no SUS é uma forma de atendimento médico à distância, em que o paciente conversa com o profissional de saúde por meio de videochamada, sem precisar se deslocar até uma unidade física.

Quem pode fazer teleconsulta pelo SUS?

Qualquer pessoa cadastrada no Sistema Único de Saúde (SUS) pode realizar uma teleconsulta, desde que o serviço esteja disponível na unidade de saúde do seu município.

Como agendar uma teleconsulta no SUS?

O agendamento pode ser feito diretamente na unidade de saúde ou pelo aplicativo Conecte SUS, quando o serviço de teleconsulta estiver integrado à rede local.

Quais especialidades médicas oferecem teleconsulta no SUS?

As especialidades variam conforme o município, mas geralmente incluem clínica geral, psiquiatria, ginecologia, cardiologia e dermatologia, entre outras.

Redação

Redação é o time de especialistas em conteúdo da Portal Telemedicina, responsável por criar e compartilhar informações atualizadas e relevantes sobre tecnologia em saúde, telemedicina e inovações no setor.

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