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Doenças ocupacionais: O que são, tipos, causas, exemplos e prevenção

10 min. de leitura

paciente em consultório com médico avaliando

As doenças ocupacionais estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil e representam um desafio crescente para empresas e profissionais de saúde. Elas não apenas afetam a produtividade, mas também o bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

Com as novas normas de 2025 e a atualização da lista do Ministério da Saúde, compreender e prevenir essas doenças tornou-se uma prioridade em todas as áreas — da indústria ao setor administrativo.

O que são doenças ocupacionais?

As doenças ocupacionais são enfermidades relacionadas diretamente ao trabalho ou às condições em que ele é realizado. Elas surgem pela exposição contínua a agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicossociais presentes no ambiente de trabalho.

A legislação brasileira distingue dois tipos principais:

Tipo de Doença

Descrição

Exemplo

Doença profissional

Está diretamente ligada à atividade ou função exercida.

Silicose em mineradores, perda auditiva em operários expostos a ruído.

Doença do trabalho

Resulta de condições inadequadas no ambiente ou da organização do trabalho.

LER/DORT em digitadores, burnout em profissionais sob pressão constante.

Ambas são equiparadas a acidentes de trabalho, conforme o artigo 20 da Lei nº 8.213/91, garantindo os mesmos direitos previdenciários e estabilidade ao trabalhador.

Principais doenças ocupacionais no Brasil

Em 2025, o Ministério da Saúde ampliou a lista oficial de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo 165 novas patologias, como Covid-19, transtornos mentais e cânceres ocupacionais.

As mais frequentes são:

1. LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares)

Causadas por movimentos repetitivos e posturas incorretas. Atingem principalmente profissionais administrativos, digitadores e operários.

2. Lombalgias e distúrbios musculoesqueléticos

Dores nas costas, hérnias e lesões articulares, decorrentes de má ergonomia, falta de pausas e sobrecarga física.

3. Doenças respiratórias ocupacionais

Bronquites, asma e pneumoconioses por inalação de poeiras, vapores químicos ou agentes biológicos.

4. Transtornos mentais e psicossociais

Depressão, ansiedade e Síndrome de Burnout são cada vez mais reconhecidas como doenças ocupacionais, causadas por jornadas exaustivas, assédio moral e estresse crônico.

5. Dermatites e intoxicações químicas

Comuns em profissionais que lidam com produtos de limpeza, cosméticos, tintas ou agrotóxicos.

6. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR)

Causada pela exposição contínua a ruídos intensos sem proteção auditiva adequada.

Principais causas e fatores de risco

As doenças ocupacionais são multifatoriais, mas geralmente envolvem falhas preventivas. Entre as causas mais comuns estão:

  • Ambientes com ruído, calor ou ventilação inadequada.

  • Falta ou uso incorreto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

  • Posturas incorretas, repetição de movimentos e pausas insuficientes.

  • Sobrecarga emocional e metas abusivas.

  • Exposição química ou biológica contínua.

  • Ausência de exames médicos ocupacionais regulares.

Esses fatores, quando somados, aumentam o risco de afastamentos e processos trabalhistas.

Leia também: Tudo sobre medicina do trabalho

Como é feito o diagnóstico das doenças ocupacionais

O diagnóstico exige uma avaliação clínica e documental detalhada, envolvendo o histórico do trabalhador e laudos técnicos, como:

  • PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos

  • PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

  • LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho

  • PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário

Esses documentos ajudam a comprovar o nexo causal entre a doença e a função exercida — etapa essencial para o reconhecimento do benefício previdenciário.

Direitos do trabalhador com doença ocupacional

Quando diagnosticado, o trabalhador tem direito a:

  • Auxílio-doença acidentário (B91), pago pelo INSS.

  • Estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho.

  • Depósito do FGTS durante o afastamento.

  • Manutenção do plano de saúde e reabilitação profissional, se necessário.

  • Possibilidade de aposentadoria por invalidez, quando há incapacidade definitiva.

Empresas que não registram a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) podem ser autuadas e responder civil e criminalmente.

Como prevenir doenças ocupacionais nas empresas

A prevenção é o eixo central da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) e deve envolver ações integradas:

  1. Invista em ergonomia:

    Adapte mobiliário, equipamentos e iluminação às atividades realizadas.

  2. Realize exames médicos periódicos:

    Identifique precocemente alterações de saúde e acompanhe a evolução dos colaboradores.

  3. Implemente o PGR e PCMSO de forma integrada:

    O cruzamento de dados entre riscos e exames médicos é essencial para o eSocial.

  4. Eduque e engaje os colaboradores:

    Treinamentos frequentes sobre prevenção, uso de EPIs e autocuidado são fundamentais.

  5. Adote a telemedicina ocupacional:

    Ferramentas digitais agilizam consultas, emissão de atestados e laudos médicos, reduzindo custos e afastamentos.

  6. Priorize a saúde mental:

    Programas de escuta ativa, pausas estratégicas e equilíbrio entre vida pessoal e profissional reduzem o risco de burnout e depressão.

Tendências e inovações em saúde ocupacional

O novo cenário regulatório traz transformações importantes:

  • Riscos psicossociais obrigatórios no GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais).

  • Digitalização dos laudos e auditorias automáticas via eSocial.

  • Uso de inteligência artificial (IA) e sensores IoT para monitorar temperatura, ruído e qualidade do ar em tempo real.

  • Integração da SST às práticas ESG, reforçando a sustentabilidade e o bem-estar organizacional.

Conclusão

As doenças ocupacionais não são apenas um problema médico, mas um desafio de gestão. Prevenir é sempre mais eficiente — e humano — do que tratar.

Empresas que investem em saúde ocupacional, tecnologia e telemedicina colhem resultados concretos: menos afastamentos, mais produtividade e colaboradores mais engajados. Cuidar da saúde no trabalho é cuidar do futuro da empresa — e das pessoas que fazem parte dela.

FAQ (Perguntas Frequentes)

O que é doença ocupacional?

A doença ocupacional é uma condição de saúde que surge ou se agrava em decorrência do trabalho. Ela pode ser causada por exposição contínua a agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou até mesmo fatores psicológicos ligados ao ambiente profissional. No Brasil, a legislação divide esse tipo de enfermidade em duas categorias: a doença profissional, que está diretamente relacionada à função exercida, como a perda auditiva em quem trabalha em ambientes com ruído intenso, e a doença do trabalho, que decorre das condições inadequadas do local ou da organização do trabalho, como casos de LER ou DORT em profissionais que passam muitas horas digitando. Ambas são equiparadas a acidentes de trabalho e dão direito a benefícios previdenciários, estabilidade e outros direitos garantidos por lei.

Como abrir CAT por doença ocupacional?

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser aberta sempre que houver suspeita de que a doença tenha relação com o trabalho. O empregador é o principal responsável por realizar esse registro, que pode ser feito de forma online, diretamente no site da Previdência Social. Durante o processo, é importante anexar laudos médicos e exames que comprovem o diagnóstico e a relação entre a atividade exercida e a enfermidade. Caso a empresa não realize o registro, o próprio trabalhador, o sindicato ou o médico assistente podem abrir a CAT. Esse documento é essencial para garantir o acesso ao auxílio-doença acidentário (código B91) e demais direitos previstos pela legislação trabalhista.

Como comprovar doença ocupacional?

Para comprovar uma doença ocupacional, é necessário demonstrar o nexo causal entre a atividade profissional e o surgimento ou agravamento da doença. Isso é feito por meio de documentos técnicos e médicos, como o laudo clínico, exames complementares e registros de programas obrigatórios da empresa, como o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e o LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho). O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) também é fundamental, pois descreve detalhadamente as funções exercidas, os agentes aos quais o trabalhador esteve exposto e as medidas de proteção adotadas. Todos esses elementos ajudam a comprovar a relação entre a doença e o ambiente laboral perante o INSS e a Justiça do Trabalho.

Como prevenir as doenças ocupacionais?

A prevenção das doenças ocupacionais é uma responsabilidade compartilhada entre empresas e trabalhadores. Ela começa com o mapeamento e o controle dos riscos no ambiente de trabalho, que devem estar documentados no PGR e acompanhados por ações previstas no PCMSO. Garantir a ergonomia adequada, o fornecimento e o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são medidas básicas e indispensáveis. Além disso, é importante oferecer pausas regulares, treinamentos sobre segurança, programas de ginástica laboral e acompanhamento médico periódico. A saúde mental também merece atenção, já que fatores como estresse, assédio e sobrecarga estão entre as causas mais comuns de adoecimento. Quando a empresa promove um ambiente saudável e equilibrado, reduz afastamentos, melhora a produtividade e reforça sua responsabilidade social.

 

Redação

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