Médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde enfrentam uma rotina intensa de atendimentos, plantões e constante atualização.
Nesse cenário, surge uma preocupação essencial: como lidar corretamente com as obrigações fiscais e burocráticas da profissão, especialmente no momento de abrir e manter um CNPJ na área da saúde em conformidade com a lei.
Formalizar a atividade como pessoa jurídica vai muito além de uma simples exigência legal: trata-se de uma decisão estratégica que impacta diretamente a rentabilidade da profissão, permitindo organizar melhor os ganhos e ampliar oportunidades de trabalho.
Outro aspecto importante é que, em geral, profissionais da saúde possuem faturamento elevado por CNPJ, o que exige atenção redobrada ao definir o enquadramento tributário mais adequado, ou seja, a forma como a empresa vai pagar impostos.
A definição do regime tributário, que pode ser o Simples Nacional, o Lucro Presumido ou, em casos específicos, o Lucro Real, impacta diretamente no rendimento líquido mensal. Por isso, contar com contabilidade especializada na área da saúde é essencial para garantir escolhas seguras, eficientes e rentáveis.
Além de dedicação intensa, trabalhar na área da saúde também envolve tomar decisões estratégicas sobre a forma de administrar os ganhos da profissão. Entre elas a de atuar como autônomo ou de formalizar-se por meio de um CNPJ – e a diferença entre esses dois modelos pode ser significativa.
É comum que a maioria dos médicos em início de carreira trabalhem como pessoa física, prestando serviços para hospitais, clínicas, em seus consultórios ou para planos de saúde. Nesse formato, o profissional será tributado como autônomo, o que geralmente resulta em alíquotas mais altas de Imposto de Renda.
Além disso, há as contribuições ao INSS como contribuinte individual. Embora obrigatórias apenas para quem presta serviços a empresas com emissão de RPA (Recibo de Pagamento Autônomo), elas são altamente recomendáveis a todos os profissionais da saúde, para garantir cobertura previdenciária.
Outro ponto de atenção é a limitação: como pessoa física, o profissional não pode emitir notas fiscais e tem pouca flexibilidade para organizar seus recebimentos.
Ao optar pela abertura de um CNPJ, o profissional da saúde formaliza sua atividade como pessoa jurídica, ampliando as oportunidades de trabalho e tornando-se mais competitivo no mercado. Isso porque muitas vagas de medicina no Brasil são destinadas exclusivamente a prestadores de serviço via CNPJ.
Para quem atua em regime de plantão, ter uma empresa aberta pode significar não apenas economia em tributos, mas também maior segurança jurídica e previsibilidade financeira.
A formalização permite reduzir a carga tributária, emitir notas fiscais, contratar equipe de forma regularizada, planejar os lucros e o pró-labore – que equivale ao salário dos sócios -, e organizar o negócio com mais profissionalismo. Outro benefício é o acesso facilitado a crédito e a condições diferenciadas oferecidas a pessoas jurídicas.
A abertura de um CNPJ na área da saúde pode ser feita logo após o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou até de forma simultânea, dependendo da especialidade que o profissional pretende exercer. Esse também é um passo estratégico que exige atenção a detalhes técnicos e legais.
Nessa etapa, é preciso definir o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) adequado, que descreve as atividades que a empresa irá desempenhar. Essa escolha é crucial, pois impacta diretamente no enquadramento fiscal e, consequentemente, no valor dos impostos a serem pagos.
Em seguida, é necessário definir a natureza jurídica, ou seja, a forma como a empresa será constituída. Essa escolha define se o profissional atuará sozinho ou com sócios, qual será a responsabilidade de cada um perante dívidas da empresa e como será formado o capital social.
As naturezas jurídicas mais comuns para profissionais da saúde são:
Após definir a natureza jurídica, o próximo passo é escolher o regime tributário, que determinará a forma como a empresa será tributada. Para profissionais da saúde, os enquadramentos mais comuns são:
Em casos mais específicos, o Lucro Real poderá ser o mais adequado para o perfil de faturamento e de atividade do profissional. Essa decisão influencia não apenas a carga tributária, mas também a forma de organizar o pró-labore, lucros e obrigações acessórias.
Após essa etapa, a documentação da empresa deve ser enviada para os órgãos competentes, e a empresa geralmente será registrada como uma microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP), de acordo com o faturamento anual estimado. É importante destacar que profissionais da saúde não podem atuar como MEI (Microempreendedor Individual).
Por fim, a legislação exige que o profissional tenha o acompanhamento de um contador responsável pelo CNPJ, garantindo que todas as obrigações fiscais, contábeis e tributárias sejam cumpridas corretamente desde o início.
A seguir, confira as diferenças entre Simples Nacional e Lucro Presumido, e em quais situações cada um pode ser mais vantajoso para médicos e outros profissionais da saúde.
O Simples Nacional é um regime de arrecadação simplificado voltado para micro e pequenas empresas, e muitos profissionais da saúde acabam escolhendo essa opção na hora de abrir o CNPJ.
Ele unifica a arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais em uma única guia chamada DAS, trazendo mais praticidade e organização para o profissional da saúde que atua via CNPJ.
É permitido para empresas com faturamento anual até R$ 4,8 milhões, desde que o CNAE escolhido seja compatível com a atividade médica, odontológica, psicológica ou de outras áreas da saúde.
De acordo com a Receita Federal, os principais impedimentos para uma empresa optar pelo Simples Nacional incluem:
No caso específico dos profissionais da saúde, a tributação geralmente ocorre pelo Anexo V, que tem alíquotas iniciais mais altas. No entanto, existe a possibilidade de migração para o Anexo III mediante aplicação do chamado Fator R.
Esse mecanismo compara o valor da folha de pagamento (incluindo pró-labore) com o faturamento da empresa. Se os gastos com pessoal representarem mais de 28% do faturamento, a empresa pode ser tributada pelo Anexo III (com fator R), com alíquotas mais baixas e progressivas, que podem iniciar em 6%, representando economia significativa em relação ao Anexo V.
Menos deduções: não há a possibilidade de descontar despesas operacionais, como ocorre em outros formatos de tributação.
O Lucro Presumido é um regime de tributação destinado a empresas com faturamento anual até R$ 78 milhões, bastante utilizado por profissionais da saúde com rendimento elevado e que não se enquadram no Simples Nacional ou que buscam maior previsibilidade na carga tributária.
No Lucro Presumido, a Receita Federal presume o lucro da empresa com base em um percentual fixo sobre o faturamento. Para serviços médicos e de saúde, esse percentual é de 32%. Sobre esse valor presumido incidem o IRPJ (15% + adicional de 10% sobre lucros que excedem R$ 20 mil por mês) e a CSLL (9%).
Além disso, há a cobrança do PIS e COFINS (3,65% sobre o faturamento bruto) e do ISS, que varia conforme o município (geralmente entre 2% e 5%).
Na prática, a carga tributária efetiva costuma ficar entre 13% e 16% do faturamento, dependendo do município e do volume de receitas.
Depois de entender as características de cada regime tributário, a pergunta que surge é: em quais situações o Simples Nacional é mais indicado e quando o Lucro Presumido pode ser mais vantajoso? A resposta depende do faturamento, da estrutura de custos e da forma como o profissional organiza sua atividade.
Para tomar a melhor decisão, o ideal é fazer uma simulação tributária personalizada, considerando o faturamento, a folha de pagamento, os CNAEs escolhidos e a estrutura de custos da atividade. Uma contabilidade especializada em saúde é essencial para avaliar todos esses fatores e indicar o modelo mais vantajoso para cada caso.
Diante de tantas regras específicas, a gestão contábil pode se tornar um desafio para médicos, dentistas, psicólogos e demais profissionais da saúde. Por isso, faz diferença contar com uma contabilidade especializada.
As dicas e recomendações acima foram fornecidas pela Contabilizei, maior escritório de contabilidade do Brasil e líder em abertura de empresas e gestão de CNPJs na área da saúde.
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