CID F90: O que é, sintomas, diagnóstico e tratamento do TDAH
Atualizado em 16 de maio de 2025 por Redação
CID F90 é o código usado na CID-10 para identificar o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Esse transtorno neurobiológico afeta crianças, adolescentes e adultos, sendo marcado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Neste artigo, entenda o que é o CID F90, seus subtipos, sintomas, diagnóstico, tratamento e impacto na vida cotidiana.
O que é o CID F90?
O CID F90 faz parte da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e refere-se aos transtornos hipercinéticos, sendo o F90.0 o código específico para o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Esse transtorno é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que interfere no funcionamento social, acadêmico ou profissional da pessoa.
História e evolução dos transtornos hipercinéticos
O reconhecimento dos transtornos hipercinéticos, hoje classificados como TDAH, evoluiu ao longo do século XX. Inicialmente, quadros de hiperatividade e impulsividade em crianças eram atribuídos a “dano cerebral mínimo” ou “disfunção cerebral mínima”, com explicações pouco precisas. Na década de 1920, epidemias como a encefalite letárgica ajudaram a identificar sintomas comportamentais pós-encefálicos, incluindo hiperatividade.
Nos anos 1960, o termo “Reação Hipercinética da Infância” foi incluído no DSM-II, marcando o reconhecimento formal do transtorno. Ao longo das décadas seguintes, os critérios diagnósticos foram refinados, com maior ênfase na desatenção, impulsividade e hiperatividade. O DSM-III (1980) passou a focar mais no excesso de movimento e na incapacidade de inibição dos impulsos, enquanto o DSM-V e o CID-11 trouxeram critérios mais amplos, considerando fatores sociais, familiares e escolares, além de reconhecer o TDAH em adultos. Hoje, o TDAH é entendido como um transtorno neurobiológico real, com causas genéticas e manifestações clínicas variadas, e não apenas como um problema de comportamento
Quais os sintomas do CID F90?
Os sintomas do TDAH se dividem em dois grandes grupos:
- Desatenção:
- Dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades.
- Esquecimento frequente de compromissos ou materiais.
- Dificuldade em seguir instruções ou terminar tarefas.
- Distração fácil por estímulos externos.
- Hiperatividade e impulsividade:
- Inquietação, dificuldade de permanecer sentado.
- Falar excessivamente ou interromper os outros.
- Agir sem pensar nas consequências.
- Dificuldade em esperar a sua vez.
Esses sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses, ser inadequados para a idade e causar prejuízo significativo na vida cotidiana.
Subtipos e códigos relacionados ao CID F90
O CID F90 possui subtipos importantes:
- F90.0: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, tipo combinado (mais comum).
- F90.1: Transtorno hipercinético associado a transtorno de conduta.
- F90.8: Outros transtornos hipercinéticos.
- F90.9: Transtorno hipercinético não especificado.
É possível que o TDAH ocorra junto de outros transtornos, como autismo (F84), transtornos de aprendizagem ou deficiência intelectual (F70).
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Como é feito o diagnóstico do CID F90 (TDAH)?
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por especialistas como psiquiatra, neurologista, neuropediatra ou psicólogo, após avaliação detalhada dos sintomas, histórico familiar, desempenho escolar e social. Não existe um exame laboratorial específico para TDAH, mas testes neuropsicológicos e questionários padronizados podem ajudar na avaliação. É fundamental diferenciar o TDAH de outros transtornos ou dificuldades temporárias, como problemas emocionais, ansiedade ou situações de estresse.
Opções de tratamento para quem tem CID F90
O tratamento do TDAH é individualizado e pode envolver:
- Intervenções não medicamentosas:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
- Orientação e treinamento de pais e professores
- Adaptações escolares e estratégias de organização
- Tratamento medicamentoso:
- Uso de medicamentos estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) ou não estimulantes, sempre sob prescrição médica.
- A escolha do medicamento depende da idade, intensidade dos sintomas e presença de outras condições associadas.
O acompanhamento multidisciplinar é fundamental para o sucesso do tratamento.
CID F90 em adultos: como o TDAH se manifesta
Embora o TDAH seja mais diagnosticado na infância, muitos sintomas persistem na vida adulta, impactando o desempenho profissional, relacionamentos e organização pessoal. O diagnóstico em adultos pode ser mais desafiador, pois os sintomas podem ser confundidos com ansiedade, depressão ou estresse. O tratamento segue princípios semelhantes, com foco em terapia, organização da rotina e, quando indicado, uso de medicação.
Como saber se tenho TDAH
Identificar se você tem TDAH envolve mais do que observar sintomas isolados. O diagnóstico é clínico e requer avaliação de um profissional de saúde mental, como psiquiatra, neurologista ou psicólogo. No entanto, alguns sinais podem indicar a necessidade de buscar ajuda: dificuldade persistente de atenção, organização, memória, controle de impulsos e inquietação desde a infância, com impacto negativo em diferentes áreas da vida (escola, trabalho, relacionamentos).
Existem testes de triagem, como o ASRS-18, que podem ser feitos online como um primeiro passo para identificar sintomas sugestivos do transtorno. Esses testes não substituem a avaliação médica, mas ajudam a sinalizar a necessidade de investigação. Para o diagnóstico, é fundamental que os sintomas estejam presentes antes dos 12 anos, persistam por pelo menos seis meses e não sejam explicados por outros transtornos mentais. Se você se identifica com esses sinais, procure um especialista para uma avaliação detalhada.
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Quais os aspectos do TDAH no dia a dia
O TDAH impacta significativamente a rotina, tanto de crianças quanto de adultos. Entre os desafios mais comuns estão a dificuldade de organização, esquecimento de compromissos, perda de objetos, procrastinação, impulsividade, atraso em tarefas e dificuldade de manter o foco em atividades prolongadas ou monótonas. No ambiente escolar, pode levar a baixo rendimento, dificuldades de aprendizagem e problemas de relacionamento com colegas e professores.
Na vida adulta, o TDAH pode causar instabilidade profissional, dificuldade em manter rotinas, problemas de planejamento, maior incidência de acidentes, relacionamentos instáveis e sensação frequente de frustração. Estratégias como criar rotinas estruturadas, usar lembretes, dividir tarefas em etapas menores, priorizar atividades e buscar apoio profissional são fundamentais para minimizar o impacto do transtorno no cotidiano
CID F90: como é a conduta médica no tratamento?
A conduta médica para o CID F90.0 (TDAH) segue protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas reconhecidas. O primeiro passo é a avaliação clínica e psicossocial completa, preferencialmente realizada por uma equipe multidisciplinar, incluindo psiquiatra, pediatra, neurologista ou neuropediatra. O diagnóstico é baseado em critérios do DSM-5 e envolve entrevistas, questionários, coleta de informações de familiares e professores, além de exclusão de outras causas para os sintomas.
Em crianças pequenas, prioriza-se a terapia comportamental e o treinamento de pais e professores. Para crianças em idade escolar e adolescentes, a combinação de terapia comportamental com medicamentos estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) costuma ser mais eficaz. Em adultos, a lisdexanfetamina é a principal opção farmacológica. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e intervenções psicossociais são recomendadas em todas as idades, ajudando no desenvolvimento de habilidades adaptativas, organização, autocontrole e autoestima. O acompanhamento regular é fundamental para monitorar a resposta ao tratamento e ajustar estratégias conforme necessário.
TDAH, telemedicina e novos recursos
A telemedicina tem sido uma aliada importante no acompanhamento do TDAH. Consultas online facilitam o acesso a especialistas, principalmente em regiões com poucos profissionais, e permitem o monitoramento regular dos sintomas, ajuste de tratamento e orientação a familiares e professores. Aplicativos e plataformas digitais também podem auxiliar no registro de sintomas e na organização da rotina.
TDAH no trabalho de clínicas e hospitais
O TDAH também influencia o ambiente de trabalho em clínicas e hospitais, tanto para colaboradores quanto para pacientes. Profissionais com TDAH podem enfrentar desafios como dificuldade de concentração, organização, cumprimento de prazos e gerenciamento do tempo, o que pode afetar a produtividade e a qualidade do atendimento. Para lidar com essas questões, é importante que gestores adotem estratégias de inclusão, como ambientes de trabalho mais silenciosos, flexibilização de horários, uso de ferramentas de organização e comunicação clara.
Além disso, clínicas e hospitais devem estar preparados para identificar sinais de TDAH em pacientes, oferecendo suporte multidisciplinar e encaminhamento para diagnóstico e tratamento adequados. O uso de plataformas digitais e telemedicina pode facilitar o acompanhamento, a troca de informações entre equipes e a personalização do cuidado. O apoio institucional, aliado à compreensão das necessidades específicas desses profissionais e pacientes, contribui para um ambiente mais saudável, produtivo e inclusivo.
CID-11 e o CID F90: o que mudou no diagnóstico?
O CID-11, versão mais recente da classificação da OMS, trouxe mudanças na definição e nos critérios diagnósticos dos transtornos hipercinéticos, alinhando-se ao DSM-5 e ampliando a compreensão sobre o TDAH em diferentes idades e contextos. Fique atento às atualizações e consulte sempre fontes confiáveis.
Conclusão
O CID F90 representa um dos transtornos mais estudados e debatidos da psiquiatria infantil e adulta. O diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para melhorar a qualidade de vida de quem convive com o TDAH. Se você suspeita desse quadro em si mesmo, em seu filho ou aluno, procure orientação especializada. A informação correta e o acompanhamento profissional fazem toda a diferença.
FAQ (Perguntas frequentes)
O que significa CID F90?
O CID F90 é o código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) que identifica os transtornos hipercinéticos, sendo o mais comum o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ele descreve uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, geralmente com início na infância e que pode persistir na vida adulta.
Quem tem o CID F90 tem direito ao LOAS?
Ter o diagnóstico de CID F90 (TDAH) não garante automaticamente o direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS). Para ter acesso ao benefício, é preciso comprovar que o TDAH causa impedimentos de longo prazo que dificultam a vida independente e a participação social, além de atender ao critério de baixa renda familiar. Cada caso é avaliado individualmente pelo INSS e, em alguns casos, pode ser necessário recorrer à Justiça para obter o benefício, como já ocorreu em decisões judiciais recentes. Portanto, o direito ao LOAS depende da gravidade do quadro, do impacto funcional e da situação socioeconômica da família, não apenas do diagnóstico do CID F90.
TDAH só ocorre em crianças?
Não. Embora os sintomas geralmente comecem na infância, o TDAH pode persistir na adolescência e vida adulta.
Medicamentos são sempre necessários?
Nem sempre. Muitos casos podem ser manejados apenas com intervenções comportamentais e apoio psicopedagógico. A decisão deve ser individualizada.
TDAH é causado por má criação ou falta de disciplina?
Não. O TDAH é um transtorno neurobiológico, com fatores genéticos e ambientais, e não resulta de falhas na educação.
Como diferenciar TDAH de outros transtornos?
A avaliação deve ser feita por profissionais experientes, considerando histórico, sintomas, contexto familiar e escolar, além de descartar outras causas.