Tecnologia e Inovação

A inteligência artificial vai substituir os médicos?

11 min. de leitura

A relação entre máquinas e seres humanos e seus impactos é tema de debates e angústias desde os tempos de Revolução Industrial, quando trabalhadores britânicos destruíram máquinas têxteis com receio de que elas fossem substituir o trabalho humano. Na área da saúde, a pergunta que tem sido feita por alguns é: a inteligência artificial vai substituir os médicos?

Com uma capacidade de armazenamento de dados sobre humana e em velocidade recorde, processamento de dados e poder de análise com precisão milimétrica, os robôs irão revolucionar a área da saúde.

Mas será que eles serão capazes de fazer diagnóstico e até mesmo realizar um atendimento?

No texto a seguir, falarei sobre o futuro da profissão e como será essa relação dos médicos com a tecnologia em um futuro mais próximo do que nós, profissionais da área, imaginamos.

A inteligência artificial vai substituir os médicos?

Para já acabar com qualquer temor ou mito em relação a isso, fique tranquilo, a inteligência artificial (IA) jamais vai substituir o trabalho de um médico.

A inteligência de dados, algoritmos de Machine Learning, ferramentas com base em Big Data e demais soluções tecnológicas no campo da telemedicina vêm para dar suporte e empoderar os profissionais de saúde, não para substituí-los.

Assim como aconteceu com o avanço tecnológico em outras áreas, a IA chega para revolucionar a relação entre médico e paciente permitindo que o profissional tenha uma visão 360 da pessoa atendida.

Novas oportunidades exigirão adaptação às mudanças

Conforme você verá ao longo deste texto, a IA já está sendo usada na área e tem permitido avanços importantes. Na história da medicina, empregos não deixam de existir com o avanço tecnológico, eles apenas sofrem mutações.

Na área da radiologia, por exemplo, já há soluções capazes de identificar quando há qualquer tipo de alteração em um exame.

Mas o papel de análise e diagnóstico continuará sendo do médico, o que acontece é que agora ela passará a dispor de mais recursos para uma análise aprofundada, com mais fontes de informações à disposição. Caberá ao profissional reunir as informações de um exame, com os dados clínicos colhidos na anamnese, histórico do paciente, entre outros fatores, para a chegada de um diagnóstico.

Profissionais abertos a usar os recursos tecnológicos e ferramentas à disposição se destacarão em relação àqueles resistentes a acompanhar as mudanças.  

É sempre importante lembrar que a ideia da tecnologia é otimizar e automatizar processos, fazendo com que o profissional despenda menos tempo nas atividades mais burocráticas e tenha mais tempo para o que é mais importante: a atenção ao paciente.

Evolução da medicina na radiologia

Imagine se há alguns anos alguém dissesse para um médico radiologista que os exames radiológicos de contraste deixariam de ser utilizados, talvez parecesse algo difícil de acreditar.

Naquela ocasião, muitos profissionais foram resistentes às mudanças, acreditando que elas iriam gerar impactos negativos na área. Mas o que se viu com a transformação foi que novas oportunidades foram abertas e quem fez melhor proveito delas foram os profissionais que se adaptaram e aprenderam a utilizar as novas ferramentas e tecnologias à disposição.

A chegada de outros equipamentos, como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada já são exemplos dos avanços na área de radiologia.

Embora o tradicional raio-x ainda seja mais acessível e o mais indicado para alguns casos, sabemos que os outros exames trazem níveis de precisão muito importantes para a detecção e monitoramento de algumas doenças e representam um grande avanço para a medicina.

O novo momento da área, com o uso da inteligência artificial cada vez mais presente no dia a dia, é semelhante. Ela não vai substituir o trabalho médico, mas vai exigir que quem quer se diferenciar no mercado e estar apto a usar todos os recursos que a nova medicina oferta esteja aberto a aprender a usar essas ferramentas.

Maioria dos médicos reconhece que IA fará parte de sua rotina

Pesquisa  Clínico do Futuro: um relatório de 2022, realizada pela Elsevier Health em parceria com a Ipsos com mais de 3.000 médicos de 100 países diferentes mostra que mais da metade dos profissionais (56%) acreditam que até 2032 a maior parte das decisões clínicas serão baseadas em IA.

Isso acontece porque a tecnologia já faz parte da rotina da maioria dos profissionais.

Na parte de radiologia, por exemplo, até pouco tempo hospitais e clínicas acumulavam pilhas e gavetas de arquivos com exames impressos, o que além de exigir grande espaço de armazenamento, ficava mais difícil de ser localizado. E tudo isso sem contar com o alto custo com o papel e a impressão.

Hoje a logística das clínicas com o raio-x digital, por exemplo, ficou mais barata e mais otimizada. Logo após a realização de um exame ele já está no sistema disponível para a realização de um laudo.

E no Brasil já temos no mercado algoritmos treinados para mapear alterações nesses exames. Isso quer dizer que a inteligência artificial vai começar a fazer diagnóstico? Não. Mas ela dará um suporte importante ajudando a encontrar achados com uma precisão milimétrica e apoiando o profissional para que nada passe despercebido, principalmente em exames de rotina em que não há suspeita prévia de nada.

Leia também: Inteligência Artificial reduz taxa de repetição de ECG em 40%, aponta estudo

Como a IA auxilia na detecção de doenças?

A inteligência artificial desenvolvida pela Portal Telemedicina tem apresentado boas taxas de sensibilidade e especificidade para a detecção de algumas patologias nos exames de raio-x de tórax. São elas: nódulos, consolidação (pneumonia), infiltrado, efusão e cardiomegalia.

Todos os exames que são laudados pelos médicos da Portal também são avaliados pela IA que faz uma “segunda leitura”, não deixando que esses achados passem despercebidos aos olhos dos humanos que serão alertados sobre a presença de algumas dessas alterações.

Essa solução está disponível e ao alcance de qualquer clínica médica ou unidade de saúde que queira contar com esse suporte no diagnóstico.

Quem vai avaliar o exame, chegar a um diagnóstico e apontá-lo no laudo, continuará sendo o médico. Mas neste caso com o suporte de uma tecnologia que o ajudará a reduzir os riscos de falha.

 Leia também: Portal Telemedicina desenvolve inteligência artificial para detecção de nódulos cancerígenos

IA permite agilidade para salvar vidas

Os algoritmos de inteligência artificial da Portal Telemedicina também foram treinados para identificar alterações em exames de eletrocardiograma

Neste caso, o reflexo do benefício vai além do suporte ao profissional, eles têm um papel muito importante para garantir uma agilidade ao diagnóstico capaz de salvar vidas.

Vou exemplificar: através da telecardiologia, um paciente vai até uma unidade de atendimento, faz um exame de eletrocardiograma e o resultado desse exame é emitido em tempo real para uma central médica. 

Os algoritmos de inteligência artificial colocam os casos em que foi detectada uma emergência como prioridade para o médico cardiologista laudar primeiro. Ou seja, a Inteligência Artificial faz uma triagem

Desta forma, hoje aqui na Portal conseguimos emitir laudos para estes exames em até cinco minutos. Em Tarumã, um município no interior do Estado de São Paulo que adotou essa solução, após um ano o número de mortes por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que incluem as doenças cardíacas, reduziu 45%. 

Visão ampla e sistemática dos pacientes

E para trazer um exemplo para comprovar como a Inteligência Artificial não vai substituir os médicos, trago aqui outro exemplo de como essa solução auxilia não só os profissionais da saúde, mas os gestores públicos.

Você provavelmente já está familiarizado com o prontuário eletrônico e um sistema que permita que você veja o histórico do paciente atendido dentro da clínica ou unidade de saúde que você trabalha, certo?

Mas e os exames que ele já realizou em outros locais? Histórico dele no SUS? Ele está com as vacinas em dia? Que remédios já tomou ao longo de sua história? 

Normalmente nós profissionais não temos essa visão 360 e contamos que o paciente nos relate ou leve comprovantes com essas informações. 

A tecnologia permite não só a interoperabilidade entre diferentes sistemas, o que é um grande desafio na área da saúde hoje, como usar inteligência artificial para fazer um cruzamento inteligente dessas informações, trazendo insights e uma visão para nós médicos que será muito enriquecedora para um diagnóstico.

Alguns trabalhos neste sentido já estão sendo desenvolvidos, conforme você pode saber mais neste artigo. E a tendência é que isso avance ainda mais ao longo dos anos, permitindo a nós médicos fazermos um atendimento cada vez mais personalizado. 

Para sanar ainda mais dúvidas sobre como a inteligência artificial auxilia a área médica, preparamos um e-book que você pode baixar gratuitamente clicando aqui. 

Se você gostaria de saber que soluções com inteligência artificial pode usar no dia a dia da sua clínica ou unidade de saúde entre em contato com um de nossos consultores e comece já a fazer parte da revolução da medicina. 

Dr. Enrico Bottazzo

Médico especializado em radiologia e diagnóstico por imagem. Técnico em Pesquisa e Desenvolvimento da Portal Telemedicina. (CRM 117.653)

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