8 min. de leituraO espirômetro é um equipamento fundamental para a avaliação da saúde respiratória, sendo utilizado em clínicas, hospitais, medicina do trabalho e até no esporte de alto rendimento. Com o aumento das doenças pulmonares e a integração com a telemedicina, entender para que serve o espirômetro, como realizar o exame, interpretar resultados e garantir a manutenção adequada é essencial para profissionais de saúde e pacientes.
O que é espirômetro e como funciona?
O espirômetro é um aparelho que mede o volume e o fluxo de ar inspirado e expirado pelos pulmões, avaliando a capacidade ventilatória e a movimentação do ar nas vias respiratórias. O exame realizado com este equipamento é chamado de espirometria ou prova de função pulmonar, sendo indolor, não invasivo e de curta duração.
Para que serve o espirômetro?
- Diagnóstico de doenças respiratórias: Identifica e acompanha condições como asma, bronquite, DPOC, enfisema e fibrose pulmonar.
- Avaliação de sintomas: Útil para investigar falta de ar, tosse crônica, chiado e limitação ao esforço.
- Monitoramento de tratamentos: Acompanha a evolução e a resposta terapêutica em pacientes com doenças pulmonares crônicas.
- Avaliação pré-operatória: Indicado antes de cirurgias torácicas ou abdominais para avaliar o risco cirúrgico.
- Medicina do trabalho: Exame obrigatório em programas ocupacionais (PCMSO), especialmente para trabalhadores expostos a poeiras, gases e produtos químicos.
- Avaliação esportiva: Mede a performance respiratória em atletas e esportistas.
Leia mais: Laudo de espirometria à distância
Tipos de espirômetro: Diagnóstico x incentivo
- Espirômetro diagnóstico: Utilizado para exames clínicos e ocupacionais, fornece parâmetros detalhados como CVF, VEF1 e PFE.
- Espirômetro de incentivo: Usado em reabilitação e prevenção de complicações pós-operatórias, estimula a expansão pulmonar e previne atelectasias.
Como é feito o exame de espirometria?
- Preparo: Evite fumar, consumir cafeína e realizar exercícios intensos nas horas que antecedem o exame. Informe todos os medicamentos em uso.
- Procedimento: O paciente respira profundamente e sopra o ar com força máxima no bocal do espirômetro, seguindo as orientações do técnico.
- Duração: O exame dura de 10 a 20 minutos e pode ser repetido para garantir a precisão dos resultados.
- Contraindicações: Pacientes com infarto recente, aneurisma grave ou hemoptise devem evitar o exame, salvo indicação médica.
Interpretação dos resultados
Os principais parâmetros avaliados são:
- Capacidade Vital Forçada (CVF): Volume máximo de ar que pode ser expirado após inspiração máxima.
- Volume Expiratório Forçado no 1º segundo (VEF1): Volume de ar eliminado no primeiro segundo da expiração forçada.
- Pico de Fluxo Expiratório (PFE): Maior velocidade de saída do ar.
Os resultados são comparados com valores de referência para idade, sexo, altura e etnia, classificando os distúrbios como normal, obstrutivo, restritivo ou misto.



Cuidados, manutenção e calibração do espirômetro
- Limpeza e desinfecção: Fundamental para evitar infecções cruzadas entre pacientes.
- Calibração periódica: Deve ser realizada conforme normas da ANVISA e recomendações do fabricante, garantindo precisão dos resultados e conformidade legal.
- Manutenção preventiva: Inclui inspeção de sensores, troca de filtros e atualização de software.
- Certificado de calibração: Documento obrigatório para clínicas e hospitais, atestando a conformidade com padrões técnicos.
O que é a calibração de espirômetro?
A calibração de espirômetro é um procedimento técnico que garante que o equipamento registre corretamente os volumes e fluxos de ar durante o exame de espirometria, assegurando precisão nos resultados e segurança para o diagnóstico de doenças respiratórias. O processo consiste em ajustar e verificar os parâmetros do aparelho, como volume e fluxo, conforme padrões estabelecidos por normas nacionais e internacionais.
Como deve ser feita a calibração?
- Procedimento padrão:
A calibração é realizada com o uso de uma seringa de calibração de volume conhecido (geralmente 3 litros), conectada ao espirômetro. O técnico injeta e retira o ar da seringa no equipamento, que deve registrar exatamente o volume calibrado. Qualquer desvio é ajustado para garantir a precisão do aparelho. - Normas técnicas:
O procedimento deve seguir normas como a RDC 02/2010 da Anvisa, NBR 15943 e padrões internacionais como a IEC-60601, que estabelecem critérios para desempenho e segurança de equipamentos médico-hospitalares. - Registro:
O relatório de cada exame deve incluir o registro da calibração feita no dia, comprovando a rastreabilidade e a conformidade do equipamento.
Periodicidade recomendada
- Calibração diária:
Para garantir máxima precisão, recomenda-se calibrar o espirômetro diariamente, antes do início dos exames, especialmente em ambientes clínicos e ocupacionais. - Calibração periódica/laboratorial:
Além da calibração diária, é obrigatória uma calibração completa anual, ou conforme orientação do fabricante, realizada por empresa ou laboratório especializado e certificado pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) e INMETRO. - Após manutenção:
Sempre que o equipamento passar por manutenção corretiva ou apresentar falhas, uma nova calibração deve ser realizada antes do uso clínico.
Quem pode calibrar o espirômetro?
- Calibração diária:
Pode ser realizada por profissionais de saúde treinados, como técnicos de enfermagem, fisioterapeutas ou biomédicos, utilizando a seringa de calibração e seguindo o manual do fabricante. - Calibração laboratorial/certificada:
Deve ser feita por profissionais habilitados de empresas ou laboratórios acreditados pela RBC/INMETRO, que emitem um certificado de calibração válido para apresentação à Vigilância Sanitária e órgãos reguladores.
Por que a calibração é tão importante?
- Resultados confiáveis:
Um espirômetro calibrado garante que os exames reflitam com precisão a função pulmonar do paciente, evitando diagnósticos errados. - Conformidade legal:
A calibração periódica é exigida por normas da Anvisa e pode ser fiscalizada por órgãos de saúde. O certificado de calibração é documento obrigatório em clínicas e hospitais. - Segurança do paciente:
Evita riscos de decisões clínicas equivocadas e garante a qualidade do atendimento.
A calibração do espirômetro deve ser feita diariamente por profissionais treinados e anualmente (ou conforme recomendação do fabricante) por laboratórios certificados, seguindo normas técnicas e mantendo documentação atualizada. Esse cuidado é fundamental para a precisão dos exames, segurança do paciente e conformidade com a legislação sanitária.
Espirômetro em populações especiais
- Crianças: Uso de bocais adaptados e técnicas lúdicas para garantir colaboração.
- Idosos: Protocolos adaptados para limitações físicas e cognitivas.
- Pacientes acamados: Espirometria portátil pode ser realizada à beira-leito.
- Atletas: Avaliação de performance e monitoramento de adaptações ao treinamento.
Integração com telemedicina e inovações
Com a telemedicina, exames de espirometria podem ser realizados em unidades remotas e laudos emitidos por especialistas à distância, agilizando o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes em qualquer região do país. Novos espirômetros digitais permitem integração com plataformas online, armazenamento seguro dos resultados e uso de inteligência artificial para triagem e análise automática dos exames.
Conclusão
O espirômetro é essencial para o diagnóstico, acompanhamento e prevenção de doenças respiratórias. Manter o equipamento calibrado, realizar manutenção adequada e integrar os resultados à telemedicina são práticas que garantem precisão, segurança e inovação no cuidado com a saúde respiratória.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O exame de espirometria dói?
Não, é indolor e seguro.
Preciso de preparo especial?
Sim, evite fumar e informe medicamentos em uso.
Como saber se o espirômetro está calibrado?
Verifique o certificado de calibração e siga as normas da ANVISA.
Quem não pode fazer espirometria?
Pacientes com infarto recente, aneurisma grave ou hemoptise devem evitar o exame, salvo orientação médica.