Medicina do Trabalho

Análise Preliminar de Risco (APR): objetivos, utilidade e execução

9 min. de leitura

Engenheiros durante elaboração de Análise Preliminar de Risco (APR)

A Análise preliminar de risco (APR) é um documento que faz parte da elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), previsto na NR1, norma que trata das linhas gerais e do gerenciamento de riscos ocupacionais, ou seja, as possíveis ameaças à saúde do trabalhador durante a jornada de trabalho.

Apesar da exigência legal ser apenas para indústria e construção civil, a APR é uma ferramenta de extrema importância para se ter uma visão geral dos riscos que o dia a dia de trabalho pode oferecer aos colaboradores e antever ações e mudanças para prevenir incidentes. 

Portanto, ainda que sua organização não esteja enquadrada nos setores em que a APR é obrigatória, é muito importante realizá-la para a segurança de toda a empresa. Lembrando que além de proteger o colaborador, ações preventivas evitam também absenteísmo, prejuízos de imagem para a marca e custos extras para empresa em caso de acidente.

Para se ter uma ideia, de acordo com o CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho, em 2021 o Brasil registrou 571.800 acidentes, sendo 2.487 com vítimas fatais. É um número alarmante e que, em diversos casos, os acidentes poderiam ser evitados com ações preventivas resultantes da Análise Preliminar de Risco.

Para te auxiliar a executar uma boa APR em sua empresa, vamos explicar na sequência quais são os principais objetivos dessa análise, como realizá-la e as ações resultantes da mesma.

Objetivos da Análise Preliminar de Risco

Os principais objetivos de uma Análise Preliminar de Risco são:

  • Analisar todas as atividades desenvolvidas no ambiente de trabalho de modo a identificar todos os possíveis riscos aos trabalhadores que a desempenham.
  • Orientar e guiar os trabalhadores sobre os riscos aos quais estão expostos durante suas atividades laborais, construindo um ambiente mais seguro para todos os envolvidos.
  • Estabelecer processos que garantam mais segurança para todos.

Como realizar uma boa Análise Preliminar de Risco

1. Faça análise de cada tarefa separadamente

Cada atividade terá processos diferentes e, consequentemente, riscos individuais. Uma boa APR não deve ser genérica, pois precisa considerar as especificidades de cada atividade. 

Conte com a ajuda de diversas pessoas para opinar em conjunto nessa fase. O ponto de vista de uma única pessoa pode deixar a APR incompleta.

2. Divida o trabalho em pequenas tarefas

Por mais simples que seja o trabalho, ele provavelmente terá diversas tarefas pequenas. Na abordagem da Administração Científica, Frederick Taylor defendia o estudo de tempos e movimentos, dividindo o trabalho na menor tarefa possível para organizar os processos, a fim melhorar a produtividade dos operários. O trabalho aqui é semelhante, porém com um objetivo diferente, que é garantir a segurança dos envolvidos no processo. 

Vamos pegar um exemplo de um técnico em enfermagem que precisa realizar um exame de EEG. Seu trabalho é realizar o exame no paciente e enviar o exame para ser laudado. Podemos dividir a atividade inicial de preparação para o exame da seguinte forma: 

Preparar o aparelho para o exame

  • Esterilizar os eletrodos;
  • Ligar aparelho e equipamentos auxiliares (computador, por exemplo);
  • Posicionar o aparelho próximo ao paciente.

Preparar o paciente para o exame

  • Passar as informações necessárias ao paciente;
  • Posicionar o paciente confortavelmente;
  • Dividir o cabelo do paciente adequadamente para posicionar os eletrodos;
  • Medir a distância correta para a colocação dos eletrodos;
  • Colocar os eletrodos nos pontos corretos.

Ao fazer essa divisão do trabalho é importante manter a ordem em que elas acontecem. Uma dica para fazer uma divisão é observar a atividade sendo executada e entrevistar pessoas que realizam o mesmo procedimento. 

3. Identifique os perigos

Tão logo seja realizado o levantamento das tarefas é preciso identificar os riscos que podem ocorrer durante a execução. Para facilitar, algumas perguntas podem servir de roteiro, como por exemplo:

  • O equipamento a ser utilizado, por si só, apresenta algum tipo de risco de lesão ao usuário? Queimadura, choque, arranhões ou cortes?
  • Durante o uso do equipamento ou máquina, existe risco de queda ou escorregão por parte do usuário?
  • Alguma parte do equipamento ou máquina pode se tornar um DROPS (queda de alguma parte do equipamento em altura)
  • Existe algum risco de lesão na realização da tarefa, oriundo do ato de levantar, puxar ou empurrar?
  • Os trabalhadores diretamente envolvidos na tarefa, e aqueles indiretamente envolvidos, estão expostos há algum risco descrito na NR 9? (Químico, físico, biológico)
  • Algum aspecto ergonômico apresenta risco iminente?

Você poderá elaborar outras perguntas de acordo com o contexto da realização das tarefas e outras variáveis, conforme a atividade a ser realizada. 

Com base no exemplo do passo 2, fazendo uma análise bem simples, vemos que no preparo para a realização do EEG o manuseio do equipamento poderia resultar em escorregão ou queda de partes do aparelho dependendo de como ele é armazenado no ambiente. 

4. Elabore um plano de prevenção aos riscos

Depois de definir quais riscos os colaboradores estão expostos ao executar a atividade, é o momento de desenvolver as medidas preventivas. Essas medidas podem estar relacionadas a eliminação do risco, substituição por um perigo menor, controle de engenharia (isolando o perigo das pessoas), mudando a forma como as pessoas trabalham (criando um manual de execução do procedimento, por exemplo) ou utilização de EPI. 

Vale lembrar que se alguma das suas medidas de controle criar novos riscos diferentes dos analisados, será preciso voltar a etapa 3 e repetir o procedimento de identificação.

5. Documente os Resultados da APR e divulgue aos funcionários

A APR é um documento para todos os colaboradores, portanto, deve estar disponível para consulta de todos sempre que precisarem. 

Outro ponto importante é adequar a linguagem ao nível de compreensão de seus usuários. Não adianta falar bonito e não ser compreendido.

6. Revise sua Análise Preliminar de Riscos

A APR é um documento vivo, que deve ser atualizado sempre que houver uma mudança na forma de executar uma atividade, melhoria em algum equipamento ou máquina, ou mesmo remoção de uma parte do processo. Por isso, sempre que houver alguma modificação, revise também sua APR para certificar-se que não existem novos riscos ainda não mapeados.

Outro ponto importante é manter sempre um histórico de atualização com as versões anteriores para saber o que mudou. 

Conclusão

O cuidado com a saúde e segurança dos trabalhadores traz diversos benefícios não apenas para os colaboradores, mas para todo o ecossistema corporativo. Neste texto você pode perceber como a prevenção é importante para evitar acidentes no ambiente de trabalho. 

Sabemos que funcionários saudáveis e motivados geram melhores resultados, e oferecer cuidados reais para a saúde do trabalhador vai muito além de um simples benefício ou cumprimento de obrigações trabalhistas. 

Aqui na Portal Telemedicina levamos muito a sério esse compromisso e é por isso que, além do telediagnóstico, que permite empresas realizarem exames ocupacionais de colaboradores dentro do próprio estabelecimento, com laudos entregues no mesmo dia, também contamos com o SOS Portal para empresas, um serviço que oferece um pronto atendimento médico através de teleconsultas que podem ser realizadas 24h por dia, 7 dias por semana, de qualquer lugar do mundo. É a tranquilidade que seus colaboradores precisam para focar no que realmente importa para eles e seguirem produtivos e motivados com o trabalho e sua empresa.

Para saber mais sobre as soluções da Portal para empresas, entre contato conosco.

Geysa Xavier

Administradora e especialista em inovação com ampla experiência em estratégia para os setores de saúde e tecnologia. Atua como analista de marketing digital na Portal Telemedicina.

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