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Vectoeletronistagmografia (VENG): o que é, para que serve e como o exame auxilia no diagnóstico das vertigens

6 min. de leitura

médica analisando ouvido de paciente em consultório

A vectoeletronistagmografia (VENG) é um exame otoneurológico que registra os movimentos oculares para avaliar o sistema vestibular — responsável pelo equilíbrio — e investigar causas de tontura, vertigem, instabilidade e distúrbios relacionados.
É um método seguro, objetivo e amplamente utilizado por otorrinolaringologistas, otoneurologistas e fonoaudiólogos especializados, sendo essencial no diagnóstico diferencial entre alterações vestibulares periféricas e centrais.

O que é vectoeletronistagmografia

A vectoeletronistagmografia utiliza eletrodos periorbitais para captar os potenciais elétricos gerados pelos olhos durante o movimento. Isso permite registrar e quantificar o nistagmo — movimento involuntário ocular que reflete a função dos labirintos e das vias vestibulares.

Para pacientes, trata-se de um exame que analisa “como o ouvido interno e o cérebro estão lidando com o equilíbrio”.

Para médicos, é uma ferramenta que fornece dados objetivos e reprodutíveis sobre:

  • simetria vestibular;

  • presença e direção do nistagmo;

  • funcionalidade oculomotora;

  • resposta calórica;

  • integridade das vias centrais.

Quando o exame é indicado

A VENG é indicada quando há sintomas como:

  • tontura e vertigem recorrentes;

  • desequilíbrio e instabilidade ao caminhar;

  • náuseas associadas a movimentos;

  • zumbido com sintomas vestibulares;

  • quedas de repetição;

  • suspeita de VPPB;

  • acompanhamento pós-crises vestibulares.

Para médicos, é especialmente útil nos quadros:

  • VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna);

  • neurite vestibular;

  • doença de Ménière;

  • enxaqueca vestibular;

  • vestibulopatias centrais;

  • investigações inconclusivas após avaliação à beira-leito.

 

Como é feito o exame de VENG — passo a passo

1. Preparação e colocação dos eletrodos

Eletrodos são posicionados ao redor dos olhos para registrar os potenciais corneorretinianos. A calibração inicial garante precisão do traçado.

2. Avaliação do nistagmo espontâneo

O paciente fixa e desfoca o olhar para identificar nistagmo em repouso e avaliar fixação ocular.

3. Provas posicionais

Verifica-se nistagmo desencadeado por mudanças de posição da cabeça e do corpo, diferenciando padrões periféricos e centrais.

4. Provas oculomotoras

Incluem:

  • perseguição suave;

  • movimentos sacádicos;

  • optocinético.
    São fundamentais para detectar alterações centrais.

5. Prova calórica

Cada labirinto é estimulado com ar ou água em temperaturas controladas. Mede-se velocidade e simetria do nistagmo, permitindo identificar:

  • paresia labiríntica;

  • preponderância direcional;

  • hiporreflexia ou hiperreflexia.

Preparo do paciente e cuidados de segurança

Como se preparar

  • evitar álcool e cafeína por 24–48 horas;

  • suspender vestibulossupressores conforme orientação médica;

  • jejum leve (quando indicado);

  • levar exames anteriores e lista de medicamentos.

Segurança

O exame é seguro e supervisionado. É comum sentir:

  • tontura momentânea;

  • leve náusea;

  • sensação térmica durante a prova calórica.

Contraindicações relativas

  • otite ou infecção aguda de ouvido;

  • perfuração timpânica não tratada (no método com água);

  • crises vertiginosas graves no momento do exame.

Como interpretar a vectoeletronistagmografia (para médicos)

A interpretação deve integrar traçado, sintomas e exame físico.

Paresia labiríntica

Indica hipoatividade vestibular unilateral e é calculada em porcentagem.

Preponderância direcional

Demonstra desequilíbrio tônico vestibular.

Hiporreflexia ou hiperreflexia

Sugerem alteração global da excitabilidade labiríntica.

Achados centrais

Devem acender alerta para investigação neurológica:

  • nistagmo vertical puro;

  • sacradas anormais;

  • rastreamento irregular;

  • optocinético alterado.

Vectoeletronistagmografia (VENG) vs Videonistagmografia (VNG)

Característica

VENG

VNG

Tecnologia

eletrodos

câmera infravermelha

Captação

potenciais elétricos

imagem direta

Torsional

menos sensível

muito superior

Artefatos

menor influência de pálpebra

pode ocorrer

Ponto forte

prova calórica

provas posicionais

Qual escolher?
Ambos são complementares.

  • VENG é robusta para análise calórica.

  • VNG é preferida para investigação de nistagmos torsionais e VPPB.

Quem realiza e como funciona o laudo

O exame deve ser realizado por:

  • otorrinolaringologistas;

  • otoneurologistas;

  • fonoaudiólogos capacitados.

O laudo inclui:

  • protocolos realizados;

  • qualidade dos registros;

  • resultados da prova calórica (canal paresis, preponderância direcional);

  • achados oculomotores;

  • interpretação integrada (periférico vs central);

  • recomendações de conduta.

Populações especiais

Crianças

Protocolos adaptados, estimulações mais curtas e interpretação de acordo com maturação oculomotora.

Idosos

Maior predisposição à hiporreflexia e necessidade de correlacionar com risco de quedas.

Pós-trauma e enxaqueca vestibular

Resultados variáveis; é essencial correlacionar clinicamente.

Leia também: Otorrinolaringologia online

Relação entre VENG e reabilitação vestibular

A VENG orienta o planejamento da reabilitação ao mostrar:

  • grau de paresia labiríntica;

  • direcionalidade do nistagmo;

  • padrões centrais;

  • evolução entre avaliações.

Permite personalizar exercícios e monitorar resposta terapêutica.

Checklist rápido para o paciente

  • Não consumir álcool ou cafeína antes do exame.

  • Confirmar com o médico se deve suspender medicação.

  • Comer algo leve (quando indicado).

  • Levar relatórios e exames prévios.

Conclusão

A vectoeletronistagmografia é um exame fundamental para o diagnóstico preciso de distúrbios do equilíbrio. Sua capacidade de quantificar assimetrias, diferenciar lesões periféricas e centrais e guiar a conduta clínica a torna indispensável na investigação da tontura.

Para o paciente, representa um caminho claro para entender a origem dos sintomas e iniciar o tratamento adequado. Para o médico, é uma ferramenta objetiva, confiável e complementar às provas clínicas e à videonistagmografia.

Redação

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