Pensar em saúde digital pode nos remeter, primeiramente, à substituição do fluxo analógico de informações pelo ambiente digital. Mas não se trata apenas de trocar os papéis pelos arquivos no computador.
Neste artigo você vai entender o que é a saúde digital, por que é importante promovê-la, quais os benefícios das soluções que buscam modernizar os atendimentos de saúde e qual o cenário brasileiro no uso dessas tecnologias.
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O conceito de saúde digital abrange, de forma ampla, todos os recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) que são utilizados na rotina de trabalho dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes: emissão de laudos à distância com apoio de plataformas digitais, prontuário eletrônico, teleconsultas com pacientes, integração de equipamentos e aparelhos com softwares, integração de sistemas de hospitais, clínicas e unidades de saúde, automonitoramento feito pelos pacientes, entre outros.
Desde o início da pandemia de covid-19, em 2019, o olhar para a saúde digital tem ganhado novos contornos. Refletir sobre o tema é, cada vez mais, vislumbrar os problemas globais relacionados à saúde da população e como enfrentá-los.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde digital pode ser definida como “o uso seguro e com positivo custo-benefício das TICs para dar suporte à saúde e campos relacionados, o que inclui prestação de serviços, vigilância, literatura, educação, conhecimento e pesquisa na área”.
Para a OMS, as aplicações de tecnologia e inovação na saúde já permitem que se colha frutos positivos por todo o mundo. Segundo a organização, existem evidências de como a saúde digital torna os sistemas de saúde, públicos e privados, mais eficientes, mais sustentáveis e também mais responsivos ao que as pessoas esperam e necessitam.
Porém, ainda há um longo caminho pela frente no que diz respeito aos avanços tecnológicos possíveis, à mudança de cultura dos usuários e também à expansão dessas tecnologias para todos os países.
Conforme um levantamento feito pelo Observatório Global de Saúde Digital, apenas 58% dos países membros possuem algum tipo de estratégia de saúde digital em funcionamento. Vale ponderar que o estudo é de 2016, cenário diferente do que foi imposto pela pandemia de coronavírus.
Com o objetivo de escalar a saúde digital de maneira global, a OMS definiu três objetivos estratégicos para os anos 2020-2025. São eles:
Já vimos que a promoção e o estímulo às práticas de saúde digital trazem diversos benefícios para os sistemas de saúde em quesitos como eficiência, gestão e sustentabilidade. Essas vantagens se estendem para todos os envolvidos nesse ecossistema: médicos, enfermeiros, técnicos, gestores de saúde pública e, claro, pacientes.
A praticidade, no caso das soluções de teleconsulta, por exemplo, é um dos benefícios mais evidentes. De um lado, ela garante economia de recursos para clínicas, hospitais e unidades de saúde. Do outro, conforto e economia de tempo para quem está em busca de um atendimento primário que pode ser feito à distância com a mesma segurança e eficácia de uma consulta presencial.
A possibilidade de integrar sistemas, automatizar tarefas e cruzar dados e informações também é uma grande vantagem das soluções de saúde digital. Na rotina de trabalho dos profissionais de saúde, essas integrações se traduzem na redução de atividades repetitivas e, consequentemente, de erro humano.
Para gestores de saúde, especialmente no âmbito da saúde pública, integrar sistemas e cruzar informações de pacientes que estão fragmentadas em diferentes bancos de dados significa mais eficiência e assertividade na tomada de decisões: melhor prestação de serviços, mais agilidade, menos custos, menor taxa de reconvocação, melhor comunicação com operadoras, menos material físico de arquivo.
Até aqui abordamos os benefícios mais latentes de informatizar os processos de saúde, Contudo, o verdadeiro trunfo da saúde digital que assegura uma revolução para a medicina como conhecemos está na Inteligência Artificial.
Não se trata da substituição de médicos para que um robô assuma o comando de uma sala de cirurgia. Atualmente, soluções de saúde digital baseadas em tecnologias como IA, Machine Learning e Big Data garantem, por exemplo, diagnósticos mais rápidos e precisos, servindo como um poderoso suporte ao trabalho do médico que analisa cada caso.
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O Brasil segue o caminho de muitos países que já possuíam algumas práticas de saúde digital incorporadas nos sistemas de saúde desde o início do século XXI mas que agora, após a pandemia de covid-19, devem olhar para essas soluções com a devida atenção que elas demandam.
Em termos de regulamentação, ainda existe um longo caminho pela frente. As práticas de telemedicina foram liberadas em caráter emergencial em 15 de abril de 2020, através da Lei nº 13.989, com o objetivo de manter as pessoas em isolamento e desafogar clínicas e hospitais.
De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), mais de 2,5 milhões de teleconsultas ocorreram entre abril de 2020 e junho de 2021. Além disso, 90% destes pacientes conseguiram resolver seu problema sem precisar sair de casa. Desde então, a aceitação e adesão à telemedicina têm crescido significativamente no país, através das teleconsultas que dispararam novamente com a chegada da variante Ômicron no Brasil.
No que diz respeito ao uso de tecnologias mais avançadas no âmbito da saúde digital, o Brasil também já possui empresas realizando trabalhos importantes e com resultados expressivos.
Desde 2019, a Portal Telemedicina vem desenvolvendo e aprimorando uma IA capaz de identificar nódulos cancerígenos em exames de raio-x e tomografia. A solução dá suporte para que médicos tomem decisões de forma mais ágil e precisa, garantindo o diagnóstico precoce no estágio inicial da doença, o que é fundamental para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
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Outra aplicação dos algoritmos desenvolvidos pela Portal aconteceu na saúde pública do município de Tarumã, no interior de São Paulo. A solução implementada na cidade utiliza IA para acelerar a emissão de laudos de exames cardiológicos urgentes.
Para atingir a meta de chegar nos 10 melhores IDH do Brasil, a prefeitura apostou na telemedicina como forma de aumentar a longevidade da população. O sistema de saúde do município passou a emitir laudos com a Portal e, após um ano, houve uma redução de 45% nas mortes em Tarumã causadas por doenças crônicas não transmissíveis.
Na plataforma da Portal, exames como o eletrocardiograma (ECG) passam por uma triagem feita pela Inteligência Artificial que mede a urgência e, nos casos graves, os laudos médicos são devolvidos pelo cardiologista em poucos minutos. Além disso, o enfermeiro ou médico de plantão podem receber orientações do especialista para estabilizar o paciente até que ele seja enviado para outra unidade de atendimento.
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