Por se desenvolverem de forma gradual e apresentarem sintomas que são, muitas vezes, difíceis de identificar, os distúrbios do sono são bastante subdiagnosticados. No entanto, a polissonografia é um dos exames que podem servir para o diagnóstico desses problemas.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou que 65,5% da população brasileira relata problemas relacionados ao sono. Publicado em 2022 no periódico científico Sleep Epidemiology, o estudo mostra que as mulheres são as mais afetadas, mas que distúrbios de sono estão crescendo entre homens jovens.
Siga na leitura e saiba mais sobre como funciona a polissonografia, exame cujo resultado pode ser avaliado via telemedicina, agilizando a emissão do laudo.
Indicado para identificar distúrbios do sono, a polissonografia é um exame não invasivo que mede as atividades musculares, respiratórias e cerebrais do indivíduo adormecido. Por meio do procedimento, é possível avaliar a qualidade do sono e diferentes aspectos do paciente, como índice de ventilação, frequência cardíaca e massa corporal.
Entre as principais complicações que o exame pode ajudar a diagnosticar estão distúrbios como apneia obstrutiva do sono, movimento periódico de pernas e comportamentos noturnos, como o sonambulismo.
O exame de polissonografia pode ser feito tanto em laboratório quanto em casa, por meio de um dispositivo digital. No caso da realização em laboratório, o paciente fica acomodado e monitorado por uma noite em um espaço destinado ao exame; se for feito em casa, deve dormir utilizando o aparelho específico para a análise do sono.
O exame dura uma noite de sono e, se for feito por meio do equipamento digital, o paciente deve dormir por pelo menos três horas. Não há periodicidade estabelecida para a repetição do procedimento, que pode ser solicitado por um neurologista, psiquiatra, pneumologista, otorrinolaringologista ou médico de outra especialidade de acordo com a necessidade do paciente.
Para a aferição dos índices de saturação e dessaturação, massa corporal, frequência cardíaca e tempo em cada estágio do sono, são fixados eletrodos na pele do paciente. Eles permitem detectar alterações nos padrões de sono de maneira indolor e não invasiva.
Antes da realização do exame, é indicado evitar o consumo de café e bebidas energéticas por pelo menos 24 horas e manter o uso de remédios que já são consumidos normalmente. Recomenda-se que o paciente escolha uma roupa ou pijama confortável para dormir e que não se faça o procedimento se apresentar alguma condição que afete o resultado, como gripe, resfriado, entre outras.
Para a fixação correta dos eletrodos, o paciente deve estar com a cabeça limpa e seca, sem ter feito uso de produtos como condicionadores, cremes ou gel. Durante a semana que antecede o exame, não se deve usar esfoliantes para o rosto e nem esmaltes de cores escuras. Na data marcada para o procedimento, o paciente deve acordar cedo e não tirar cochilos ao longo do dia.
Solicitada pelos médicos em casos específicos de suspeita de distúrbios do sono, a polissonografia é um exame que raramente figura entre os mais comumente realizados. Costuma ser indicada quando o paciente apresenta algum dos seguintes sintomas:
Dentre os distúrbios estudados pela polissonografia, destacam-se as dissonias e parassonias, como categorizadas pela Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (International Classification of Sleep Disorders, ou ICSD).
As dissonias são alterações do sono que interferem tanto na qualidade quanto na quantidade, tornando-o menos reparador. Elas podem ser intrínsecas, extrínsecas ou do ritmo circadiano do sono. Entre as mais comuns, pode-se citar insônia, hipersonia e narcolepsia.
As parassonias, por sua vez, são transtornos que se caracterizam por comportamentos, experiências ou eventos psicológicos que podem ocorrer em diferentes fases do sono. Por exemplo, pode-se destacar sonambulismo, terrores noturnos, bruxismo, pesadelos e transtornos de movimento.
Um dos principais documentos na investigação de distúrbios do sono, o laudo da polissonografia pode ser emitido por profissionais de diferentes áreas especialistas em estudos do sono, geralmente neurologistas. Por meio do laudo, o paciente tem acesso às principais informações obtidas pelo procedimento, e ele pode ser emitido de forma remota com o uso da telemedicina.
Como o exame pode ser feito em casa, por meio de um dispositivo eletrônico, as informações coletadas durante o período de monitoramento do sono podem também ser acessadas à distância pelo médico responsável. Dessa forma, o laudo pode ser emitido com mais agilidade, reduzindo o tempo de espera do paciente e otimizando as rotinas de trabalho em clínicas e hospitais que disponibilizam a polissonografia.
Com a implementação da telemedicina, as instituições de saúde podem melhorar a qualidade do atendimento, ampliar as especialidades oferecidas, democratizar o acesso à saúde e reduzir custos com equipamentos e espaço físico para armazenamento dos arquivos (laudos, diagnósticos, cadastros, entre outros).
Durante a investigação de distúrbios do sono, os médicos responsáveis podem solicitar que o paciente faça outros procedimentos complementares, como eletroencefalograma (EEG), eletrocardiograma (ECG), eletroneuromiografia (EMG), eletro-oculograma (EOG) e oximetria de pulso. A bateria de exames permite uma visão global do estado de saúde do paciente, com uma visão 360 que contribui para um diagnóstico mais assertivo.
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