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Crise epiléptica: Sintomas, tipos, tratamento e primeiros socorros

7 min. de leitura

mãos de médico e pacientes em mesa do consultório médico

As crises epilépticas — também chamadas de convulsões epilépticas — são episódios provocados por descargas elétricas anormais e súbitas no cérebro. Elas são a principal manifestação da epilepsia, mas também podem ocorrer em outras situações.

Neste artigo, você vai entender o que é uma crise epiléptica, seus tipos, causas, diagnóstico, tratamento, primeiros socorros e o papel da telemedicina no manejo da condição.

O que é uma crise epiléptica?

Uma crise epiléptica é uma alteração temporária do funcionamento cerebral causada por atividade elétrica desorganizada dos neurônios. Os sintomas variam desde pequenas alterações de consciência até movimentos involuntários intensos e perda de sentidos.

⚠️ Importante: nem toda crise significa epilepsia.

  • Crises febris (em crianças com febre alta) não caracterizam epilepsia.
  • Para diagnóstico de epilepsia, é necessário que as crises sejam recorrentes e não provocadas.

Causas e fatores desencadeantes de crises epilépticas

Alguns gatilhos podem aumentar o risco de uma crise:

  • Falta de sono
  • Estresse físico ou emocional
  • Consumo excessivo de álcool ou drogas
  • Infecções ou febre
  • Alterações metabólicas (hipoglicemia, distúrbios eletrolíticos)
  • Luzes piscantes (fotosensibilidade)

Tipos de crise epiléptica

A classificação segue a International League Against Epilepsy (ILAE):

Tipo de crise Características principais Consciência
Focal simples Movimentos involuntários em parte do corpo, formigamento, alterações visuais Mantida
Focal complexa Automatismos (mastigar, esfregar mãos), comportamento repetitivo Alterada
Focal com generalização secundária Começa em área localizada e evolui para todo o cérebro Perda
De ausência Breve “desligamento”, olhar fixo Perdida por segundos
Mioclônica Espasmos rápidos e involuntários Preservada
Tônica Rigidez muscular generalizada Geralmente alterada
Clônica Movimentos rítmicos e repetitivos Alterada
Tônico-clônica Rigidez + tremores, possível mordida de língua e perda urinária Perdida
Atônica Perda súbita do tônus, quedas Alterada

Diagnóstico

O diagnóstico depende da avaliação médica, relato do paciente e testemunhas, além de exames complementares:

  • Eletroencefalograma (EEG): registra a atividade elétrica cerebral.
  • Ressonância magnética (RM) ou tomografia (TC): avaliam estruturas cerebrais.
  • Exames laboratoriais: descartam causas metabólicas ou infecciosas.


Leia também: Doenças do sistema nervoso


Tratamento da crise epiléptica

O tratamento é individualizado e pode incluir:

1. Medicamentos antiepilépticos

Ex.: carbamazepina, fenitoína, valproato, lamotrigina, levetiracetam.
A escolha depende do tipo de crise, idade, comorbidades e resposta ao fármaco.

2. Alternativas não medicamentosas

  • Cirurgia em epilepsia refratária.
  • Estimulação do nervo vago.
  • Dieta cetogênica (em casos selecionados, especialmente pediátricos).

Prevenção e manejo no dia a dia

  • Dormir bem e manter rotina regular.
  • Evitar álcool e drogas.
  • Cumprir corretamente o uso da medicação.
  • Acompanhar regularmente com neurologista.
  • Usar dispositivos de alerta ou monitoramento, quando indicados.

Primeiros socorros em crise epiléptica

Se alguém tiver uma crise:

✅ O que fazer:

  • Mantenha a calma.
  • Afaste objetos que possam machucar.
  • Coloque a pessoa de lado (posição de segurança).
  • Cronometre a duração da crise.

❌ O que NÃO fazer:

  • Não coloque objetos na boca.
  • Não tente segurar a pessoa à força.
  • Não ofereça líquidos ou remédios durante a crise.

📞 Procure atendimento imediato se:

  • A crise durar mais de 5 minutos.
  • Houver crises repetidas sem recuperação entre elas.
  • For a primeira crise da pessoa.
  • O paciente estiver grávida, idoso ou com doenças crônicas.

Síndromes epilépticas e grupos especiais

Existem síndromes específicas, especialmente em crianças, como:

  • Síndrome de West (espasmos infantis).
  • Epilepsia mioclônica juvenil.
  • Epilepsias relacionadas ao sono.

Em idosos, o início súbito de crises pode estar relacionado a AVCs, tumores ou degeneração cerebral.

 

Conheça: Avaliação neurológica

 

Impactos psicossociais

Conviver com crises epilépticas pode afetar a vida profissional, social e emocional do paciente. O estigma ainda é um desafio, por isso apoio psicológico e educação são essenciais para melhorar a qualidade de vida.

Telemedicina no acompanhamento da epilepsia

A telemedicina amplia o acesso ao diagnóstico e tratamento:

  • Permite o envio de exames (EEG, imagem) para especialistas.
  • Facilita consultas de seguimento e ajuste de medicação.
  • Garante orientações rápidas em casos de dúvida ou emergência.

Conclusão

A crise epiléptica é uma manifestação neurológica complexa, mas com diagnóstico correto, tratamento adequado e apoio contínuo, é possível viver com qualidade de vida. Informação, prevenção e primeiros socorros corretos fazem toda a diferença.

Perguntas Frequentes (FAQ)

 

O que é crise epiléptica?

A crise epiléptica é uma alteração temporária da atividade elétrica cerebral que provoca sintomas como convulsões, perda de consciência ou movimentos involuntários. Pode ocorrer de forma única ou estar relacionada a um quadro de epilepsia.

Como é uma crise epiléptica?

As manifestações variam conforme o tipo de crise. Algumas podem causar apenas lapsos de atenção ou olhar fixo, enquanto outras levam a convulsões intensas, com movimentos bruscos, rigidez muscular e perda de consciência.

O que causa crise epiléptica?

Entre as causas estão predisposição genética, lesões cerebrais, traumas, tumores, infecções no sistema nervoso e desequilíbrios metabólicos. Em alguns casos, não há uma causa definida.

Como identificar uma crise epiléptica?

Durante a crise, a pessoa pode apresentar desmaio súbito, convulsões, contrações musculares involuntárias, confusão mental ou comportamento atípico. Observar e relatar esses sinais é fundamental para o diagnóstico médico.

Como evitar crise epiléptica?

O controle depende do acompanhamento médico e, muitas vezes, do uso regular de medicamentos antiepilépticos. Além disso, é importante manter hábitos saudáveis, evitar privação de sono, consumo excessivo de álcool e seguir corretamente o tratamento prescrito.

 

Redação

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