Categorias: Medicina do Trabalho

Habilidades e ferramentas importantes para profissionais da medicina do trabalho

12 min. de leitura

O atendimento a pacientes em clínicas de saúde ocupacional exige diferentes habilidades dos médicos e enfermeiros. Além do conhecimento técnico, eles também devem lidar com outras questões importantes para a sua qualificação e crescimento, como planejamento, gestão de equipes, organização, inovação e comunicação. Esses pontos são importantíssimos para profissionais que trabalham (e que querem consolidar suas carreiras) na medicina do trabalho.

Uma das habilidades mais exigidas na saúde ocupacional é a agilidade. O mercado demanda cada vez mais velocidade para entrega dos resultados aos pacientes. Isso sem falar em situações de emergência e exigências legais (como os documentos para o cadastro e atualização do eSocial) Nesses casos, para trabalhar em um prazo adequado, é necessário ter o controle das demandas e das prioridades da equipe.

Ficou interessado em desenvolver essas habilidades? No artigo de hoje vamos apresentar algumas dessas skills e tecnologias que podem ser utilizadas nas clínicas de medicina do trabalho, facilitando os serviços e aprimorando o desempenho da equipe da sua unidade.  

Os tópicos que vamos abordar nesse artigo são:

  • Planejamento estratégico
    • Público-alvo
    • Análise do cenário de saúde ocupacional
    • Objetivos
    • Tecnologias de apoio
  • Organização da equipe
    • Algumas ferramentas digitais para gerenciamento de times e demandas
  • Humanização na medicina do trabalho

 

Planejamento estratégico


A elaboração de metas de curto, médio e longo prazo é um dos passos fundamentais para o sucesso de qualquer empreendimento. Nas clínicas de medicina do trabalho, o planejamento estratégico auxilia os profissionais no gerenciamento das suas atividades e no aperfeiçoamento dos serviços prestados. A definição de objetivos concretos, como a realização de um número de exames em determinado espaço de tempo, estimula e melhora o comprometimento dos funcionários.

Existem diversas técnicas de planejamento estratégico que podem ser aplicados na área da saúde, como:

  • Plano de Negócio Sebrae: uma plataforma online oferecida pelo Sebrae e que aborda diferentes aspectos de um negócio, e podem ser aplicados em clínicas de medicina do trabalho.
  • Business Canvas Model (Quadro de Modelo de Negócios): ferramenta mundial, utilizada por empreendedores de diferentes segmentos, que cria um mapa visual dos principais aspectos de um negócio. É organizado a partir de pequenos blocos de texto, separados por temas. Os gestores das unidades de saúde podem utilizar o modelo de Canvas do Sebrae (imagem abaixo), que já oferece uma estrutura pré-pronta para a organização de um negócio.
  • Análise Swot: um dos modelo de avaliação de um negócio mais utilizados nos setores de administração. Funciona a partir da análise de aspectos internos e externos da empresa. Pode ser realizada em uma folha de papel simples, ou usando algum modelo pronto como o do Sebrae ou da Endeavor. Basicamente é criado um quadro dividido em duas áreas, onde são listadas os pontos fortes, fracos, as oportunidades e ameaças externas e internas. (Observe a imagem).

Para ajudá-lo na elaboração do planejamento estratégico para a sua clínica, separamos alguns tópicos importantíssimos. São eles:
 

  • Público-alvo

    O primeiro passo para realizar um planejamento estratégico é a definição do público-alvo de um serviço. No caso das clínicas de saúde ocupacional, isso orienta a escolha das modalidades de exames para o atendimento dos pacientes de diferentes setores trabalhistas, por exemplo. Além dos tradicionais exames admissionais e demissionais, há uma grande variedade de exames periódicos que podem ser realizados, como encefalogramas, tomografias, espirometrias e ressonâncias magnéticas.

 

  • Análise do cenário de saúde ocupacional

    Para avaliar as demandas da região onde está localizada a unidade de medicina do trabalho, observe as empresas e indústrias do município. Em fábricas de vidros, por exemplo, os trabalhadores têm mais chances de desenvolver doenças como silicose e catarata, sendo necessário aplicar exames de espirometria e de acuidade visual. Trabalhadores da indústria nuclear, trabalhadores de indústrias de tubos de Raio-X e radiologistas também podem desenvolver doenças oculares. Procure saber também quais exames não são realizados nas clínicas locais e quais os problemas de saúde mais registrados nas empresas. Para isso, entre em contato com os gestores das indústrias e instituições locais.

 

  • Objetivos

    Com a decisão do público-alvo, ou seja, dos exames que podem ser realizados na clínica, os profissionais devem estabelecer alguns objetivos para a unidade. Tais definições podem aprimorar os serviços e o atendimento aos pacientes, incentivando a equipe a obter novos resultados. Dentro disso, os gestores podem estabelecer metas gerais e específicas como: quais as especialidades de exames a serem aplicadas a curto e longo prazo, ou ainda o número de exames que esperam realizar em determinado período.

    Para definir melhor esses objetivos, os gestores também podem aplicar pesquisas internas e externas sobre as expectativas da equipe e dos clientes, assim como quais pontos podem ser aprimorados. Outras questões que devem ser levadas em conta, são o orçamento e o desempenho da equipe. Além do registro das atividades, sistemas de avaliação podem ser implantados para facilitar a mensuração das metas e objetivos.

 

  • Tecnologias de apoio

    Para colocar em prática os objetivos e metas da unidade de saúde ocupacional, os profissionais podem contar com diferentes tecnologias, como os serviços de telemedicina. Além de viabilizar a aplicação de diferentes exames, os laudos à distância aumentam a produtividade da equipe e agilizam, ainda, os processos legais das instituições que contratam os serviços médicos. Empresas como a Portal Telemedicina realizam laudos à distância de diferentes exames como:

    – Eletroencefalograma;
    – Espirometria;
    – Raio-X;
    – Tomografia e Mamografia;
    – Acuidade Visual;
    – MAPA (Monitoramento Ambulatorial de Pressão Arterial);
    – Holter;
    – Ressonâncias Magnéticas;
    – Testes de esforço físico.


Mais adiante vamos abordar outras ferramentas e tecnologias que auxiliam a aplicação do planejamento estratégico.

Assim, os passos que podem ser realizados no planejamento estratégico são:

– análise do cenário de saúde ocupacional na região
– definição de objetivos
– elaboração de atividades para colocar em prática os objetivos estabelecidos.

Vale lembrar que as estratégias e objetivos devem ser reavaliados ao longo do tempo, não apenas pelos gestores mais por todos os profissionais da unidade.

Organização da equipe

A utilização de ferramentas digitais pode auxiliar a realização dos objetivos e metas da unidade. Não apenas com a aplicação de exames via telemedicina, como citado acima, mas também com a organização e gerenciamento da equipe. Além de melhorar a comunicação interna, sistemas digitais podem aumentar a produtividade dos funcionários.  

A seguir listamos alguns recursos disponíveis online para computadores, além de aplicativos para dispositivos móveis. Todos eles são focados em produtividade, gestão do tempo e gerenciamento de equipes:

Google Agenda

Instrumento utilizado nas empresas para organização dos horários da equipe. Permite visualizar as atividades realizadas por outros funcionários e agendar reuniões. Por meio dela ainda é possível organizar os horários de salas e locais para a realização de eventos.



Trello

A ferramenta funciona como um painel virtual, no estilo post-it (baseado no Kanban), e que pode ser acessado por todos os membros da equipe. As atividades podem ser organizadas por quadros e colunas, onde é possível incluir datas de entrega, comentários e links externos. Com ele você pode organizar demandas internas, assim como disponibilizar informações e avisos para a equipe.



Drive e Dropbox

Sistemas colaborativos para armazenamento e compartilhamento de documentos. Apesar de apresentarem a mesma solução, essas ferramentas são diferentes na integração com outros sistemas. O Drive é integrado às contas do Google, enquanto o Dropbox é um sistema a parte.

Além de organizar relatórios e apresentações, com esses sistemas as clínicas podem disponibilizar material para pesquisas sobre medicina e outras informações relevantes. A vantagem é que os arquivos ficam em uma única plataforma e podem acessados de qualquer dispositivo com acesso à internet.



Slack

Plataforma que facilita a integração da equipe, agiliza processos e a comunicação interna. Funciona com um chat fechado dos funcionários – nele, podem ser abertas conversas por tópicos ou individualmente. Em clínicas de medicina do trabalho, muitas definições importantes acabam se perdendo em e-mails ou nos murais de recados da empresa. Além disso, algumas questões simples que poderiam ser resolvidas virtualmente, acabam em reuniões que tomam muito tempo. O Slack pode ser integrado ainda com outras ferramentas como o Trello, melhorando a gestão das atividades e demandas da equipe.

 

Humanização na medicina do trabalho

Além dos conhecimentos técnicos, os profissionais que atendem em medicina do trabalho devem buscar desenvolver empatia, compreensão e respeito aos pacientes e demais funcionários. Tais habilidades não podem ser aplicadas exclusivamente por tecnologias, mas precisam ser aprimoradas. Essas competências são fundamentais nos serviços de saúde, uma vez que os técnicos e médicos lidam diretamente com as dores e doenças de outros seres humanos (muitas vezes adoentados ou buscando um tratamento).

Tanto a escuta como a compreensão da situação do trabalhador atendido deve ser uma prioridade para qualificação do serviços prestados em medicina do trabalho. Além de humanizar os serviços, o cuidado no atendimento amplia a confiança dos pacientes no seu trabalho.

Sobre a definição de humanização, o doutor e professor Christian de Paul de Barchifontaine indica na introdução do livro “Humanização e Cuidados Paliativos”: “humanizar é garantir à palavra a sua dignidade. Ou seja, para que o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer sejam humanizados, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pela outro. É preciso, ainda, que esse sujeito ouça, do outro, palavras do seu reconhecimento. […] Sem comunicação, não há humanização. A humanização depende da nossa capacidade de falar e ouvir, depende do diálogo com os nossos semelhantes.”  

 

 

No artigo Comunicação na Saúde, apresentamos algumas estratégias que podem ser utilizadas para aperfeiçoar e humanizar o atendimento aos pacientes. Acompanhe nossas publicações e conheça novas tecnologias, tendências e outros temas importantes para a área da saúde.

Imagem Swot – Wikimedia Commons
Renata Troncoso

Advogada especializada em Regulação Médica e Anvisa, Renata Troncoso é Cofundadora e atua como Diretora Jurídica, Administrativa e Comercial da Portal Telemedicina

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