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Posições cirúrgicas: Indicações, cuidados e melhores práticas

9 min. de leitura

As posições cirúrgicas são fundamentais no sucesso de diversos procedimentos médicos. Elas possuem o papel de facilitar o acesso do cirurgião à área a ser operada e ainda garantem a segurança e o conforto do paciente durante a cirurgia. Neste post, você encontrará tudo o que precisa saber sobre as principais posições cirúrgicas, suas indicações, riscos associados e boas práticas para um posicionamento seguro.

O que são posições cirúrgicas e por que são importantes?

As posições cirúrgicas consistem no posicionamento do paciente na mesa de cirurgia, adaptado às necessidades do procedimento. Uma posição correta pode:

  • Melhorar o acesso do cirurgião à área operada;
  • Prevenir complicações, como lesões nervosas ou úlceras de pressão;
  • Otimizar o fluxo sanguíneo e a ventilação pulmonar do paciente;
  • Garantir maior segurança e conforto durante o procedimento.

 

tabela com as oito posições cirúrgicas

Principais posições cirúrgicas e suas indicações

1. Posição supina (Decúbito dorsal)

O paciente deve ser posicionado deitado de costas, com as pernas estendidas, sendo essa posição indicada para cirurgias abdominais, cardíacas, torácicas, de cabeça e pescoço. Durante o procedimento, é essencial adotar cuidados adequados, como o uso de colchões para prevenir lesões por pressão.

2. Posição prona (Decúbito ventral)

O paciente deve ser posicionado de bruços, o que é indicado para cirurgias na coluna, região lombar e glútea. Durante o procedimento, é importante monitorar a face e as vias aéreas, além de evitar compressão torácica para garantir a segurança e o bem-estar do paciente

3. Posição lateral (Decúbito lateral)

O paciente deve ser posicionado deitado de lado, com apoio no tronco e nos membros, sendo essa posição indicada para cirurgias pulmonares, renais e ortopédicas. Durante o procedimento, é necessário tomar cuidados como a proteção do braço inferior e o alinhamento adequado da coluna para garantir a segurança e o conforto do paciente.

4. Posição de trendelenburg

Nesta posição o paciente deve ser colocado com o corpo inclinado, de forma que a cabeça fique mais baixa que os pés, posição indicada para cirurgias pélvicas e laparoscópicas. Durante o procedimento, é essencial evitar a compressão do diafragma e monitorar a pressão intracraniana para garantir a segurança do paciente. A posição  recebe esse nome em homenagem ao cirurgião alemão Friedrich Trendelenburg que a descreveu.

5. Posição de trendelenburg reversa

O paciente deve ser posicionado com o corpo inclinado, de forma que os pés fiquem mais baixos que a cabeça, o que é indicado para cirurgias gástricas e de cabeça e pescoço. É importante garantir uma fixação segura para evitar qualquer deslocamento durante o procedimento.

6. Posição litotômica (Dorso sacral)

O paciente deve ser posicionado deitado de costas, com as pernas elevadas e flexionadas, posição indicada para cirurgias ginecológicas, urológicas e proctológicas. Durante o procedimento, é fundamental prestar atenção às articulações e aos nervos das pernas para evitar complicações.

7. Posição fowler (Sentada)

O paciente deve ser posicionado semi-sentado, com as costas apoiadas e os joelhos dobrados, posição indicada para cirurgias de crânio, ombro e tórax. É importante garantir uma estabilização adequada do paciente para evitar quedas durante o procedimento.

8. Posição de canivete (Kraske ou jackknife)

O paciente deve ser posicionado com o corpo em uma posição angular, com os quadris elevados, sendo essa posição indicada para cirurgias anorretais. Durante o procedimento, é essencial monitorar a pressão sobre o abdômen para evitar complicações.

Cuidados essenciais no posicionamento cirúrgico

  1. Preparar o ambiente: Certifique-se de que a sala esteja devidamente equipada com apoios e dispositivos de proteção.
  2. Treinamento da equipe: Garantir que todos os envolvidos compreendam as técnicas e cuidados necessários para cada posição.
  3. Monitorar a segurança do paciente: Proteger áreas vulneráveis, como nervos, articulações e pele.
  4. Priorizar o conforto: O paciente deve estar confortável antes da sedação.
  5. Evitar riscos de complicações: Inspecionar regularmente os dispositivos de suporte para evitar falhas.

Leia também: Medicina do futuro

Riscos e complicações comuns

Embora seguir as posições cirúrgicas pareça ser uma tarefa simples, existem riscos e complicações associados à aplicação inadequada das mesmas. Os principais são:

  • Lesões nervosas: Compressões podem causar parestesia ou fraqueza temporária/permanente.
  • Úlceras de pressão: Especialmente em pacientes de longa duração cirúrgica.
  • Comprometimento respiratório: Certas posições, como a prona, podem impactar a ventilação.

Dica: O uso de colchões especiais, cintos de segurança e suportes ajustáveis pode reduzir significativamente esses problemas.

O que é a escala de ELPO e sua importância no posicionamento cirúrgico?

A escala de ELPO (Escala de Lesão por Pressão em Posicionamento Operatório) é uma ferramenta utilizada para avaliar o risco de lesões por pressão decorrentes do posicionamento do paciente durante a cirurgia. Seu objetivo é prevenir complicações ao identificar áreas vulneráveis do corpo que podem sofrer compressão prolongada.

Como funciona:

  • Pontuação: A escala avalia fatores como tempo de cirurgia, tipo de posição adotada, condições de saúde do paciente e uso de superfícies de suporte.
  • Ações preventivas: Pacientes com pontuação alta demandam maior atenção, incluindo acolchoamento extra e mudanças na posição sempre que possível.

Importância:
Utilizar a escala permite que a equipe médica tome decisões informadas para reduzir o risco de lesões, como úlceras de pressão e lesões nervosas, especialmente em procedimentos longos.

 

Como tomar a melhor decisão sobre a posição cirúrgica ideal?

Escolher a posição cirúrgica correta é um processo que envolve:

  • Tipo de cirurgia: Certas posições, como a trendelenburg ou a decúbito lateral, são fundamentais para garantir o acesso à área operada.
  • Condição do paciente: Idade, peso, doenças pré-existentes (como problemas respiratórios ou neurológicos) devem ser considerados.
  • Recursos disponíveis: Equipamentos de posicionamento, acolchoamento e monitoramento contínuo.
  • Duração do procedimento: Cirurgias mais longas exigem maior planejamento para prevenir lesões por pressão ou restrição circulatória.

A equipe multidisciplinar (cirurgiões, anestesistas e enfermeiros) deve discutir esses fatores para alinhar segurança e eficácia.

Saiba mais: Telecirurgia

Cirurgia por robô pode ser feita em qualquer posição?

Com a popularização da cirurgia robótica, entender suas aplicações nas posições cirúrgicas tornou-se essencial.

Características da cirurgia robótica:

  • Flexibilidade: Robôs como o Da Vinci permitem ajustes em várias posições, como supina e decúbito lateral, mantendo alta precisão no controle dos instrumentos.
  • Desafios: Certas posições podem limitar o alcance ou exigem ajustes nos braços robóticos. Além disso, posicionar o paciente de forma estável evita interferências na movimentação do robô.
  • Benefícios: Robôs auxiliam na realização de procedimentos minimamente invasivos, mesmo em posições complexas, com menor risco de complicações pós-operatórias.

Limitações:
Nem todas as posições são ideais para cirurgias robóticas. Em casos de difícil acesso, métodos tradicionais podem ser mais indicados.

Tecnologias e inovações em posições cirúrgicas

O avanço tecnológico está transformando o posicionamento cirúrgico. Mesas inteligentes, dispositivos robóticos e softwares de monitoramento estão ajudando equipes médicas a:

  • Reduzir erros humanos;
  • Aumentar a precisão no posicionamento;
  • Garantir maior conforto e segurança para os pacientes.

Diferenciais para clínicas e hospitais

Oferecer um ambiente cirúrgico moderno e alinhado às melhores práticas de posicionamento pode:

  • Aumentar a satisfação dos pacientes;
  • Melhorar os resultados pós-operatórios;
  • Reduzir custos relacionados a complicações;
  • Fidelizar profissionais de saúde pela segurança no ambiente de trabalho.

Conclusão

Dominar as técnicas de posições cirúrgicas é essencial para profissionais da saúde. Além de garantir o sucesso dos procedimentos, esse conhecimento pode prevenir complicações e otimizar os cuidados ao paciente.

Ao explorar os tópicos aqui apresentados, você estará pronto para atuar com excelência em um dos aspectos mais críticos da prática cirúrgica. Se você é estudante ou profissional de saúde e busca mais conteúdos atualizados como este, explore nossa biblioteca na Portal Telemedicina.

Redação

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