A medicina preditiva é uma prática contemporânea que surgiu a partir dos avanços científicos e tecnológicos dos últimos tempos. O conceito está diretamente vinculado ao estudo genético, ao uso da tecnologia e a projeções para o futuro da saúde.
O desenvolvimento de uma nova forma de fazer medicina começou com estudos inovadores sobre a genética, como o Projeto Genoma Humano, iniciado ainda na década de 90.
Desde então, importantes descobertas sobre o DNA e a crescente aplicação de tecnologia na área da saúde, permitiram romper barreiras da medicina curativa e ir além da medicina preventiva.
Neste conteúdo, inicialmente falamos sobre as diferenças desses três tipos de abordagens médicas. Em seguida, explicamos como a medicina preditiva e a tecnologia estão construindo o futuro com uma nova realidade para os serviços de saúde.
Quando a prática médica ainda estava totalmente voltada para o tratamento e a cura, falar sobre a possibilidade de evitar o desenvolvimento de doenças foi inovador.
A medicina preventiva levantou a possibilidade de evitar o adoecimento e o avanço de alguns quadros clínicos com ações relativamente simples.
Era a primeira vez que hábitos de higiene e de vida, como a alimentação, o tabagismo, e a prática regular de atividades físicas, eram diretamente vinculados ao aparecimento de doenças.
Outra mudança de padrão proveniente desta abordagem foi o desenvolvimento de políticas públicas e privadas para a promoção da saúde. Com a medicina preventiva a avaliação individual do paciente também ganhou força.
Essa avaliação acontece, principalmente, com a análise de resultados clínicos para investigar a predisposição e potencial de desenvolvimento de doenças.
É justamente nesse ponto que a medicina preditiva agrega e avança de forma inovadora ao permitir avaliar as chances de desenvolvimento de doenças futuras em nível fenótipo. Para isso, são realizados testes genéticos.
Em 1990, foi lançado formalmente pelo Departamento de Energia dos EUA e seus Institutos Nacionais de Saúde o Projeto Genoma Humano. A iniciativa previa uma pesquisa de aproximadamente 15 anos para criar sequências e mapear os genes humanos.
O esforço conjunto de diversos países que aderiram ao estudo possibilitou que em 2003, dois anos antes do previsto, o projeto fosse concluído. Naquele momento o grupo anunciou a decodificação de 99% do genoma humano.
Com o mapeamento e reconhecimento dessas estruturas, foi possível aprofundar cientificamente o estudo da genética para diagnosticar de forma precoce possíveis alterações nos genes.
A identificação dessas alterações permitiu realizar análises preditivas de predisposição a doenças e instituir uma nova abordagem médica: a medicina preditiva.
O estudo da genética humana para trabalhar de forma preditiva deixou ainda mais clara a importância do diagnóstico precoce, tanto na melhoria da resposta terapêutica quanto na cura de doenças.
A predição permite que o profissional da saúde faça um acompanhamento próximo e trabalhe com prevenção e tratamentos mais assertivos.
Atualmente, já é possível identificar a predisposição genética familiar de alguns tipos de câncer como o de próstata e o de mama. Nos dois casos, o tratamento precoce aumenta consideravelmente o percentual de cura.
A medicina preditiva também é relevante na identificação, ainda durante a gestação do bebê, da ocorrência de síndromes por alterações cromossômicas. O mesmo ocorre com doenças raras que podem ser identificadas mais rapidamente através de estudos genéticos.
Nesses dois últimos casos, o diagnóstico precoce antecipa as necessidades do paciente e possibilita a indicação adequada de terapias que melhoram a convivência com a doença ao longo da vida.
Listamos algumas doenças e síndromes cujo diagnóstico precoce é essencial ao tratamento e à qualidade de vida do paciente:
A discussão ética, legal e social foi uma das bases do desenvolvimento do Projeto Genoma Humano. O tema foi trabalhado paralelamente aos estudos científicos por um grupo formado exclusivamente para isso, denominado Ethical, Legal, and Social Issues (ELSI).
Desde então, muitos debates foram abertos em torno do tema com diferentes enfoques: o impacto das descobertas genéticas, como atuar frente à predição de uma doença grave, o papel das instituições públicas e privadas, entre outros tantos.
É natural que novas descobertas e avanços tão significativos em uma área como a da saúde gere debates. A tecnologia está quebrando paradigmas sociais importantes e as questões éticas são fundamentais para uma adaptação social saudável.
A medicina preditiva também pode ser denominada em alguns campos científicos como medicina genômica, por sua origem e base. Ambos conceitos estão vinculados diretamente ao avanço tecnológico que permitiu a abertura de um novo campo na área médica.
O desenvolvimento do ecossistema de saúde digital, ou saúde 4.0, é essencial no fortalecimento das práticas preditivas, através do estudo genético do paciente. Por isso, esta abordagem é um dos pilares do futuro da medicina.
Falar em futuro, porém, não pode deixar o tema distante da realidade. O estudo da genética está presente na medicina atual e vem sendo amplamente aplicado em diferentes contextos.
Além dos testes feitos em nível genótipo, através do DNA, o uso de dispositivos tecnológicos tem sido um forte aliado da medicina preditiva.
Um exemplo interessante é a utilização de chips e outros aparelhos que, acoplados ao corpo, mensuram frequência cardíaca e pressão arterial. Em níveis mais avançados, também já se utilizam roupas inteligentes que realizam esse trabalho.
A inteligência artificial é outro recurso indispensável para a prática de predição. A análise eficiente e ágil de dados permite obter resultados confiáveis para tomar decisões mais assertivas.
Essa assertividade também resulta na redução de custos, financeiros e humanos, pois evita a realização de procedimentos, internações, exames e tratamentos desnecessários.
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