Quem pensa que a medicina se trata apenas de diagnosticar e tratar patologias não poderia estar mais enganado. Embora o exercício da profissão não aconteça sem essas duas atividades, o atendimento humanizado vem ganhando cada vez mais espaço nos debates da área da saúde. Mesmo antes da pandemia de Covid-19 — que teve grande impacto sobre a classe médica, mas também afetou a forma como os pacientes se relacionam com seus profissionais de confiança —, pesquisas já apontavam que o atendimento humanizado é o principal critério de escolha na hora de buscar assistência médica.
Quer saber mais sobre essa prática que beneficia tanto os pacientes quanto os profissionais da saúde? Acompanhe este artigo e entenda o que é a medicina humanizada, seus desafios e as principais tendências desse tipo de atendimento.
A pessoa que busca atendimento médico ou um serviço de saúde está, normalmente, com alguma insatisfação, seja dor, preocupação ou apenas a suspeita de uma patologia. É de se imaginar que o paciente busque, além de um diagnóstico e de uma terapia, o acolhimento e atenção por parte dos profissionais que irão fazer o acompanhamento. Essa é a proposta da medicina humanizada: olhar para os pacientes de modo a vê-los como pessoas, além da patologia que possam apresentar.
Essa proposta, que parece simples, faz toda a diferença para os pacientes. Desde o instante em que passam pela porta da clínica ou do consultório, eles querem ser ouvidos. Em casos de diagnósticos confirmados, sejam eles fáceis de tratar ou mais graves, os pacientes buscam na figura do médico a segurança e o apoio de que precisam para lidar com a situação.
Por meio da medicina humanizada, as necessidades do paciente ocupam, portanto, o primeiro lugar. Isso não depende apenas dos médicos, e perpassa toda a equipe que interage com quem busca atendimento — recepcionistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, e tantos outros profissionais que atuam nessa área.
A humanização da saúde começou a ser implantada no Brasil a partir de uma iniciativa do Ministério da Saúde, em 2000, que se baseou em experiências com resultados positivos no exterior. O principal objetivo da implementação dessa proposta foi mudar a cultura do sistema de saúde, buscando colocar o paciente no centro de todo o atendimento.
Hoje, por influência da internet, é muito comum que os pacientes se encontrem angustiados, preocupados e com medo dos piores diagnósticos compatíveis com os sintomas que apresentam.
Por isso, o atendimento humanizado importa, desde a forma como é recebido na clínica até o contato com o médico generalista ou especialista. Durante a consulta, mais do que a queixa principal, a medicina humanizada preza pela atenção aos outros sintomas e sentimentos que o paciente relate.
A proposta da medicina humanizada é simples na teoria, mas, na prática, pode ser mais difícil do que parece. Atender a um paciente não é apenas ouvir seu relato e anotar ou digitar tudo em um prontuário, mas sim realmente escutá-lo, tentar entender suas queixas, dores e preocupações.
Em entrevista ao jornal Estado de Minas, a professora Izabel Rios, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explica que os desafios para o atendimento humanizado passam pela formação de professores até a prática médica nos hospitais, com a integração entre alunos de diferentes áreas e até mesmo entre funcionários que não estão ligados diretamente à área da saúde.
Segundo ela, a escola médica é muito ancorada em uma tradição tecnicista, que coloca o paciente em uma posição passiva. No entanto, o paciente é um sujeito ativo, que tem protagonismo, e é isso que a medicina humanizada tenta inserir na formação e na prática da medicina.
Essa mudança na forma de atuação dos médicos também traz seus impactos aos profissionais. No cenário da pandemia, a sobrecarga de trabalho se agravou de maneira exorbitante, mas, mesmo em situações de mais normalidade, quem atua na área se vê diante de muito trabalho e pouco tempo para dar conta de todas as atividades. Isso pode tornar a atividade médica muito mecanizada, de modo que o profissional faz atendimentos “no automático”.
Celmo Celeno Porto, médico defensor do atendimento humanizado, incentiva a modernização da medicina para que os profissionais possam dedicar mais tempo, energia e engajamento às atividades no desenvolvimento de uma relação positiva com os pacientes. Em entrevista à Rádio CBN, ele afirma que é possível pensar em uma medicina tecnológica, que coloca o paciente no centro de sua prática.
No entanto, isso depende da alfabetização digital e tecnológica dos profissionais. De acordo com o estudo Clinician of the future: a 2022 report, realizado pela Elsevier Health em parceria com a Ipsos, o domínio das ferramentas digitais será o principal diferencial no mercado nos próximos 10 anos e mais de metade dos entrevistados (56%) diz que acredita que a maioria das decisões clínicas serão baseadas em inteligência artificial.
Quantos procedimentos burocráticos são feitos por pessoas, mas poderiam ser “terceirizados” para máquinas e inteligência artificial? Hoje, as inovações tecnológicas permitem que os profissionais se concentrem em atividades que não podem ser realizadas de forma automatizada, enquanto todo o trabalho de caráter mecânico é desenvolvido de forma computadorizada e automática. Na medicina, isso não é diferente, e a inserção da tecnologia é uma das principais tendências da área.
Isso é de grande apoio para o desenvolvimento da medicina humanizada. Por exemplo: com uma plataforma para o agendamento de consultas, a rotina do médico fica mais livre para que ele possa estar diretamente com os pacientes, ao invés de passar tanto tempo organizando agenda e encaixando atendimentos. O processo também se torna mais ágil, transparente e simplificado para as duas partes envolvidas, médico e paciente.
Outro recurso que pode conferir mais rapidez e simplicidade aos atendimentos é a prática da telemedicina. Já regulamentada no Brasil, essa opção pode ser uma ferramenta poderosa para otimizar os atendimentos de baixa complexidade, permitindo que médicos alcancem pacientes que vivem em regiões remotas (onde, de outro modo, não encontrariam atendimento especializado) e que cada vez mais pessoas tenham acesso a um acompanhamento de qualidade.
Desde a pandemia de Covid-19, o que se percebe é que a adoção de tecnologias, inteligência artificial e processos automatizados deixaram de ser uma tendência para se tornar uma opção que veio para ficar no campo da medicina.
Resta aos profissionais da área da saúde se atualizarem cada vez mais para que possam inserir esses recursos no dia a dia e encontrarem maneiras de otimizar o tempo, colocando sempre o paciente no centro do atendimento. Dessa forma, a relação médico-paciente se fortalece, e assim será possível criar uma dinâmica de acolhimento e confiança — essencial à prática da profissão e que faz toda a diferença para quem busca ser ouvido, compreendido e ajudado.
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