Requisitos como segurança e custos de implantação são os mais relevantes para quem lida com uma enorme quantidade de dados hospitalares e clínicos. O desafio então é entender as vantagens e possibilidades de utilizar as soluções em nuvem para guardar e otimizar o uso das informações geradas pela instituição e como a tecnologia pode ser integrada à rotina hospitalar.
A seguir, traremos os principais pontos a respeito do cloud computing na saúde para que gestores possam compreender os benefícios dessa inovação em relação aos métodos tradicionais de armazenamento de arquivos. Também vamos apresentar os modelos de nuvem mais usados e as principais empresas que oferecem soluções para o setor.
As vantagens da adoção de sistemas em nuvem, tanto do ponto de vista de negócios quanto em relação a otimização de processos são várias. O cloud computing traz maior segurança e agilidade no acesso aos dados, além de redução nos custos em infraestrutura e atendimento sob demanda. Vamos especificar cada um dos benefícios:
Este é o ponto principal e que gera as maiores dúvidas. Por isso, vamos começar analisando o método “tradicional” de armazenamento de dados, ainda bastante utilizado em muitos hospitais brasileiros: os data centers (CPDs) e servidores internos. A ideia de usar hardwares próprios para guardar informações administrativas e clínicas pode até passar a impressão de maior segurança, pois se imagina que não há ninguém melhor para cuidar das informações estratégicas e importantes do que a própria empresa que as utiliza. Mas acredite: os dados estão realmente mais seguros na nuvem do que no servidor do hospital. E vamos explicar o por quê:
Por mais seguro que pareça o espaço onde está localizado o CPD, com senhas para autorizar a entrada de pessoas, câmeras de monitoramento e alguns firewalls anti-hackeamento do sistema, os servidores internos ainda são muito mais expostos a invasões e outros problemas de armazenamento que aqueles na nuvem.
Isso porque, todos os recursos utilizados pelo provedor dos serviços de nuvem – como criptografia de ponta a ponta, autenticação segura, anonimização, monitoramento e etc – recebem muito mais investimento do que qualquer solução individual que uma organização possa contratar ou criar. Além disso, os arquivos ficam em diversos servidores, o que protege os dados contra ataques virtuais e incidentes físicos, como incêndios ou inundações, e qualquer falha de segurança pode ser rapidamente detectada e corrigida, atualizando instantaneamente o sistema para os usuários.
Outro questionamento em relação à segurança trata-se de acreditar que na solução em nuvem os dados podem ser vistos por terceiros. Mas, de acordo com os fornecedores das soluções isso também não acontece. Quem administra as permissões dos usuários dentro do servidor é a empresa contratante, e o acesso só é fornecido a quem for necessário.
Existem também legislações específicas que regulam como dados médicos sensíveis devem ser tratados. Entre elas citam-se as normatizações da HIPPA (nos EUA), as resoluções do Conselho Federal de Medicina no Brasil (nº 1.638/2002 e nº 1.639/2002) e o conjunto de normas internacionais Health Level 7 ou HL7, produzido pela Health Level Seven International.
Hoje, os mais importantes serviços de computação em nuvem, especialmente os oferecidos para grandes organizações, são extremamente protegidos e atualizados regularmente para evitar o acesso indevido ou o comprometimento dos dados. Também vale lembrar que a expertise dos provedores destas soluções já vem sendo aprimorada desde que a ideia começou a ser implementada há vários anos.
Uma das grandes vantagens do cloud computing é o compartilhamento de informações entre os gestores e também entre o corpo clínico. Tudo isso sendo feito de uma forma mais estruturada, reduzindo riscos de extravio de documentos médicos e administrativos.
Há ainda a facilidade do acesso remoto. A mobilidade dos dispositivos tornou imperativo o acesso de dados em qualquer local. O armazenamento em nuvem, em um servidor on-line, permite acessá-los a qualquer momento, trazendo uma série de vantagens para médicos e administradores.
Com todas as informações na nuvem, pode-se também usufruir das vantagens do Big Data na saúde. Havendo uma base rica de dados, aliada à facilidade de acesso a qualquer tempo e local, fica mais fácil e ágil o processo de cruzamento e análise de dados para estabelecer possíveis padrões e gerar insights para a instituição.
Neste quesito, podemos destacar duas vertentes importantes:
Conhecidos os benefícios do cloud computing, agora é preciso entender os modelos de nuvem que podem ser aplicados e, assim, optar pelo que melhor se encaixa na sua gestão hospitalar e nas soluções digitais já utilizadas pelo hospital, como a telemedicina, por exemplo. Cada tipo de serviço e método de implantação de nuvem disponibiliza diferentes níveis de controle, flexibilidade e gerenciamento. São quatro os modelos principais:
É o modelo no qual toda a infraestrutura de servidores é contratada como serviço, para fazer o hosting de uma ou mais aplicações. O cliente paga pelo seu uso. Essa infraestrutura é, normalmente, fornecida por um grande data center e os servidores são virtuais. Ou seja, o hospital contrata capacidade de hardware (número de servidores virtuais, quantidade de dados armazenados e trafegados, memória e processamento). A cobrança é baseada no serviço de infraestrutura, sendo possível adquirir mais de acordo com a demanda.
A infraestrutura é fornecida por meio de um ambiente online privado, provendo acesso apenas aos servidores da empresa, garantindo a segurança de dados. O gerenciamento dos dados se assemelha muito com o que já é feito internamente, com a diferença que não é necessário dispor da estrutura física de armazenamento e, claro, com mais segurança e escalabilidade.
Neste modelo, além da infraestrutura disponibilizada, é possível contar com uma plataforma para desenvolvimento de aplicações oferecidas na nuvem, personalizando-a para a instituição. Assim, a implementação se torna mais simples e diminui a complexidade do projeto, já que o modelo de plataforma oferece recursos necessários para o desenvolvimento de aplicações, tornando-a disponível via web.
É o modelo mais simples e um dos mais utilizados atualmente. As aplicações já estão prontas para diferentes usos – como os laudos online à distância – e são disponibilizadas na nuvem pelos provedores. Utiliza-se das vantagens de compartilhamento do cloud computing para facilitar o acesso a um grande número de usuários, que podem fazê-lo via browser ou até mesmo por um aplicativo disponibilizado pelo provedor.
No Saas é possível adquirir mais ou menos aplicações de serviços, de acordo com o aumento ou diminuição da demanda. Esse modelo é praticado por empresas que comercializam o software como produto final – e não o ambiente e/ou plataforma como nos outros modelos.
É a opção que hoje traz menor custo agregado, pois é uma maneira de se chegar a um uso de nuvem ” sem servidor” (serverless) para a criação, uso e gerenciamento de micro-serviços. Em um sistema FaaS, as funções devem começar em milissegundos para permitir o tratamento de pedidos individuais. Essa é a principal diferença em relação ao PaaS, que continua sendo executado por um longo período de tempo e lida com múltiplos pedidos. Assim, no FaaS os serviços são cobrado por tempo de execução da função, enquanto no PaaS cobra-se por tempo de execução do segmento em que o aplicativo do servidor está sendo executado.
Podemos destacar como sendo as principais soluções em cloud computing para organizações:
Por fim, é necessário considerar que, para usufruir dos benefícios da computação na nuvem, hospitais, clínicas, laboratórios e outros estabelecimentos de saúde precisam qualificar suas equipes de TI para esse sistema. É preciso contar com pelos menos um especialista em cloud computing no time interno, pois somente assim a tecnologia poderá ser gerenciada com eficiência, segurança e economia e atender as expectativas da instituição.
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