A mastologia, uma especialidade médica dedicada ao estudo e tratamento das doenças da mama, desempenha um papel fundamental na saúde da mulher.
Com o avanço da tecnologia e a crescente adesão dos profissionais de saúde e pacientes à telemedicina, estamos testemunhando amplas transformações nas práticas de algumas especialidades médicas, entre elas a mastologia.
Neste artigo, vamos discutir como a telemedicina está transformando essa área da medicina, garantindo avanços tanto no sistema público de saúde quanto no privado.
Para compreender o impacto da telemedicina na mastologia, é importante começar com uma visão geral da especialidade em si.
A mastologia envolve o estudo das mamas e o tratamento de uma ampla variedade de condições, desde problemas benignos como cistos e fibroadenomas até condições mais sérias, como o câncer de mama — tipo de tumor que mais mata mulheres no Brasil.
A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz dessas condições são cruciais para a saúde das mulheres.
Historicamente, a mastologia era uma especialidade que exigia a presença física do paciente para exames clínicos e a interpretação de exames de imagem, como a mamografia. No entanto, com a chegada das soluções de telemedicina, essa dinâmica vem mudando rapidamente.
A teleconsulta, consulta médica realizada à distância por meio de videoconferência, vem se tornando uma ferramenta valiosa nas práticas da mastologia, assim como de outras especialidades da saúde.
Isso permite que pacientes de regiões distantes ou com acesso limitado a médicos especializados tenham a oportunidade de consultar um mastologista de forma conveniente e eficaz.
Imagine uma paciente que mora em uma área rural, longe de um centro médico especializado em mastologia. Antes da telemedicina, ela teria que enfrentar longas viagens para consultar um especialista, o que poderia ser desgastante e demorado.
Agora, com a teleconsulta, ela pode se conectar com seu médico via vídeo, discutir seus sintomas, receber orientações e até mesmo mostrar áreas específicas das mamas, se necessário, sem sair de casa.
Isso não apenas melhora a acessibilidade ao atendimento, mas também permite um acompanhamento mais consistente e frequente, o que é fundamental para a detecção precoce de problemas mamários.
A telemedicina é, muitas vezes, associada exclusivamente à prática da teleconsulta, mas ela não se resume a isso.
Outro braço da telemedicina que é muito importante na mastologia é o telediagnóstico. Por meio dessa abordagem, exames de imagem, como mamografias, podem ser enviados eletronicamente para especialistas analisarem e interpretarem.
Isso elimina a necessidade de o paciente levar pessoalmente os filmes de mamografia ao médico e agiliza consideravelmente o processo de diagnóstico.
A importância do telediagnóstico é particularmente evidente no contexto do câncer de mama. O diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de cura, e qualquer atraso na interpretação de exames de mamografia pode ter sérias consequências.
Com o telediagnóstico, os resultados podem ser obtidos e compartilhados de forma mais rápida e eficiente, permitindo que as pacientes iniciem o tratamento o mais cedo possível, se necessário.
Confira aqui como funciona o laudo de mamografia feito à distância.
Além das vantagens da teleconsulta e do telediagnóstico, a Inteligência Artificial (IA) também está exercendo um papel significativo na mastologia. Algoritmos avançados podem analisar exames de imagem com precisão e rapidez, auxiliando os médicos no diagnóstico e na identificação de áreas de interesse.
A IA pode destacar potenciais anomalias nas mamografias, permitindo que os especialistas concentrem sua atenção em áreas que merecem uma avaliação mais detalhada.
Isso não apenas acelera o processo, economizando tempo valioso, mas também reduz o risco de erros humanos na interpretação de alterações sutis em imagens complexas.
Um estudo sueco publicado na The Lancet, em agosto de 2023, apontou que um algoritmo de IA foi capaz de tornar a triagem de mamografias mais eficiente, elevando em 20% a detecção do câncer de mama e facilitando o trabalho de radiologistas. A pesquisa foi feita com mais de 80 mil mulheres e encontrou também uma taxa de redução de 44% na carga de trabalho de leitura dos exames.
No Brasil, uma pesquisa sobre o tema também foi destaque recentemente. O estudo foi realizado pela empresa Portal Telemedicina em parceria com a Rede São Camilo SP e Instituto Eldorado e resultou em uma solução tecnológica para melhorar o diagnóstico e o tratamento oncológico.
Usando Inteligência Artificial, a solução aumenta a precisão ao detectar nódulos cancerígenos precocemente em exames de imagem como raio-x, tomografia. Saiba mais sobre essa inovação brasileira neste outro artigo dedicado ao tema.
Por fim, é importante citar o impacto da telemedicina nos sistemas de saúde como um todo. Em muitos países, os sistemas de saúde enfrentam desafios complexos, como a escassez de profissionais especializados em determinadas áreas da medicina.
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2023, estudo da Universidade de São Paulo (USP), a razão de médicos por 1.000 habitantes na região Norte do país é de 1,45, enquanto o sudeste possui uma taxa de 3,39.
A telemedicina oferece uma solução para esses problemas, reduzindo a distância entre especialistas qualificados e pacientes. Isso ajuda a reduzir a desigualdade na distribuição geográfica desses profissionais, um problema grave e identificado especialmente em países de dimensões continentais como o Brasil.
Tudo isso é particularmente relevante no contexto da saúde pública, onde o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz podem reduzir os custos e melhorar os resultados a longo prazo.
Ao tornar a mastologia mais acessível, a telemedicina contribui para a equidade no acesso aos cuidados de saúde e para a redução das disparidades na saúde de mulheres inseridas em diferentes realidades socioeconômicas.
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