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CID F20 – Esquizofrenia: Tudo para pacientes e profissionais da saúde

8 min. de leitura

mulher com cotovelos apoiados, chorando e sendo consoladaO CID F20 é o código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) que corresponde à esquizofrenia, um transtorno mental grave e crônico que afeta pensamento, emoções, percepção e comportamento. Reconhecer os sintomas e compreender os tratamentos é essencial para médicos, familiares e pacientes, garantindo diagnóstico precoce e melhor qualidade de vida.

Neste artigo, exploramos sintomas, subtipos, diagnóstico, tratamento, diferenças entre CID-10 e CID-11, protocolos clínicos e a importância do apoio familiar e da telemedicina.

O que é CID F20?

O CID F20 designa a esquizofrenia, um transtorno psicótico caracterizado por alterações profundas na forma como a pessoa interpreta a realidade. Os sintomas mais comuns incluem:

 

  • Delírios (crenças falsas fixas, como perseguição ou controle externo).
  • Alucinações (ouvir vozes, ver ou sentir coisas sem estímulo real).
  • Pensamento desorganizado, resultando em discurso incoerente.
  • Sintomas negativos, como isolamento, falta de motivação e apatia.

A esquizofrenia compromete a autonomia, o convívio social e a capacidade funcional, sendo considerada uma doença psiquiátrica grave que exige acompanhamento contínuo.

Subtipos da Esquizofrenia no CID F20 (CID-10)

O CID-10 classifica a esquizofrenia em diferentes subtipos. Veja o resumo abaixo:

Código CID Subtipo Características Principais
F20.0 Esquizofrenia Paranoide Delírios de perseguição, alucinações auditivas.
F20.1 Esquizofrenia Hebefrênica Comportamento infantilizado, fala incoerente, emoções inadequadas.
F20.2 Esquizofrenia Catatônica Alterações motoras: imobilidade, rigidez ou agitação intensa.
F20.3 Esquizofrenia Indiferenciada Sintomas que não se encaixam em outros subtipos.
F20.4 Depressão Pós-Esquizofrênica Sintomas depressivos após episódio esquizofrênico.
F20.5 Esquizofrenia Residual Sintomas negativos predominantes após crises agudas.
F20.6 Esquizofrenia Simples Progressão lenta de sintomas negativos, sem surtos psicóticos claros.
F20.8 Outras Esquizofrenias Formas atípicas ou raras.
F20.9 Esquizofrenia Não Especificada Quando não é possível definir o subtipo.

CID-10 x CID-11: Quais as diferenças?

O CID-11, em vigor desde 2022, atualizou a classificação da esquizofrenia. Agora, em vez de múltiplos subtipos, ela é descrita como um espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.

Essa mudança reflete o entendimento atual da psiquiatria: os sintomas variam em intensidade e evolução, não sendo estáticos em um único subtipo.

Para médicos, isso reforça a importância de avaliar dimensões de sintomas (positivos, negativos, cognitivos e motores) em vez de apenas classificar em categorias rígidas.

 

Leia também: CID F40

Sintomas característicos do CID F20

A esquizofrenia apresenta sintomas divididos em dois grandes grupos:

Sintomas Positivos (excesso de funções psíquicas)

  • Delírios de perseguição, grandeza ou controle.
  • Alucinações auditivas (vozes comentando ou dando ordens).
  • Pensamento desorganizado e discurso incoerente.
  • Agitação ou comportamento catatônico.

Sintomas Negativos (perda ou redução de funções psíquicas)

  • Embotamento afetivo (falta de expressão emocional).
  • Isolamento social e retraimento.
  • Redução da fala (alogia).
  • Falta de motivação (avolição).

Diagnóstico do CID F20

O diagnóstico deve ser realizado por médicos psiquiatras, com base em protocolos clínicos:

  • Anamnese detalhada, com histórico do paciente e familiares.
  • Observação direta de comportamento e discurso.
  • Exclusão de outras condições (depressão, bipolaridade, intoxicações).
  • Exames complementares: ressonância magnética, tomografia e EEG para descartar causas orgânicas.

Critérios diagnósticos são definidos pela CID-10 e pelo DSM-5, com duração mínima de 6 meses de sintomas característicos.

Tratamento do CID F20

O tratamento da esquizofrenia é multidisciplinar, envolvendo:

  1. Medicamentos Antipsicóticos
    • Típicos: haloperidol, clorpromazina.
    • Atípicos: risperidona, olanzapina, quetiapina, clozapina (casos resistentes).
  2. Psicoterapia e Apoio Psicossocial
    • Terapia cognitivo-comportamental (TCC).
    • Terapia ocupacional.
    • Grupos de apoio para pacientes e familiares.
  3. Reabilitação e Telemedicina
    • Consultas online para monitoramento.
    • Adesão facilitada ao tratamento.
    • Redução de deslocamentos e maior acesso a especialistas.
  4. Hospitalização
    • Indicada em crises agudas, risco suicida ou agressividade.

Acompanhamento e monitoramento

O acompanhamento médico contínuo é essencial para ajuste dos medicamentos, monitoramento dos efeitos colaterais e suporte integral. A adesão ao tratamento diminui o risco de recaídas e hospitalizações.

Direitos e benefícios dos pacientes com CID F20

No Brasil, pacientes diagnosticados com esquizofrenia têm direito a:

  • Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), em casos graves.
  • Aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença.
  • Acesso a medicamentos gratuitos via SUS.
  • Inclusão em programas de reabilitação psicossocial.

A importância do apoio familiar

O apoio da família é um dos pilares do tratamento. Estudos mostram que pacientes com esquizofrenia que têm acompanhamento familiar apresentam:

  • Maior adesão ao tratamento medicamentoso.
  • Redução de recaídas e hospitalizações.
  • Melhor integração social.
  • Redução do estigma e isolamento.

Famílias devem ser orientadas a acolher sem julgamento, incentivar consultas médicas e participar de grupos de apoio.

A telemedicina e o CID F20

A telemedicina tem revolucionado o cuidado dos transtornos psiquiátricos, incluindo o CID F20, oferecendo:

  • Acesso rápido a especialistas, especialmente para pacientes em regiões remotas.
  • Consultas online para avaliação, orientação e monitoramento dos sintomas.
  • Facilidade na emissão de laudos, ajustes de medicação e encaminhamentos.
  • Apoio psicológico e terapias à distância, possibilitando continuidade do tratamento com menor deslocamento.
  • Integração multidisciplinar entre psiquiatras, psicólogos e equipes de apoio, promovendo cuidado integral.

Aspectos relevantes para médicos e profissionais de saúde

Indicadores clínicos para encaminhamento

  • Persistência de sintomas psicóticos por mais de 1 mês.
  • Déficits funcionais (trabalho, estudo, autocuidado).
  • Alterações graves de comportamento ou linguagem.

Escalas de avaliação da gravidade

Ferramentas padronizadas auxiliam no diagnóstico e acompanhamento:

Escala Finalidade Pontos avaliados
PANSS Positive and Negative Syndrome Scale Sintomas positivos, negativos e gerais
BPRS Brief Psychiatric Rating Scale Sintomas psiquiátricos gerais
SANS Scale for the Assessment of Negative Symptoms Avaliação dos sintomas negativos
SAPS Scale for the Assessment of Positive Symptoms Avaliação dos sintomas positivos

Relação com distúrbios auditivos e neurológicos

Alterações auditivas ou neurológicas podem confundir o diagnóstico e devem ser investigadas.

Avanços tecnológicos

  • Softwares de treinamento cognitivo.
  • Jogos digitais para estimulação da memória e atenção.
  • Plataformas de telemedicina para monitoramento contínuo.

Condutas em casos de comorbidades

  • Síndromes genéticas: individualizar medicação e acompanhamento.
  • Comorbidades neurológicas: integração entre psiquiatria e neurologia.
  • Dependência química: abordagem conjunta com especialistas em adições.

Conclusão

O CID F20 representa um diagnóstico complexo e desafiador, mas com avanços terapêuticos e acompanhamento adequado, pessoas com esquizofrenia têm condições de viver com qualidade. Conhecer os subtipos, sintomas e condutas médicas, além de contar com o suporte da telemedicina, é essencial para melhorar o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz.

Redação

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